Os tempos que se avizinham convidam-nos a abraçar este renovado objetivo – sermos catalisadores de mudanças positivas, espalharmos alegria e encarnarmos a essência da esperança. Comprometamo-nos a ser melhores versões de nós próprios, promovendo uma cultura de empatia e renovação não só dentro da nossa organização, mas também nas comunidades mais alargadas que servimos
POR PATRÍCIA LIZ
Ao refletirmos sobre as provações e conquistas de 2023, torna-se evidente que este ano foi um testemunho de transformação, resiliência e adaptação. No meio de uma miríade de acontecimentos, que levou a um registo mais defensivo por parte dos players do imobiliário, destaca-se um marco em particular – a aquisição da Predibisa pela Savills. Este negócio não só reformulou o panorama imobiliário do Porto, como também ilustrou um farol de esperança e possibilidade em tempos desafiantes.
Enquanto CEO da Savills, gerir a integração de todas estas pessoas na nossa empresa tem sido uma jornada desafiante. A aquisição da Predibisa não foi apenas um negócio, foi a fusão de dois legados, cada um deles com uma história distinta no setor imobiliário, que deu origem a uma nova entidade e expandiu a nossa família em Portugal para mais de 160 pessoas. No Porto mais especificamente, passámos de uma equipa de 6 para 35 pessoas, um crescimento que acarreta tanto a responsabilidade e racionalidade de encontrar as estratégias de crescimento mais adequadas, como a emoção de testemunhar uma evolução natural impulsionada pelos talentos notáveis dos nossos mais recentes membros.
Adotar uma visão que integre todos os pressupostos inerentes a uma gestão eficaz deste tipo de processos leva o seu tempo. É, no entanto, uma fonte de aprendizagem e inspiração do presente que poderá ser replicada no futuro, pois integrar pessoas é muito mais do que um simples processo corporativo. É mais do que uma simples adição. É uma equação que combina múltiplos fatores que vão para além do domínio profissional. Gerir emoções, gerir a dúvida, os receios de mudança e a imaginação ilimitada das pessoas, tem tanto de fascinante, como por vezes de desconcertante.
Mas é aí que reside o encanto, o de nos abrirmos ao próximo e sermos capazes de chegar a todos e a cada um, despirmo-nos de nós e das nossas ambições individuais e termos uma só ambição, a prosperidade e o bem comum. Fazer da complexidade de todo este emaranhado de emoções e decisões, o ato simples de construir.
Falando em emoções, recordo a que mais me impactou neste ano, no meio de todo o este frenesim em que procurámos constantemente dar o nosso melhor e de repente perceber que tudo se apaga num instante – uma perda irreparável de um colega que nos era muito querido mostra-nos o quanto efémeros somos, e como tantas preocupações comezinhas se desvanecem e se tornam insignificantes.
Depois do embate, da revolta, das lágrimas, recompomo-nos porque a vida tem de seguir e pela convicção de que o Rui estará num lugar melhor. Ficou também gravado na minha memória a amizade e compaixão que existe na nossa equipa, a proximidade com que nos apoiámos uns aos outros e a força e serenidade, em cada um de nós, por saber que não está de todo sozinho.
É por tudo isto que ao imaginar o futuro, vejo a nossa equipa como uma unidade coesa, navegando confiante numa viagem repleta de oportunidades e de aprendizagens que dignificam a nossa existência. Nesta época festiva, ainda que vejamos um mundo cheio de controvérsias, olhemos para um horizonte repleto de esperança. Esperança num futuro em que a bondade prevaleça, em que estender uma mão amiga se torne uma segunda natureza e em que o nosso empenho no autoaperfeiçoamento seja canalizado para o bem comum.
Os tempos que se avizinham convidam-nos a abraçar este renovado objetivo – sermos catalisadores de mudanças positivas, espalharmos alegria e encarnarmos a essência da esperança. Comprometamo-nos a ser melhores versões de nós próprios, promovendo uma cultura de empatia e renovação não só dentro da nossa organização, mas também nas comunidades mais alargadas que servimos.
À medida que nos aproximamos da época festiva, o significado destes valores aumenta. O Natal tem uma capacidade única de despertar a nossa alegria e compaixão, levando-nos a realizar mudanças profundas através de atos de bondade que encontrem nem que seja uma ínfima semelhança àquele Menino que veio ao mundo e nos dá o verdadeiro sentido do Natal. Afinal o que é aquilo que damos, por muito que procuremos dar, perto do que nos foi dado e que celebramos todos os anos no dia 25 de Dezembro: a vinda do menino Jesus que nos traz uma esperança que não acaba.
Patrícia Liz
CEO na Savills Portugal, Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral da APEMIP e Membro da Direção Executiva da ACEGE