Nas autarquias, nas empresas, nas famílias e, principalmente no Estado, ser rigoroso e ter as contas em dia são imperativos das “pessoas de bem”, para a “boa gestão” e para a “excelência do exemplo”
POR DAVID ZAMITH

Pobreza. O Porto falou alto e mostrou-se com o exemplo agregador  consciências de revolta em que a grande maioria dos portugueses vive, ou sobrevive! O novo dono da Camara do Porto, e a sua equipa, vão ter muito trabalho para satisfazer as expectativas dos muitos portuenses, atolados na pobreza, e que seguiram o candidato: foram muitos os apoiantes oriundos de bairros sociais, ou a viver nas inúmeras “ilhas” que existem no Porto, e que viram nas suas palavras simples, directas, plenas de seriedade, falando verdade, desde o slogan “O Nosso Partido é o Porto” até às “Contas à Moda do Porto”, numa verdadeira lição a todo o País e mostrando que podemos ter esperança, já que há caminho!

A propósito e como afirmou Rui Rio, e muito bem, “Essa ideia de que ter as finanças em ordem é mau porque paralisa a cidade é uma ideia quase antipatriótica“, ironizou. “Com o país neste estado, querer continuar a bater com a cabeça na parede revela um problema de inteligência” que ele diz não ter. “Mal cheguei, procurei pôr as contas em ordem“, explicou.

Nas autarquias, nas empresas, nas famílias e, principalmente no Estado, ser rigoroso e ter as contas em dia são imperativos das “pessoas de bem”, para a “boa gestão” e para a “excelência do exemplo. O que nos têm vindo a “vender” deu o resultado de pré-falência em que Portugal continua, e infelizmente vai continuar, e transformou o país numa Caverna de Pobreza assustadora, injusta e degradante aos olhos da dignidade humana. É visível, durante o dia e principalmente durante a noite do Porto, onde a fome se instala na cidade e, felizmente, são muitas as organizações e os voluntários que, de forma humana e solidária ajudam a mitigar este problema. A Pobreza tem cara e não é escondendo-a que resolvemos o problema. Pelo contrário é tempo de a pôr na Primeira Linha das Prioridades.

Prioridades locais, porque sabem onde estão os problemas e prioridades nacionais para a governação criar os meios que chegam ao apoio local, através dos que sabem, como um exemplo, simples mas muito grande, do Senhor Padre Jardim Moreira, responsável portuense pelo combate à Pobreza através da Rede Europeia contra a Pobreza (EAPN – The European Anti-Poverty Network).A realidade portuguesa é sermos hoje três milhões de portugueses atolados na problemática da Pobreza; é uma vergonha e um imperativo nacional combater este flagelo.

Pró-Emprego. Intimamente ligado ao flagelo da pobreza está o desemprego, e também aqui é nas autarquias que muito se pode fazer, desde um plano criador de Parques Empresariais – terrenos não faltam -, apostados no empreendedorismo, nas micro, pequenas e médias empresas, numa acção de criação de meios para uma “pesca à linha” de novos projectos e ideias. O tempo mudou, a Europa está mal, e hoje o emprego tem de se resolver através de múltiplas acções, numa renovada aposta na indústria e na criação de novas unidades de pequena dimensão (dos artefactos à alta tecnologia) e de empresas industriais e de serviços. Temos uma universidade de excelência, bem como centros tecnológicos, que estão a ancorar o apoio tecnológico a muitas empresas. Assim, a ligação da comunidade autárquica à comunidade da ciência e do saber tem que ser uma prioridade (leiam as recomendações de Michael Porter, no passado ou, mais recentemente, do Instituto Fraunhofer).

A experiência empresarial do novo dono da Câmara do Porto, aliado à sua posição de Presidente da “Associação Comercial do Porto“, coração secular do empreendedorismo e das elites empresariais nortenhas, são o fermento para uma nova visão de desenvolvimento do Norte e do País, apostando no valor social que são a esquecida indústria, o comércio e os serviços, como pilares fundamentais para um novo modelo económico-social.

O Senhor D. Manuel Clemente “sentiu” e “viveu” por dentro dos problemas da cidade do Porto e não foi por acaso que, aquando da recente homenagem das forças vivas da cidade afirmou, “Levo para Lisboa o Porto, porque Portugal precisa de ser um Grande Porto, em todos os sentidos da palavra”!

As Ditaduras dos Partidos. Dir-me-ão que somos “anjinhos” ao pensar que os partidos, com fortíssima responsabilidade no estado de Falência Nacional a que chegamos, numa organizada ditadura de lugares e interesses, pelo seu tráfico de influências, como uma nova e moderna plataforma de corrupção, onde quase se matam por um lugar, irão de futuro mudar e tornarem democrática a ditadura dos partidos actual? Pois, nós somos “anjinhos” mas damos a cara, a cara pela força da cidadania, e pensamos, como o provam algumas das novidades eleitorais de clara “Mensagem Nacional”, que a nova força são os cidadãos. Só através de acções construtivas dos cidadãos, do Porto, de Portugal ou da Europa, se poderá ver que essa nova força, levantando-se do conforto do seu sofá e participando, conseguirá pôr um travão e fazer recuar essa ditadura dos partidos que a todos nos têm usado, em benefício próprio!

Será através do poder local, através de eleições de Pessoas, elementos locais que conhecem o terreno, e não importando “estrangeiros“, que nada conhecem da realidade local e que são impostos por essa Ditadura dos Partidos, que podemos modificar o estado actual vicioso, ganhando todos finalmente.

Proposta. Para dar o exemplo, é tempo de vermos em acção o cumprimento eleitoral pela reforma do Parlamento, para um máximo 180 Deputados, conforme anunciado mas esquecido, bem como a reforma estrutural ao nível dos gastos inerentes à nossa “Casa da Democracia Portuguesa”!

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ACEGE - Núcleo do Porto