No momento que hoje vivemos, onde as oportunidades no mercado português escasseiam, fala-se cada vez mais da disponibilidade para encarar desafios profissionais fora de Portugal. Se, por um lado, os destinos da Europa são os mais apetecidos, quer pela proximidade quer pelo nível de vida, o Brasil e alguns países de África começam a ganhar peso, não só pela questão da língua, mas também pelo crescimento dos seus mercados. Neste último aspecto, a Ásia é o continente onde as perspectivas são mais animadoras, o que faz de destinos como a China, a Índia ou Singapura verdadeiras ‘geografias do talento’
Cada vez mais os profissionais do nosso mercado são confrontados com a Internacionalização, uns por opção, outros por falta dela. Por opção, porque é um objectivo de carreira e portanto é o próprio a procurar essa experiência, quer na empresa onde se encontra, quer em outra. Mas quando se trata de procurar a internacionalização por falta de opções no mercado de origem, então os cuidados devem ser redobrados. Em qualquer dos casos existe um conjunto de aspectos a ter em conta. Um dos aspectos importantes no processo de internacionalização é ter consciência do que significa, na prática, sair de um mercado, país, cultura que se domina para enfrentar uma realidade normalmente desconhecida. Os países são como as empresas, cada um tem a sua cultura e especificidades. Por isso, não se deve subestimar o processo de integração e, por inerência, há que perceber a flexibilidade e a capacidade de adaptação que a pessoa tem demonstrado ao longo da sua vida. Ir para onde, e fazer o quê? No caso de ser uma internacionalização dentro da empresa onde actualmente se trabalha, este aspecto é mais fácil. Ainda assim é importante identificar um país, empresa ou função com os quais exista alguma afinidade, por forma a garantir não só uma boa adaptação e integração, mas também que a pessoa tem capacidade de se diferenciar nesse mercado. Porque é que uma empresa num mercado que não é o seu de origem, o deve contratar a si e não a outra pessoa? Conhecer os mercados É difícil procurar trabalho à distância e, nste aspecto, o contacto pessoal é ainda importante. Assim, investir numa viagem ao destino para poder in locco conhecer o mercado e dar-se a conhecer é fundamental. Essa viagem deve ser bem planeada, com uma agenda concreta, para garantir que se consegue reunir (ou conversar) com as pessoas mais relevantes no processo. Como conhecer o mercado local e arranjar esses contactos? Uma vez mais o networking é muito importante, se associado às redes sociais que hoje em dia facilitam em muito o acesso a pessoas que não se conhece directamente. Acima de tudo há que encarar estes processos com calma, não esquecendo que têm de ser bem sucedidos quer ao nível profissional quer ao nível pessoal. Por exemplo, é importante fazer uma mudança gradual no caso de se tratar de uma família – ir primeiro a pessoa que consegue o trabalho, ver como as coisas correm e como se adapta, e estando confirmadas as expectativas, levar o resto da família. Outro aspecto que deve estar presente quando se pensa na internacionalização é o regresso. Sabendo que é difícil prever a volta, não há como apostar numa função ou carreira que contribua para o crescimento profissional, consolidando e desenvolvendo novas competências. Desafios lá fora, oportunidades cá dentro
O que muitas vezes acontece é que mais facilmente de decide ir para fora, do que realmente se tentam procurar oportunidades em Portugal. Enfrentar o desconhecido é mais apetecível do que lutar num ambiente que já conhecemos. Pode ser verdade, mas o que acontece é que o ambiente desconhecido também reserva muitas surpresas, nem todas elas agradáveis. Quem toma a decisão de se mudar para outro país tem que antecipar essas surpresas, ou essas barreiras. Só desta forma poderá evitar ou diminuir alguma frustração ou desalento que possa vir a sentir mais tarde. Os aspectos legais e administrativos, como o visto de trabalho, o processo de procura propriamente dito (como identificar oportunidades, como chegar a uma fase de entrevista, etc.), e a adaptação ao novo mercado, custo de vida, como e quando voltar, como se adapta a família (a que vai e a que fica), são temas suficientemente relevantes que devem ser analisados no processo de tomada de decisão. Sair do país para ir trabalhar para fora exige uma grande persistência, resiliência e capacidade de auto-motivação, nomeadamente acreditar que se vai conseguir, apesar de todas as dificuldades que possam aparecer ao longo do caminho. Por outro lado, é fundamental a capacidade de adaptação e flexibilidade no sentido de detectar e ser capaz de aproveitar as oportunidades que possam surgir. Encontrar um novo desafio profissional num mercado diferente, não é tão fácil como parece. Assim, quando um profissional não está completamente convencido se será uma boa decisão acho que vale a pena responder à pergunta: será que fiz tudo o que podia para encontrar uma alternativa profissional em Portugal?
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Valores, Ética e Responsabilidade