A revolução industrial vitoriana pôs em marcha um processo aparentemente inexorável de aquecimento do planeta. Mas a tecnologia do século XXI poderá contribuir para mitigar os seus efeitos
POR MIGUEL SALGUEIRO
O apetite por energia das sociedades humanas é hoje apontado como uma das principais causas do aquecimento global do planeta e das respetivas consequências em termos de alterações climáticas.
O consumo de energia, quer industrial quer doméstico, não dá sinais de abrandar. Contudo, há imensos cenários em que podemos ter o melhor dos dois mundos; não é fácil, mas é possível – e desejável.
A boa notícia é que muitos dos investimentos em energia limpa e na redução do consumo energético são frequentemente fáceis de colocar em prática e, apesar de alguns custos iniciais, oferecem um claro retorno face ao investimento.
Do lado da produção, a substituição de centrais elétricas que usam combustíveis fósseis por outras baseadas em fontes sustentáveis é um processo que parece ser, felizmente, irreversível.
Já do lado do consumo, as pessoas descobriram há muito que podem gastar menos energia simplesmente através da substituição de equipamentos pouco eficientes – foi assim que passámos das lâmpadas de incandescência para as fluorescentes compactas e que estas deram entretanto lugar a soluções com LEDs. Enquanto isto, eletrodomésticos com elevados consumos, como frigoríficos e máquinas de lavar/secar roupa e louça consomem hoje uma fração daquilo que era comum há apenas alguns anos.
No entanto, num ambiente de comércio, indústria e serviços as coisas não são tão simples, até porque nem sempre é possível substituir equipamentos com forte consumo energético – estes podem não estar disponíveis, o processo da sua substituição pode ter custos incomportáveis e, em muitos cenários, não há sequer alternativa viável.
A boa notícia é que, para poupar energia e otimizar recursos, a solução pode não passar (só) pelo hardware, mas sim pelo software.
As empresas de software não estão no negócio da geração de energia a partir de fontes sustentáveis ou no da criação de meios de transporte limpos e que consomem eletrões em vez de combustíveis fósseis. No entanto, a sua abordagem pode ajudar as empresas a otimizar recursos e a poupar energia, posicionando-se desta forma como parte da solução e não do problema das alterações climáticas, mitigando o seu impacto indireto na emissão de gases de efeito de estufa que contribuem para o aquecimento do planeta.
Pensar de forma diferente
As melhores ideias são, muitas vezes, fruto de um pensamento criativo que, perante um problema, encontra uma solução que, não sendo óbvia, acaba por ser a mais adequada. E há outras boas ideias que surgem simplesmente de sítios inesperados.
No mundo da gestão de ativos físicos (“assets management”) existem soluções que ajudam as empresas a gerir e a otimizar os seus equipamentos bem como as relações com os respetivos fornecedores de serviços – desde a limpeza à segurança, da jardinagem à manutenção, da iluminação à climatização.
Indiretamente, mas de forma significativa, estas soluções podem ajudar – e muito – as empresas a poupar energia sem sacrificar o seu nível de operacionalidade. Aliás, bem pelo contrário: uma plataforma de gestão de ativos moderna permite otimizar e racionalizar o consumo energético, ao mesmo tempo que é capaz de proporcionar resultados superiores.
É em grandes edifícios de serviços e em estruturas industriais, cujo funcionamento, mesmo em horários não laborais, requer um consumo significativo de energia, que os resultados são mais visíveis. A implementação de uma plataforma de software de gestão de ativos conjugada com a informação recolhida a partir de sensores colocados de forma estratégica nas instalações e nos equipamentos, permite uma monitorização do seu funcionamento de forma a reduzir ao máximo o consumo de energia.
Sensores e software
Isto é feito através da monitorização de parâmetros que vão desde a temperatura à iluminação e incluem também a própria qualidade do ar. Através da informação dos sensores, o software é capaz de analisar parâmetros em tempo real e ajustar o funcionamento de sistemas de iluminação e climatização.
As possibilidades de otimização são praticamente ilimitadas: a iluminação interna pode ser dinamicamente alterada de acordo com a luz que vem do exterior; a climatização é feita em função da medição da temperatura em tempo real; a ventilação forçada é ativada após a leitura de determinados valores na qualidade do ar…
Mesmo em cenários onde não seja possível fazer a atualização de equipamentos, o software tem claramente um papel importante a desempenhar, através da otimização dos recursos e da antecipação das necessidades que resultam, na esmagadora maioria dos casos, numa correspondente redução dos consumos energéticos.
Não será certamente suficiente para salvar o planeta – mas tudo o que possa ajudar é certamente bem-vindo.
Partner da NextBITT