Um ano depois do lançamento no Facebook, o My Social Project, plataforma dedicada ao voluntariado, reúne cerca de três mil voluntários, mais de 280 instituições e dez empresas. Em entrevista, o presidente da iniciativa defende que esta rede capaz de “inspirar a aproximação das pessoas e das empresas às causas sociais”, demonstra bem a “capacidade incrível” que Portugal tem “para se mobilizar por uma causa”, principalmente em tempos de crise
Se representa uma causa e precisa de apoios para concretizar o seu projecto ou se, pelo contrário, é um gestor com sentido de Responsabilidade Social que procura projectos compatíveis com a actuação da sua empresa, ou ainda, se é uma pessoa motivada para exercer voluntariado que não encontra projectos adequados ao seu perfil, “entre nesta rede”. É assim, com esta ambição de aproximar os elos que desencadeiam a acção, que o My Social Project (MSP) se apresenta: uma plataforma “user-friendly, atractiva e dinâmica dedicada ao voluntariado que reúne as necessidades das causas das IPSS, associações, grupos e movimentos de acção social, com o compromisso de Responsabilidade Social das empresase a solidariedade dos voluntários. “Aproximar as pessoas” é o desígnio desta rede que quer “mobilizar Portugal para o voluntariado”, e que conta, no mês em que assinala um ano de actividade, com três mil voluntários, mais de 280 instituições e dez empresas entre os seus membros. Co-financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o projecto sem fins lucrativosnasceu numa página no Facebook, a partir “do trabalho e do empenho” de vinte jovens voluntários. Conscientes do potencial das novas tecnologias e da capacidade de mobilização e solidariedade dos portugueses, a equipa fez crescer a rede e divulgou a plataforma, por exemplo, numa conferência realizada em Julho, na qual o Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, manifestou o seu apoio às causas desta causa. Hoje o MSP reúne um Conselho Consultivo constituído por personalidades de vários quadrantes, que trazem ao projecto “massa crítica que nos ajuda na construção dos valores do voluntariado”, dispõe de um call center que presta apoio aos voluntários, às organizações sociais e às empresas, e está a firmar parcerias com câmaras municipais, para divulgação do projecto através de mupis espalhados por vários concelhos do país. Em entrevista ao VER, Pedro Bártolo, presidente da Associação My Social Project, sublinha a importância de “envolver de forma criteriosa o maior número possível de parceiros, nomeadamente na área social”, numa iniciativa que “mais do que ser uma plataforma, tenta sensibilizar e inspirar as pessoas para o voluntariado”. Quanto ao envolvimento das empresas no MSP, Pedro Bártolo adianta que “para além de doações, as empresas procuram maioritariamente acções pontuais promovidas por instituições, em que os seus colaboradores se possam integrar”. Acresce que “se o contacto entre instituições e voluntários dentro da rede se faz de uma forma quase autónoma, o contacto entre empresas e instituições requer, na maioria das vezes, que acompanhemos mais de perto a relação que se estabelece”, conclui.
Como surgiu a ideia de criar esta plataforma e quais foram as motivações, no actual contexto socioeconómico, que levaram ao empenho de um grupo de amigos voluntários neste projecto dedicado à procura e oferta de mão-de-obra solidária? Qual é a dinâmica desta rede social “user-friendly e dinâmica” que cruza as necessidades das instituições com o compromisso de Responsabilidade Social das empresas e a solidariedade dos voluntários? Mais do que uma mera Bolsa de Voluntariado, o My Social Project tem por principal desafio tornar-se numa rede que “funciona como um mercado”. Esta interacção directa entre instituições, empresas e voluntários é o elemento distintivo do projecto? Essencialmente, e porque acreditamos na capacidade de mobilização dos portugueses e no potencial das novas tecnologias, ambicionamos mobilizar três áreas para a concretização de projectos sociais: Pessoas, Empresas e Causas. Um ano depois do arranque do projecto, o MSP reúne cerca de três mil voluntários, mais de 280 instituições e dez empresas. Que balanço faz deste primeiro ano de actividade, e que relevo têm os jovens para a dinamização deste projecto que nasceu numa página criada no Facebook? Os voluntários são, sobretudo, jovens entre os 20 e os 25 anos, que apostam no voluntariado dentro da sua área de formação académica, como uma pequena experiência profissional. Como é hoje constituída a equipa do MSP, cujo ‘núcleo duro’ partiu da vontade de um grupo de jovens com experiência no voluntariado e visão do potencial que as redes sociais têm para a mobilização em massa para uma causa? Que projecção traz ao projecto, ao nível da sua credibilidade, um Conselho Consultivo composto por personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa, o pe. Lino Maia e vários líderes de grandes empresas? E de que modo contribuiu também o apoio manifestado em Julho pelo ministro Pedro Mota Soares para esse reconhecimento? No âmbito da conferência que realizámos em Julho de 2012, o Ministro da Solidariedade e da Segurança Social apelou aos portugueses para que fizessem um ‘like’ no My Social Project, “por um país mais solidário”, associando-se assim à divulgação do projecto. Para além dessa conferência, desde o lançamento do MSP desenvolveram um call center que presta apoio a voluntários, organizações e empresas, e estão a estabelecer parcerias com Câmaras Municiais para a divulgação do projecto. Em que medida é necessário envolver parceiros a diversos níveis, para conseguir uma mobilização efectiva, e a adequação do trabalho voluntário às necessidades reais das instituições nas causas em que actuam? Estamos actualmente a ser apoiados pela Fundação Calouste Gulbenkian que, sendo uma referência, nos ajuda a atingir os objectivos do projecto e a garantir a sua sustentabilidade. Outro exemplo é a parceria que temos com a Echiron, que nos presta todo o suporte do call center e faz algumas actualizações na rede. Quais são as áreas de intervenção mais procuradas por voluntários e empresas, e que tipo de instituições (e de que zonas) procuram voluntários nesta rede?
As empresas, por outro lado, procuram maioritariamente acções pontuais que permitam integrar os respectivos colaboradores, como a remodelação de espaços e as angariações de fundos. Dentro da rede, são várias as necessidades das instituições – depende dos projectos que têm e das suas áreas de intervenção. Há organizações que procuram voluntários que possam dar um apoio regular num trabalho mais administrativo, tecnológico, de back office; outras têm necessidade de voluntários que disponibilizem algum do seu tempo para acompanhar e ajudar os seus próprios beneficiários, nomeadamente idosos; existem ainda as que precisam de apoio em acções pontuais, como feiras, angariações de fundos ou organização de eventos. Várias destas organizações têm obtido resposta no MSP aos respectivos pedidos que elaboraram. É o caso, por exemplo, dos Leigos para o Desenvolvimento, onde uma jovem esteve a realizar trabalho administrativo; ou de várias associações, que receberam a colaboração de diversos voluntários através da nossa rede, os quais prestam apoio regular às crianças e aos idosos que as mesmas acolhem ou beneficiam – como a Associação Resgate e a Associação Coração Amarelo. De sublinhar ainda, entre outros, o exemplo dos voluntários que integraram a última edição do Green Fest; dos voluntários associados a instituições específicas e de um grupo de voluntários da GasTagus que integrou uma formação promovida pela CAIS. As instituições que mais procuram voluntários na rede são da Grande Lisboa, de pequena dimensão, e desenvolvem trabalho de proximidade com a comunidade local. Para além do trabalho voluntário, o MSP funciona também como uma plataforma para realizar doações em géneros às instituições. Como se processam estas doações e qual é o envolvimento das empresas em toda a dinâmica de voluntariado e angariação da plataforma? Uma vez feita essa ponte, o contacto processa-se directamente entre a empresa e a instituição, embora haja sempre um acompanhamento da equipa do My Social Project. Tivemos, por exemplo, a doação de 2500 livros por parte de uma empresa inscrita na rede a cinco instituições, a doação de um cabaz de electrodomésticos e a doação de um trem de cozinha, entre outros bens. Para além de doações, as empresas procuram também envolver-se em acções pontuais promovidas por instituições, em que os seus colaboradores se possam integrar. Se o contacto entre instituições e voluntários dentro da rede se faz de uma forma mais autónoma e, muitas vezes, sem que a intervenção da nossa equipa seja necessária, já o contacto entre empresas e instituições requer, na maioria das vezes, que acompanhemos mais de perto a relação que se estabelece, e que apoiemos ambas as entidades no que for necessário. Defende que “Portugal tem uma capacidade incrível para se mobilizar por uma causa” e que “em tempos de crise, os portugueses são mais solidários”. No difícil contexto que o País atravessa, quais são as perspectivas de crescimento do MSP para 2013, ao nível de membros e de projectos? Os objectivos passam por mobilizar mais e melhores voluntários e ajudar as empresas com as suas políticas de Responsabilidade Social. Para isso temos algumas acções, muito interessantes, planeadas para 2013, e que divulgaremos oportunamente. |
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Jornalista