POR SOFIA SANTOS
O ambiente corporativo que se fez sentir nestes eventos foi marcado pela predominância de homens vestidos de escuro, com uma média de idades a rondar os 50 anos, por uma ausência de simplicidade no trato e por uma presunção provinciana relativa ao facto de podermos estar perto destas pessoas “tão importantes”. No entanto, toda esta elite cai por terra quando estas pessoas tão importantes (às quais nem todos podem ter acesso) se colocam à disposição para responderem a perguntas da audiência, e o silêncio impera. Como é possível que esta elite não tenha perguntas a fazer a estas pessoas? Como é possível que não sintam vergonha em não saber fazer perguntas? Ou ainda, como é possível viverem num marasmo em que lhes é indiferente fazer, ou não fazer, perguntas? Como é possível crescer num país em que a audiência destes momentos está mais relacionada com a presença física dos presidentes das empresa e dos VIPs portugueses, do que com os oradores das conferências? Sinceramente: não sei. Só sei que sinto tristeza por ver pessoas com poder desligadas dos sentimentos que nos fazem humanos; por ver pessoas amorfas à novidade e ao futuro; por ver o sistema bloqueado à inovação e à criatividade e apenas desejar “yes men” (no sentido literal de homens que dizem sempre sim).
Por tudo isto, afirmo convicta que a alma corporativa portuguesa está doente, a definhar e a ignorar por completo o País em que os seus netos viverão. A alma corporativa portuguesa está mais egoísta do que nunca: não evidencia nenhuma preocupação com a vida futura dos seus descendentes, e nem vergonha sente com isso. Afirmo também convictamente que as mulheres poderão contribuir em muito para a mudança desta situação. O futuro e o longo prazo são “inatos” e fazem todo o sentido no pensamento das mulheres. A ligação à vida real e a empatia pela situação do outro é algo natural para a mulher. Pela sua capacidade de ser mãe, a mulher preocupa-se com o futuro e actua com mais facilidade em sintonia com a sua consciência. Tem muito menos vergonha de defender os seus ideais. Uma sociedade desenvolvida e equilibrada é aquela em que existem mulheres presidentes de empresas, mulheres nos conselhos de administração, enfim …. Mulheres com poder para decidir.
Talvez seja esta a simples revolução que este país necessita agora de fazer: atribuir à mulher o poder de decidir.
CEO da Systemic
Não posso concordar mais….e sou homem. Em Portugal impera os formalismos, o status, as cunhas, o amigo do amigo e não a meritocracia, a competência, o sustentável economicamente e socialmente.
Concordo!!
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