POR SÉRGIO PEREIRA
A Internet assume-se como a maior revolução do último século. A larga difusão do seu acesso, na senda do fenómeno da globalização, veio trazer todo um novo universo de possibilidades, tanto para os consumidores, cujo acesso à informação em muito contribuiu para o aumento da literacia a vários níveis, como para as empresas, que passaram a usufruir de uma comunicação ultrarrápida e da possibilidade de desenvolverem processos mais sofisticados. “Evolução” e “Internet” conjugam-se assim na perfeição. Porém, há sectores ainda renitentes a esta mudança, nomeadamente na área financeira, para a qual a questão da transparência levanta dúvidas substanciais.
A regulação e supervisão do sistema financeiro são temas quentes na actualidade. Muitos são os exemplos, em Portugal, onde se levanta a questão da transparência na banca: relembrem-se os casos do BES, do BPN, a queda do Banif e agora até o alarido em torno da (supostamente segura) Caixa Geral de Depósitos. Com casos de corrupção, fraude e endividamento excessivo a dominarem o panorama financeiro português, alguma mudança teria de se gerar.
O crédito malparado é igualmente uma consequência de muitos anos de gestão irresponsável na área financeira, com todas as repercussões políticas e sociais que origina. Como em todos os sectores, existem sempre alturas de revolução. No caso da área financeira, estamos a falar do aparecimento de novos players e negócios no mercado que aproveitam os tempos actuais para gerarem disrupção: é o caso de plataformas online de comparação de serviços financeiros, como o ComparaJá.pt; de startups no âmbito das Fintech, aquela que parece ser a indústria mais promissora do futuro; o aparecimento de novos mediadores financeiros; ou da criação de softwares de gestão financeira que facilitam a vida das PME. Para além de originarem transparência, permitem ainda que os consumidores poupem e/ou retirem mais partido dos seus produtos financeiros.
[quote_center]O Big Data veio para ficar: cada vez mais, todas as áreas da nossa vida expostas na Internet vão servir para traçar um perfil comportamental[/quote_center]
A estes novos players acresce também um conjunto de serviços que adaptam o mundo financeiro à realidade online dos nossos dias. De acordo com o estudo BASEF Internet Banking da Marktest, o Internet banking triplicou nos últimos treze anos com o número de utilizadores dos serviços bancários através da Internet a atingir 34.5% dos residentes em Portugal Continental.
Dentro das operações financeiras realizadas online salienta-se o homebanking, que permite aos utilizadores gerirem a sua conta (consultarem o saldo, fazerem transferências, pagarem compras ou serviços e até abrirem uma conta-poupança) através do computador ou do smartphone. Também nos métodos de pagamento há novidades para além dos cartões de crédito: por exemplo, o Google Wallet Card e a Apple Pay, que resultaram de parcerias entre estas gigantes e as instituições financeiras. Acrescem os sistemas de pagamento EasyPay e Paypal. Para os que já raramente ligam o computador fora do emprego e tratam de tudo através do telemóvel ou do tablet, chegou o MB Way. Os assíduos nas compras online beneficiam ainda da segurança do MB NET.
A caixa de Pandora está aberta. O Big Data também veio para ficar: cada vez mais, todas as áreas da nossa vida expostas na Internet, nomeadamente através das redes sociais e até daquilo que pesquisamos no Google, vão servir para traçar o nosso perfil comportamental e permitir às instituições financeiras tomarem decisões sobre a concessão de crédito. O dinheiro digital (veja-se o caso da bitcoin) e os bancos virtuais que possibilitam a realização de transacções através da Internet estão a difundir-se.
Todos estes meios de pagamento e novos negócios na área financeira, associados ao boom da Internet, vêm permitir uma gestão financeira mais responsável, tanto para consumidores (B2C), como para as próprias instituições financeiras (B2B). Funcionam como uma estrada com dois sentidos: são mecanismos que, por um lado, incentivam os consumidores a desejarem estar mais informados e, por outro, obrigam as instituições financeiras a serem mais transparentes e a adaptarem-se a este admirável mundo novo.
Tudo é possível no universo digital: incitar os consumidores a informarem-se para fazerem melhores escolhas implica que as instituições financeiras têm de ser mais cautelosas na gestão responsável do dinheiro dos seus clientes. Acaba por se gerar assim uma pressão ética na banca, que trará consigo um efeito de responsabilidade social na medida do impacto (gigantesco) do sistema financeiro na sociedade. Esta é uma evolução positiva e contínua que não ficará por aqui.
Director-geral e fundador do ComparaJá.pt