POR ERICA MACIEIRA
Caos. Indecisões. Pressão. Falta de tempo. Estes são alguns dos factores que assolam as sociedades actuais e que fazem com que as pessoas se isolem nas suas bolhas e estejam apenas focadas nas suas vidas pessoais e profissionais. É isto que faz com que nos esqueçamos dos outros. É isto que faz com que sejamos egoístas ao ponto de ignorarmos o sofrimento alheio. O sofrimento daqueles que vivem ao nosso lado ou que passam por nós todos os dias. Daquele senhor que toma o pequeno-almoço todos os dias à mesma hora no café, daquela senhora que passeia o cão todas as manhãs e daquelas pessoas que se sentam ao nosso lado no comboio ou passam de carro pela mesma fila de trânsito que nós todos os dias.
No meio destas pessoas existem muitas que precisam de ajuda e de apoios que não são assim tão difíceis de obter. Basta olharmos para elas, preocuparmo-nos e dedicarmos algumas horas a ajudá-los. Sim, esta é uma responsabilidade que todas as pessoas deveriam ter ou sentir mas, infelizmente, só algumas dedicam parte do seu tempo a ajudar os outros. (por outros leia-se pessoas, animais ou a natureza/ambiente).
Fala-se muito de responsabilidade social corporativa e do facto de serem cada vez mais vez mais as empresas que disponibilizam anualmente, ou esporadicamente, verbas, projectos ou até mesmo colaboradores para determinadas iniciativas solidárias. É, sem dúvida, interessante. Mas será suficiente? No meu ponto de vista, ajudar de vez em quando não é suficiente.
[quote_center]“Sou só um, por isso não faço a diferença”, é um dos chavões mais utilizados como desculpa para não agir. Erradamente. Se cada um de nós tentar fazer uma das mil e uma coisas que se pode fazer para ajudar os outros já estamos a fazer a diferença[/quote_center]
Já que normalmente, e devido à falta de tempo, não se toma iniciativa por vontade própria, as empresas deveriam criar soluções que permitissem promover um ambiente profissional que fosse mais compensador e que permitisse aos seus colaboradores aliarem a sua actividade profissional ao voluntariado. Será algo assim tão exigente? Não me parece, até porque já várias empresas o fazem…
Eu tenho a sorte de, e apesar de ser voluntária em várias instituições a nível pessoal, ter uma actividade profissional que me permite aliar as duas coisas: comunicar e ajudar. Através do meu trabalho sinto que consigo também ajudar os outros, potenciando e comunicando as principais actividades de várias instituições de responsabilidade social, nas mais variadas áreas.
“Sou só um, por isso não faço a diferença”, é um dos chavões mais utilizados como desculpa para não agir. Erradamente. Fazem a diferença sim. Se cada um de nós tentar fazer uma das mil e uma coisas que se pode fazer para ajudar os outros já estamos a fazer a diferença. Não precisam de ser esforços extraordinários, não precisam de ser super-homens ou super-mulheres. Basta esticar o braço, olhar e ouvir, escutar os problemas dos outros e reconfortá-los na sua dor. Basta oferecer uma refeição a alguém que não come há vários dias. Basta uma festa, um carinho, num animal de rua que vive ao frio e com medo. Basta ler uma história a uma criança num hospital. Basta pensar mais nos outros, apesar de tudo, e acreditar que uma pequena acção é uma grande acção para quem é ajudado.
É através dessas acções que cresço enquanto pessoa e profissional. Enfrentando crises, comunicando iniciativas solidárias, dando voz a quem mais precisa, dando voz a quem sabe como ajudar e aprendendo literalmente com a vida… continuamente…. Sim, a vida de quem nos rodeia, de quem precisa de nós, e de quem precisamos também para nos tornarmos pessoas melhores…
No entanto, apesar de tudo isto, acho sempre que posso ajudar ainda mais… Gosto de pessoas, gosto de animais e gosto da natureza. E mais do que isso: gosto que a minha profissão me permita aliar os meus interesses pessoais aos profissionais, sem prejudicar nenhum deles.
Consultora Sénior da Lift Consulting e Responsável de Comunicação da Cáritas, da PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados e da Make a Wish. É ainda voluntária da Amnistia Internacional e do Serve the City