Viver e cuidar de familiares com demências e doenças cerebrovasculares é um desafio difícil e desgastante. Na maioria dos casos, os cuidadores deixam de ter vida própria, sendo obrigados a dedicarem-se a tempo inteiro aos seus. Foi para dar resposta a este complexo problema que nasceu o Projecto Cuidar de Quem Cuida, que espera vir a ter uma rede de cerca de 400 cuidadores informais
Em Junho de 2009 nasce, na região entre Douro e Vouga, o projecto Cuidar de Quem Cuida, que visa “aliviar” e formar cuidadores de idosos que sofrem da doença de Alzheimer ou de situações incapacitantes resultantes de pós-AVC. Em entrevista, a Dra. Madalena Malta, Directora Técnica e Pedagógica do CASTIIS (Centro de Assistência Social à Terceira Idade e Infância de Sanguêdo) e a entidade promotora do Projecto, explica as linhas mestras deste programa de sucesso cujo objectivo desejável seria a sua replicação em todo o país. Quando e como surgiu a ideia do projecto Cuidar de Quem Cuida? Tendo sido diagnosticada a crescente incidência da doença de Alzheimer e das situações de pós-AVC na região Entre Douro e Vouga (EDV) e a consequente necessidade de desenvolver respostas sociais e de saúde direccionadas para a maximização do bem-estar do doente e, sobretudo de quem dele cuida, nasceu o Projecto Cuidar de Quem Cuida, em Junho de 2009, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Social da Plataforma Supra Concelhia desta região, e que prolongar-se-á por um período de quatro anos. Que população serve o projecto e, aproximadamente, quantos são os beneficiários do mesmo? Até ao momento, foram abrangidos pelo Projecto 110 cuidadores informais (9 dos quais homens), com idades compreendidas entre os 22 e os 84 anos, através dos Grupos Psico-educativos. Realizaram-se até à data 13 grupos psico-educativos, oito para cuidadores de doentes de Alzheimer e cuidados para cuidadores de pessoas em situação de pós-AVC. Prevê-se que até ao final do Projecto sejam abrangidos cerca de 400 cuidadores informais. Que linhas de acção estão integradas no projecto? Linha 1. Grupos Psico-educativos de Apoio aos Cuidadores Informais: grupos de intervenção psico-educativa para cuidadores informais de doentes de Alzheimer e para situações de pós-AVC, nos cinco municípios. Estes têm como principais objectivos ajudar na compreensão da doença, sensibilizando para a importância do auto-cuidado. Ainda nesta linha de intervenção, encontram-se a decorrer três Grupos de Ajuda Mútua, sendo esta uma resposta de continuidade após o término do programa de intervenção psico-educativa, com o intuito de atenuar a percepção subjectiva de abandono, por parte dos cuidadores, pela possibilidade de partilha e percepção de ajuda mútua. Linha 2. Bolsa de Cuidadores com Formação Avançada: criação de uma bolsa de profissionais com formação avançada na área da prestação de cuidados a pessoas em situação de pós – Acidente Vascular Cerebral e com Doença de Alzheimer. A finalidade é criar a oportunidade de contratação destes recursos por parte dos cuidadores informais. Neste momento, esta linha encontra-se em fase de operacionalização, pelo que ainda não há registo de cuidadores abrangidos. Contudo, têm sido crescentes as solicitações dos cuidadores informais e o interesse manifestado pelos cuidadores formais. Linha 4. Diagnóstico dos Serviços Descanso ao Cuidador – soluções de internamento temporário: Em cada município, foi realizado um diagnóstico de respostas de descanso ao cuidador, junto das entidades das áreas social e da saúde. Paralelamente, pretende-se compreender a utilização de respostas de alívio e os factores que impelem ou condicionam esta mesma utilização. Está ainda a ser realizado um estudo, no sentido de se obter um perfil mais apurado dos cuidadores de idosos dependentes da região EDV. Como se processa a “integração” entre cuidadores e “cuidados”? O Projecto assegura também o transporte dos cuidadores informais e dos receptores de cuidados para as sessões dos grupos psico-educativos e sessões de estimulação, respectivamente, permitindo que cuidadores de zonas mais periféricas possam beneficiar deste tipo de respostas. Para além disso, evidencia-se a articulação integrada entre profissionais do social e da saúde e o envolvimento das agências locais em todas as linhas de intervenção do Projecto. No que diz respeito à Linha 2, ressalvam-se a verbalização/ registo do reforço, por parte dos cuidadores informais, da necessidade da criação da bolsa de cuidadores formais e o registo de solicitações por parte destes. |
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Editora Executiva