A visão da IKEA assenta num conceito de economia de recursos, com vista à criação de “uma vida mais sustentável em casa” através de soluções criativas e acessíveis. Em entrevista, Ana Teresa Fernandes, Responsável de Comunicação e Sustentabilidade da IKEA Portugal, comenta os progressos do Relatório de Sustentabilidade de 2011 da empresa, recentemente apresentado, e as iniciativas da marca para ajudar as famílias portuguesas a superar a crise. Fundamental, diz, é “causar um impacto positivo na vida dos clientes, colaboradores e fornecedores” Com o objectivo de “criar um melhor dia-a-dia para a maioria das pessoas”, a IKEA pratica uma política de sustentabilidade transversal a todas as fases dos produtos da marca. Em 2011, a empresa fez grandes investimentos em energia renovável, utilizada já em “mais de metade” das suas operações; aumentou as doações da IKEA Foundation, cujos programas beneficiam hoje perto de cem milhões de crianças; incrementou a quota de algodão sustentável nos produtos da gama IKEA; melhorou a eficácia energética nas lojas; e, ao nível da certificação de fornecedores, alargou o IWAY, código de conduta que garante as melhores práticas de fornecimento de bens e serviços e o cumprimento de condições de trabalho condignas, a 90% dos seus fornecedores. Em entrevista ao VER, a Responsável de Comunicação e Sustentabilidade da IKEA Portugal sublinha que a forma de trabalhar na IKEA “tem um impacto muito forte porque não só promovemos como ajudamos a que todos possam poupar recursos e tempo, através de soluções criativas e acessíveis”.
O Grupo IKEA lançou recentemente o seu relatório de sustentabilidade relativo a 2011. Quais são os principais progressos a assinalar na vossa política de sustentabilidade, caracteristicamente transversal a todas as fases dos produtos da marca? Através do mais recente Relatório de Sustentabilidade do Grupo IKEA, podemos concluir que os principais progressos, durante o ano de 2011, foram os seguintes: – As doações totais da IKEA Foundation aumentaram para 65 milhões de Euros em 2011. Actualmente os programas da IKEA Foundation, geridos por parceiros especializados como a UNICEF e a Save the Children, vão beneficiar cerca de cem milhões de crianças. – A quota de algodão sustentável nos produtos da gama IKEA aumentou significativamente para mais de cinquenta mil toneladas – representando 23,8% da utilização total de algodão. A IKEA trabalha com a WWF e outros parceiros de forma a ajudar produtores de algodão na Índia, Paquistão, China e Turquia a introduzir métodos de cultivo mais sustentáveis. Actualmente mais de cem mil produtores usam técnicas que reduzem significativamente a necessidade de pesticidas químicos, fertilizantes e água. Este facto contribui para reduções consideráveis nos custos e maior lucro para os produtores de algodão. – A eficácia energética nas lojas IKEA melhorou em 4%, principalmente através de melhorias nos equipamentos das lojas. Esta situação ajudou a IKEA a poupar 6,2 milhões de Euros durante o ano fiscal de 2011, demonstrando como as melhorias em sustentabilidade podem trazer grandes benefícios ao negócio. Também ajudamos os clientes a poupar energia em casa. Durante 2011, vendemos 168 mil placas de indução de alta eficiência energética, quase metade de todos os fogões comercializados na IKEA. Quais foram os indicadores-chave de desempenho avaliados no Relatório, e que resultados atingiram nos mesmos? A percentagem de energia renovável usada nos edifícios da IKEA aumentou e, caso este progresso continue, esperamos atingir os 70 a 80% em 2015. Neste momento dispomos de quarenta edifícios com painéis solares instalados e sessenta turbinas eólicas, produzindo cerca de 152 GWT de energia renovável. Por outro lado, durante o ano fiscal de 2011, a eficiência energética de todas as lojas IKEA aumentou, como disse, 4% comparativamente ao ano anterior. Estes valores foram conseguidos, principalmente, pelas melhorias na eficiência energética das lojas, tais como os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado, assim como através de um uso mais inteligente e criterioso da iluminação comercial. Quanto à quota de algodão sustentável nos produtos da gama IKEA, a empresa apoia projectos nas regiões de maior produção deste material, para ajudar os agricultores a produzirem algodão mais sustentável e para combater o trabalho infantil. O algodão é um dos materiais mais importantes para IKEA. É confortável, macio e resistente – e, acima de tudo, é uma matéria-prima renovável. Ao mesmo tempo, é associado a grandes preocupações ambientais e humanas. Até ao final do ano fiscal 2015, todo o algodão utilizado nos artigos da IKEA será produzido de acordo com os critérios sociais e ambientais definidos pela associação “Better Cotton Initiative”. Por enquanto, a percentagem de algodão mais sustentável utilizado na IKEA tem vindo a aumentar e é, actualmente, de cerca de 23,8%. Estando a disponibilidade deste material a aumentar, tudo indica que conseguiremos atingir os nossos objectivos em 2015. Já na área da responsabilidade social, a IKEA Foundation, o braço filantrópico da IKEA que gere os fundos concedidos a projectos sociais a países em desenvolvimento, doou, como referi, 65 milhões de Euros a 47 projectos, em 2011. Este valor representa um aumento de 44% comparativamente ao ano anterior, ano em que foram doados 45 milhões de Euros. Os fundos foram concedidos a 15 organizações, entre as quais o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), a Half the Sky, a UNDP, a Save the Children e a UNICEF, beneficiando crianças em mais de trinta países. Para a IKEA as crianças são as pessoas mais importantes do mundo. A IKEA Foundation apoia vários projectos a longo prazo, no sentido de realizar mudanças positivas e duradouras na vida das crianças e das suas famílias, ajudando-as a quebrar o ciclo da pobreza e a tomarem o controlo do seu futuro. Nos últimos dez anos, a IKEA e a UNICEF têm trabalhado em conjunto, na Índia, para acabar com o trabalho infantil, com o objectivo de criar um melhor futuro para as crianças indianas. Finalmente, e ao nível da certificação de fornecedores, o Grupo IKEA começou a implementar o IWAY – código de conduta que garante as melhores práticas de fornecimento de bens e serviços na nossa cadeia de fornecedores – em 2000, em fornecedores localizados principalmente na Ásia, mas hoje em dia este código já está implementado em mais de 90% dos nossos fornecedores. Actualmente temos 1020 fornecedores em todo o mundo, sendo que já estamos a usar também o IWAY em fornecedores só de serviços, como os fornecedores de transporte, de limpeza e de segurança.
Na prática, o IWAY assegura que as condições de trabalho que a IKEA dá aos seus colaboradores são aquelas mínimas que a IKEA exige que os fornecedores dêem aos seus colaboradores: entre outras, os dias de descanso, o pagamento atempado da remuneração e das horas extraordinárias e o direito de trabalhar em condições adequadas ao clima. E, acima de tudo, assegura que as crianças não podem trabalhar, que não são admitidos menores de 16 anos, ou seja que não há trabalho infantil no pipeline de produção. Temos tentado que os nossos fornecedores, estejam eles em África ou na Ásia, percebam o benefício que podem obter na produtividade dos seus colaboradores, se efectivamente melhorarem as condições de trabalho. O IWAY divide-se em três vectores: ambiental, social e laboral. É para nós muito gratificante verificar que desde 2000 já fizemos mais de 185 mil progressos nas áreas da sustentabilidade, ambiental e social. Apesar do IWAY ser para a marca um motivo de orgulho, há ainda muito por fazer. A visão da IKEA assenta num conceito de economia de recursos – “criar mais com menos” -, com vista à criação de “uma vida mais sustentável em casa”. Que impacto tem esta visão na comunidade? Para os nossos clientes, em particular, e para a comunidade, em geral, esta forma de trabalhar tem um impacto muito forte porque não só promovemos como ajudamos a que todos possam poupar energia, água, materiais, recursos e tempo através de soluções criativas e sempre acessíveis.
Que balanço faz da 1ª edição do Bazar IKEA e que perspectivas têm para a acção no dia 24, nomeadamente no que concerne as doações à ENTRAJUDA e às Aldeias SOS? Relativamente à presença das associações ENTRAJUDA e Aldeias SOS, acreditamos que, ao dar a hipótese aos participantes de doarem os artigos que não consigam vender, estamos a promover não só a reutilização desses mesmos produtos como também a fomentar a preocupação social individual, no sentido de criar um melhor dia-a-dia nestas instituições. Em que medida está a reutilização de produtos a ajudar as famílias portuguesas na gestão dos seus orçamentos, na difícil conjuntura que atravessamos? Na actual conjuntura, cheia de desafios, tentamos na IKEA estar ainda mais ao lado dos clientes, fornecendo dicas de poupança de água, energia, materiais – o que se concretiza em poupanças na carteira ao final do mês – e dando uma segunda ou até terceira oportunidade aos bens lá de casa, como o que será feito neste Bazar. Também a pensar nas famílias portuguesas, a empresa acabou de lançar as “Dicas de Poupança IKEA”, que promovem hábitos mais sustentáveis na vida em casa. Com que critérios foi pensado este conjunto de ferramentas para apoiar os clientes a poupar? Assim, desenvolvemos um conjunto de soluções fáceis, criativas e acessíveis, que fazem toda a diferença no dia-a-dia, em todas as divisões da casa. Os folhetos ‘Dicas de Poupança IKEA’ estão disponíveis desde o dia 20 de Março, nas três lojas IKEA – Alfragide, Loures e Matosinhos – para que os portugueses possam economizar recursos em casa e viver de forma cada vez mais sustentável. Sabemos, por exemplo, que a cozinha é o local da casa de maior consumo energético, e portanto vale a pena mostrar os pequenos gestos sustentáveis que podemos ter nesta divisão. Também criámos, em paralelo com estas dicas, um microsite dedicado à forma de trabalhar a sustentabilidade na IKEA, com todas as ideias e progressos que têm vindo a ser alcançados ao longo do tempo. No âmbito da política de RS da IKEA Portugal, que exemplos de projectos concretos destaca e de que modo beneficiaram estes as comunidades envolventes? A ACAPO foi a contemplada da primeira edição deste Fundo e viu, desta forma, ser inaugurado o Centro de Actividades da Vida Diária, que alberga o projecto “Crescer Sentindo” e que permite às pessoas com cegueira e deficiência visual a oportunidade de treinar as múltiplas actividades do quotidiano, de forma a maximizar a sua autonomia nas rotinas que fazem parte do seu dia-a-dia. Também o Hospital Dona Estefânia tem visto serem remodelados espaços cruciais nas suas instalações, que contribuem para o bem-estar e felicidade das crianças, pais e funcionários que todos os dias aí se encontram. Na IKEA acreditamos que muitos pequenos passos conduzem sempre a grandes resultados.
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Jornalista