Da Cúpula da Terra ao RIO+20, “muito foi conquistado, mas muito resta, ainda, a fazer”. Defendendo o poder da inovação para alcançar um futuro realmente sustentável – por exemplo, nas cidades – a Siemens é uma das presenças obrigatórias na Conferência das Nações Unidas a decorrer no Rio de Janeiro, “onde participa no debate de ideias sobre o papel essencial da tecnologia na construção de uma economia verde” e dinamiza um roadshow que integra uma acção de RS desenvolvida pela empresa em Portugal, como explica ao VER Joana Garoupa
POR GABRIELA COSTA

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© Siemens, SA
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Em pleno Rio +20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que reúne, desde o dia 20 de Junho, um grande número de chefes de Estado e decisores de todo o mundo, e que fica marcada pela ausência de alguns dos chefes de Estado que mais decidem sobre o mundo, a Siemens é uma das empresas que defendem a premência de alcançar o desenvolvimento sustentável para o planeta, já! Contra a ausência de pensamento sustentável, “Podemos agir já”, defende a empresa no mote que escolheu para o grande evento.

Vinte anos passados sobre a ECO-92, ou Cimeira da Terra, a histórica Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento realizada também na cidade brasileira, a Siemens espera que o actual encontro de líderes permita “renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável no futuro”.

A nível mundial, o grupo elegeu uma acção de Responsabilidade Social e Corporativa que a Siemens portuguesa levou a cabo no final do ano passado em Ponte de Rol, uma aldeia próxima de Torres Vedras, para ser partilhada, em formato vídeo, na Conferência das Nações Unidas. O filme foi transmitido no dia 16 de Junho, no âmbito de um roadShow da Siemens sobre Cidades Sustentáveis, a decorrer no Pavilhão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente da UNEP (United Nations Environment Programme). O objectivo, patente na intervenção local realizada, foi “demonstrar de que forma podem as empresas em parceria com os seus colaboradores promover a sustentabilidade social junto das populações”.

Em entrevista ao VER, Joana Garoupa, directora Corporate Communications da Siemens Portugal, sublinha a importância de aplicar o conhecimento e a tecnologia na construção de Cidades Sustentáveis: é que, em apenas vinte anos existirão 1,4 mil milhões de novos habitantes urbanos, alerta.

A Siemens levou ao RIO+20 uma acção de RS desenvolvida pela empresa em Portugal. Porque elegeram esta iniciativa e que balanço faz da sua transmissão em vídeo, a 16 de Junho, ao nível da sensibilização pretendida?
O facto de uma acção da Siemens Portugal ter sido seleccionada entre as centenas de iniciativas de Responsabilidade Corporativa que a empresa desenvolve em todo o mundo é naturalmente motivo de orgulho. Significa que o projecto desenvolvido é de facto diferenciador, na medida do impacto positivo que teve na vida das pessoas de Ponte do Rol, que foi apresentado e elogiado no evento mais importante no mundo dedicado à sustentabilidade.

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Joana Garoupa, directora Corporate Communications da Siemens
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Para além deste filme, que outras acções integra o roadshow sobre Cidades Sustentáveis e o que visa a Siemens ao contar a história da sua contribuição para o desenvolvimento urbano sustentável?
O roadshow Cidades Sustentáveis tem como objectivo comunicar junto de uma audiência altamente empenhada e atenta a todas as questões ligadas à sustentabilidade a contribuição da Siemens para o desenvolvimento urbano sustentável, através de uma visão panorâmica das tecnologias da empresa para as cidades, como as suas soluções para eficiência energética, mobilidade de pessoas e bens e gestão de infra-estruturas.

Estão também disponíveis diversas aplicações para Ipad direccionadas para temas sustentáveis, como o Personal Water Footprint Calculator, todas as edições do Green City Index, um estudo levado a cabo pelo The Economist sobre os níveis de sustentabilidade de mais de 120 cidades em todo o mundo (nas quais se inclui Lisboa e o Porto) e diversos filmes sobre o tema da urbanização.

Que exemplos destaca, entre as soluções e iniciativas que a Siemens desenvolve nesta área das Cidades Sustentáveis?
Mais de metade da população global vive em cidades. Esta proporção vai aumentar para 60% dentro de vinte anos, traduzindo-se num aumento de 1,4 mil milhões de habitantes urbanos. Em resposta a este crescimento, as cidades em todo o mundo terão de investir massivamente na expansão das suas infra-estruturas. Serão necessários parceiros de confiança e com capacidade de investimento – a Siemens preenche estes dois requisitos.

Somos um parceiro activo no crescimento dinâmico das cidades e nos investimentos em infra-estruturas. Para tal, criámos em 2011 um sector de negócio Infrastructure & Cities, ou seja, uma unidade exclusivamente dedicada a estas questões. Esta estrutura é responsável por gerir os negócios globais da empresa referentes a estes dois segmentos de negócio e agrupará as suas competências, a fim de oferecer às cidades soluções sustentáveis para a mobilidade, protecção ambiental e poupança de energia.

A título de exemplo, em Londres a Siemens contribuiu para a modernização das infra-estruturas da cidade, tornando-a energeticamente mais eficiente. Fê-lo através de autocarros híbridos com motores eléctricos que consomem cerca de menos de um terço de gasóleo que os veículos convencionais, parques eólicos offshore (48 turbinas para Gunfleet Sands, 175 turbinas para London Array), e redes eléctricas inteligentes para o transporte e a distribuição da energia.

Já em Berlim, a empresa deu um especial contributo para a cidade ter os edifícios mais eficientes de todas as metrópoles europeias. A cidade de Berlim celebrou uma parceria de poupança de energia com a Siemens. Esta parceria permitiu à cidade alemã poupar mais de cinco milhões de euros em custos de energia e reduzir as suas emissões de CO2 em cerca de 30 mil toneladas por ano (25%);

À escala global, merece realce a presença da empresa em Masdar (Dubai), aquela que será a cidade mais sustentável do mundo. Na área da investigação e desenvolvimento, a Siemens pretende também colaborar com o Instituto Masdar no desenvolvimento de um programa de Investigação de longo prazo para redes eléctricas inteligentes, edifícios inteligentes, e captura e armazenagem de carbono. O que terá expressão em subsídios, bolsas de estudo e programas educacionais para o avanço da economia do conhecimento nos Emirados Árabes Unidos.

Este projecto, que representa o maior investimento global da Siemens numa parceria com uma organização de ciência e tecnologia, prevê ainda o fornecimento por parte da empresa de tecnologias de automação integrada para edifícios, e o desenvolvimento de um conjunto de aplicações de rede eléctrica inteligente de Masdar City para optimizar o consumo de energia da cidade. Ao integrar nas instalações da empresa, em Masdar City, algumas das soluções disponíveis no seu portefólio ambiental, a Siemens pretende que a sua sede regional para a região do Médio Oriente se torne na montra das mais recentes tecnologias de eficiência energética que tem vindo a desenvolver.

E por cá, como vem a Siemens desenvolvendo a sua unidade de Infrastructure & Cities?
Em Portugal, uma das iniciativas da Siemens na área das Cidades Sustentáveis foi a análise da sustentabilidade da cidade do Porto, no âmbito do European Green City Index. A primeira edição deste estudo, datada de 2009, englobou a cidade de Lisboa, que se classificou na 18ª posição. A investigação da performance de cada cidade é feita através da análise de oito categorias – emissões de CO2, energia, edifícios, transportes, água, resíduos e uso de solo, qualidade do ar e política ambiental – e de trinta indicadores individuais, subdivididos quantitativamente e qualitativamente.

Face a este contexto, a evolução do estudo Green City Index a nível nacional teria de passar pela análise da cidade do Porto, uma vez que o desempenho ambiental de Lisboa já tinha sido objecto de investigação. O Porto classificou-se na 12ª posição de uma lista composta por 31 cidades europeias. Destaque para o facto de ter sido distinguido como a cidade europeia com melhor performance energética em edifícios (entre as 31 cidades europeias analisadas em oito categorias de sustentabilidade).

Mais recentemente, a Siemens Portugal patrocinou um ranking das cidades sustentáveis a nível nacional, elaborado por um grupo de trabalho da Inteli, onde 27 cidades nacionais foram analisadas a partir do conceito de ‘smart city’, abarcando as dimensões da Governação, da Inovação, da Sustentabilidade, da Inclusão e da Integração.

Como avalia a empresa os progressos verificados e os obstáculos que ainda se colocam ao compromisso mundial com o desenvolvimento sustentável?
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) é uma oportunidade para analisar o progresso feito desde a primeira Cúpula da Terra, a ECO-92, no Rio de Janeiro, e para renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável no futuro. Muito foi conquistado nos últimos 20 anos, mas ainda resta muito a fazer. No entanto, na Siemens, acreditamos que a inovação também é essencial para o desenvolvimento sustentável. A empresa terá uma presença marcante no Rio+20 da discussão e do debate de ideias na área da sustentabilidade, destacando o papel essencial da inovação e da tecnologia na construção de uma economia verde.

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Vídeo da Acção de Ponte Rol transmitido
no Rio +20
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Internamente, a Siemens assumiu um forte compromisso de reduzir a sua própria pegada de carbono. A empresa estabeleceu como objectivo melhorar a sua eficiência energética e reduzir as emissões de CO2 resultantes da produção em 20% por cento, até ao final de 2011, relativamente às receitas (comparativamente a 2006).

Em 2011, e pela quarta vez consecutiva, voltámos a ser classificados pelo Dow Jones Sustainability Índex como a empresa mais sustentável do mundo no seu ramo de actividade, à frente de empresas como a 3M, General Electric, Toshiba e Thyssen Krupp. O nosso Portefólio Ambiental inclui soluções para, praticamente, todas as áreas da produção, transmissão e consumo de energia (edifícios, indústria e iluminação), assim como tecnologias ambientais para a purificação da água e controlo da poluição do ar.

No ano fiscal de 2011, o Portefólio Ambiental da Siemens gerou receitas no valor de 29 mil milhões de EUR. Ainda no mesmo período, os produtos e soluções da empresa permitiram aos seus clientes em todo o mundo reduzirem as suas emissões em 317 milhões de toneladas – uma quantidade semelhante às emissões anuais de CO2 de Berlim, Deli, Istambul, Hong-Kong, Londres, Nova Iorque, Singapura e Tóquio.

Que balanço faz da estratégia de Responsabilidade Corporativa da Siemens Portugal, levada a cabo há mais de um século?
Desde a fundação da Siemens que a Responsabilidade Corporativa é uma prioridade de gestão da empresa. Naturalmente, esta dinâmica criou um capital de reconhecimento e notoriedade ímpar, que imprime em todas as acções desenvolvidas um cunho de excelência e de inovação.

Como consequência da sua dimensão e abrangência – a empresa está presente em 190 países e emprega mais de quatrocentos mil colaboradores -, a Siemens tem desempenhado um relevante papel como actor social, de onde se destaca o empenho no crescimento sustentado das sociedades onde está inserida, especialmente nas vertentes do ensino, da preservação ambiental e do património ambiental.

O seu compromisso cívico é, em Portugal, coordenado pela Academia Siemens, uma entidade virtual criada para endereçar toda a actuação da companhia no que diz respeito à cidadania corporativa. O seu objectivo principal é contribuir para que a Siemens seja reconhecida pela sociedade como parceira estratégica na responsabilidade social em Portugal.

Como reflexo deste empenho, têm sido desenvolvidas parcerias com associações como a Mão-na-Mão, a Ciência Viva e o Junior Achievement, entre outras. Estas iniciativas são alguns dos projectos que permitem que a empresa cumpra o seu objectivo de apoiar, de forma activa, ética e responsável o fomento da sustentabilidade em todas as suas vertentes.

Fizeram também a requalificação urbana da aldeia de Ponte de Rol, envolvendo voluntariamente 350 colaboradores da Siemens Portugal. O que visou esta iniciativa, no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações?
Ao longo dos últimos sete anos, a comunidade local tem estado envolvida num projecto de recuperação de casas deterioradas, através do qual apenas tem sido possível requalificar uma habitação por ano. Com esta acção, os colaboradores Siemens permitiram que este projecto avançasse cerca de três a quatro anos de uma só vez.

A Siemens estabeleceu como objectivo reduzir as emissões de CO2 resultantes da produção em 20% por cento, relativamente às receitas, até ao final de 2011 .
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A população de 2500 habitantes – dos quais 30% são seniores, com uma idade média de oitenta anos – passou a contar com um novo centro de dia (que apoia mais de mil pessoas por ano) e uma escola primária renovada, que é frequentada diariamente por noventa alunos. Futuramente, esta infra-estrutura irá acolher a nova sede da escola de música e uma sala para idosos, de modo a reforçar o relacionamento entre gerações.

Saliente-se ainda que duas habitações referenciadas pela autarquia local receberam algumas melhorias ao nível interior e exterior, tendo uma delas sido inclusivamente presenteada pela Siemens com a criação de uma horta biológica. Além disso, outras equipas compostas pelos colaboradores da Siemens fizeram entregas domiciliárias de equipamentos técnicos (cadeiras de rodas e camas articuladas, entre outros).

Nesta acção de recuperação foram utilizados mais de três mil litros de tinta, duzentos quilos de areia, e mais de uma tonelada de blocos de cimento. Os voluntários envolvidos neste projecto consumiram mais de mil garrafas de água, e todos os alimentos consumidos foram fornecidos por empresas e agricultores da região, de forma a dinamizar o comércio local.

Em 2011, que acções de cariz social e educacional destaca, do total de 1400 horas de voluntariado em que os colaboradores estiveram envolvidos?
A Siemens, em parceria com a Ciência Viva, implementou o projecto Kit Experiências em onze centros desta rede nacional de divulgação científica. Os Kits Experiências da Siemens destinam-se a crianças entre os seis e os dez anos de idade e permitem apoiar a sua formação na área das Ciências, ao mesmo tempo que despertam o interesse dos mais novos para esta área do saber.

Em 2012, a Siemens Portugal continuou a desenvolver o seu programa de reflorestação, que está em curso desde Outubro de 2009, integrado no protocolo assinado entre a empresa e a Rede Oxigénio. Na altura, mais de uma centena de voluntários da empresa e as suas famílias plantaram as primeiras quinhentas árvores no Parque Natural Sintra-Cascais, permitindo a reflorestação de um hectare do parque. Esta acção repetiu-se em 2010, com a plantação de carvalhos e espécies folhosas. Todos os anos, dentro do prazo de cinco anos que dura a parceria, caberá aos voluntários da Siemens dar nova vida a esta área florestal e assegurar que as árvores crescem fortes e saudáveis. No total, serão plantadas neste parque 1100 árvores.

Por fim, a Siemens Portugal é a primeira empresa no país a apoiar o Quest 4K®, o jogo online para a aprendizagem da matemática. Esta parceria decorre da estratégia de Responsabilidade Corporativa que tem vindo a ser desenvolvida pela empresa e que abrange as áreas do voluntariado e do apoio à educação. O jogo online da matemática Quest 4K® está, desde o início de Fevereiro, a desafiar os estudantes portugueses a aprenderem e a evoluírem no domínio desta disciplina, independentemente do seu nível de conhecimento inicial.

A empresa patrocina ainda os Prémios “Siemens Ciência”, que se destinam aos alunos do 3º Ciclo do ensino básico.

Cristo Redentor, Embaixador da Sustentabilidade
© Siemens, SA

Iluminado a verde com tecnologia energeticamente eficiente, o Cristo Redentor no Corcovado tornou-se, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a acontecer no Rio de Janeiro, entre 20 e 22 de Junho, o embaixador da sustentabilidade.

Visível a quilómetros de distância, o monumento, uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno e o símbolo desta conferência mundial, foi inundado com a luz de trezentos projectores em tecnologia de ponta LED, altamente eficientes, fornecidos pela Osram, uma subsidiária da Siemens.

Para comemorar o 80º aniversário da estátua mundialmente famosa, celebrado em 2011, a Osram instalou a mais moderna tecnologia de iluminação no monumento. O novo sistema LED reduz em mais de 75% a quantidade de energia necessária para iluminar a emblemática estátua de quase quarenta metros de altura.

A iluminação artificial é responsável por cerca de 20% do consumo de energia mundial e as soluções que combinam produtos de iluminação de elevada eficiência energética com sistemas de gestão de luz permitem economias de energia até 80%, anuncia a Siemens. No âmbito da conferência das Nações Unidas, a empresa tem diversos projectos que “demonstram de que forma as tecnologias já disponíveis podem tornar o futuro desenvolvimento da humanidade sustentável e energeticamente eficiente”.

Reconhecendo que uma série de crises recentes, “incluindo convulsões políticas, crises económicas e desastres ambientais, contribuíram para tornar evidente a ausência de pensamento sustentável em muitas áreas”, a Siemens defende aquele que é um dos principais objectivos do RIO+20: identificar “as respostas certas” para os desafios impostos pelas “mega-tendências como a urbanização, a globalização e as alterações demográficas, que estão a desafiar os modelos tradicionais de crescimento e de desenvolvimento”.

“Podemos agir já”, é o mote da presença da Siemens neste evento, que se traduz “na possibilidade imediata” de aplicar as soluções existentes em áreas como o transporte, a produção e a distribuição de energia como forma de tornar os processos industriais energeticamente mais eficientes.

Jornalista