A Savills é uma consultora de excelência e muito atenta aos princípios ESG. Conversámos com Nuno Fideles, Arquiteto e Diretor de Sustentabilidade da empresa, que nos fala dos seus 30 anos de experiência na área da construção e do planeamento urbano. Viveu de perto as mudanças significativas que ocorreram em Portugal, desde a pressa desordenada em realojar populações nos anos setenta à busca atual por sustentabilidade e eficiência energética. Nesta entrevista, aborda como a arquitetura se modificou no aproveitamento natural da luz solar e na construção adaptada ao clima. Também discutimos os desafios e as oportunidades que surgiram ao longo das últimas décadas e de como o futuro da construção pode ser moldado por práticas mais sustentáveis
POR PEDRO COTRIM
O país é pouco atento em relação a edifícios energeticamente eficientes? O Nuno trabalha há 30 anos. O que mudou?
A questão de trabalhar com a natureza e com as posições solares foi algo que se perdeu com o tempo. Na segunda metade do século XX, particularmente nos anos setenta, com a erradicação das barracas e perante o movimento da população portuguesa para as grandes cidades, houve uma grande necessidade de construir, mas este processo fez-se com um planeamento urbanístico muito deficiente, o que levou a que nos tivéssemos limitado a construir e não a planear – o que importava era tirar as pessoas de determinados locais e realojá-las em edifícios habitáveis. Hoje em dia sofremos com estas consequências, e uma grande parte do parque habitacional é efetivamente pobre em termos energéticos, quer no aproveitamento correto da exposição solar, quer na sua eficiência energética e adaptação às alterações climáticas.
Mesmo cinquenta anos depois?
Sim, porque maior parte dos prédios mantém-se. Agora procura-se fazer urbanismo e construir de outra forma, integrando as necessidades de modo diferente. Claro que há sempre limitações topográficas e nem sempre é possível construir com as orientações mais corretas – cabe então à arquitetura descobrir a melhor forma, e muitas vezes é possível uma adaptação melhor à realidade e ao desenho urbano, permitindo soluções mais viáveis e mais funcionais. «Antigamente» construía-se da mesma forma, independentemente da orientação; o que era necessário era construir.
É curioso o que diz. Eu tratei textos de viajantes estrangeiros que viveram em Portugal há duzentos e trezentos anos e queixavam-se do tempo. Eram botânicos e outros cientistas naturais, essencialmente. É espantoso verificar de como é que um sueco pode mencionar o frio em Lisboa.
Da mesma forma que hoje em Inglaterra qualquer pessoa se pode queixar do calor em Londres. Sempre tivemos esta noção de que em Portugal não faz frio. O frio existe, mas o período de frio é efetivamente menor que noutros países da Europa, mas há cidades realmente frias no nosso país. Houve construção com grandes paredes de granito no Norte e com grandes paredes brancas e poucas aberturas no Alentejo, protegendo do frio e do calor. Em ambos os casos, o calor gerado por uma lareira ou uma por uma salamandra era mantido. Fomos sempre encontrando estas soluções.
Mas as alterações climáticas baralham o que se pode fazer.
Sem dúvida. Os períodos de frio e de calor misturam-se e situações meteorológicas outrora impensáveis ocorrem agora. Houve o caso desta grande chuvada no Dubai que deixou a cidade completamente de pantanas. Era um cenário pouco provável e a infraestrutura não aguentou. Vemos claramente um país que não está preparado para estas eventualidades.
Creio que o Burj Khalifa não está sequer ligado à rede de esgotos da cidade. São camiões a retirar os resíduos e a transportá-los para aterro.
É uma zona complicada. Tive em tempos uma conversa com o representante da área de ESG da Savills para o Médio Oriente que me disse que ainda sentiam muitas dificuldades neste tema. Para eles, se não está bom, deita-se abaixo. Por outro lado, continuam a usar nestes locais o mesmo tipo de arquitetura: grandes envidraçados ou soluções sobretudo estéticas, porque depois corrige-se tudo com ar-condicionado, ocasionando uma enorme pegada ambiental e energética para temperar o interior das casas, que fica muito muito aquecido. Não se pode fazer o mesmo tipo de arquitetura para um edifício em Lisboa, em Luanda ou no norte da Europa.
Mas a arquitetura sabe obviamente dar a volta.
Sabe e sabe há muito. No Médio Oriente e no Norte de África fazia-se a «Arquitetura de Terra», em que havia canais para captar naturalmente o vento no topo do edifício. Entrava por condutas verticais, passava por depósitos de água por baixo do pavimento e arrefecia as casas. Há soluções. Encontrámos uma, mas é muito problemática: o ar condicionado, que tem de ser abordado com muita cautela para ser devidamente transposto para as necessidades atuais. Tem realmente um peso enorme na sustentabilidade dos edifícios.
A propósito do ar-condicionado: aquelas cidades nos climas muito quentes e grandes utilizadoras de ar-condicionado, como Phoenix, Las Vegas, o Cairo ou o Dubai, nunca serão sustentáveis, pois não?
Não é impossível virem a ser. Se olharmos para a sustentabilidade, reparamos em três vetores muito importantes – ambiental, das pessoas e financeiro. As cidades dependem do equilíbrio deste triângulo. Se houver um bom sistema de transportes, zonas verdes que façam a captação de CO2, espelhos de água que atenuem a temperatura ambiente e outros fatores mais, é possível. Se houver formas de arrefecer o meio ambiente, é possível ter condições e ter lá a cidade.
E já está a ser feito.
Está, efetivamente. Por exemplo, em Bogotá estão a criar-se corredores verdes nas grandes vias e consegue reduzir-se a temperatura ambiente, na zona envolvente, em um ou dois graus. Temos em Lisboa o exemplo da zona de Sintra, mais temperada que o centro da cidade. Tudo passa também pelo desenho urbano, pela segurança dos locais. Há um esquema de sustentabilidade das cidades que se chama LEED for Cities em que se avaliam os transportes, as estruturas verdes, a segurança, a poluição, a gestão de resíduos, a gestão de águas… é possível tratar quase tudo de forma sustentável, mas é vital renovar as cidades, trabalhá-las. Aqui perto, na Avenida da República, o corredor verde atenua o calor e torna possível uma caminhada que será muito custosa por outras vias adjacentes.
Em qualquer parte do mundo, então. Ou praticamente.
Sim, praticamente. Vai haver uma dispersão dos fenómenos meteorológicos um pouco por todo o lado. As alterações climáticas vão tornar o clima global um pouco mais homogéneo, com grandes eventos de frio e de calor, de grande pluviosidade e de seca prolongada. Obviamente que alguns fenómenos permanecerão circunscritos, mas, muito genericamente, tudo será mais comum, qualquer que seja o sítio.
E em Portugal?
Em Portugal temos um exemplo muito ilustrativo. O Porto, nos próximos anos, e em princípio até ao final do século, irá sofrer de dois fenómenos opostos ao longo de um ano: muita chuva no Inverno e um período grande de secura estival, com mais calor. A cidade terá de estar preparada para ambos os cenários. Os edifícios terão de ser resilientes ao calor e à chuva.
Fala de edifícios. Pelo que sei, há três grandes certificações: LEED, BREEAM e WELL. Quer explicá-las um pouco?
Sim, claro. Começo por referir que em Portugal há ainda uma outra certificação, a LiderA, elaborada pelo IST. Quando analisamos as três, verificamos que a LEED e a BREEAM avaliam os impactos dos edifícios no meio ambiente. A LEED é norte-americana e a BREEAM inglesa, sendo esta mais adaptável à legislação portuguesa e europeia. Na certificação BREEAM já há critérios de observância em relação à taxonomia europeia – é a ferramenta que avalia o impacto ambiental da operação. A WELL diferencia-se destas duas, e também da LiderA, pelo facto de avaliar o impacto do edifício nas pessoas. É esta a grande diferença.
E na construção, também há grandes diferenças no estaleiro para se poder obedecer a estas certificações, ou não?
Representa maior cuidado e o cumprimento das regras que já existem. Já somos obrigados, quando geramos resíduos, a obedecer a diversas normas internacionais. A BREEAM impõe que se cumpra tudo meticulosamente desde o início. Inclusivamente, no caso de demolição de um edifício existente, há uma pré-auditoria. Quanto lixo vou criar, para onde vou reencaminhar os resíduos e quais conseguirei incorporar nesta ou noutras obras? Importa portanto trabalhar com resíduos que possam ser reciclados e reutilizados nos edifícios. Já há empresas em Portugal que aplicam a ISO 14001, que obriga à observância de todas as regras ambientais. Quem não obedecer a esta norma vai ter mais dificuldade em ganhar concursos.
Mas vai poder construir?
Vai, mas com mais dificuldade. Terá menos acesso a fundos, pois é necessário mostrar (e demonstrar) aos bancos que se está a trabalhar com a legislação europeia e com a taxonomia. Se o projeto estiver perfeitamente alinhado com a taxonomia, o proponente recebe fundos verdes, mais fáceis e com spreads mais atrativos. No limite, os bancos até poderão dizer que têm dinheiro suficiente para o investimento, mas que não têm dinheiro para este projeto porque não é sustentável.
Então sai da cadeia de valor quem não obedecer.
Exatamente. Reparamos, por exemplo num banco que fica aqui perto, na existência de um questionário sobre certificações do edifício e sobre as previsões sobre as mesmas. Por exemplo, pergunta-se a quem investe se tem a aqua+, que é uma certificação que faz também a leitura hídrica. Se os bancos não financiarem projetos sustentáveis, pagarão taxas de carbono, e grandes. O ‘chicote europeu’, como nós lhe chamamos entre colegas, vai impor muitas obrigações. Por exemplo, os bancos não vão poder financiar a compra de um edifício com classe energética «E» a não ser que exista um projeto de renovação para o transformar em termos ambientais.
Em termos proporcionais, o que significa tudo isto?
Já existem algumas métricas que permitem diferenciar o valor do edifício na altura da construção e da aquisição, na da venda ou do arrendamento. Em relação ao seu uso, um edifício sustentável, com níveis de construção aceitáveis, tem uma redução de 20 a 30%, quer no consumo de água, quer no consumo energético. É significativo. Na altura de investimento entre uma construção ‘normal’ e uma sustentável, podemos estar a pensar em valores entre dois e quatro por cento, podendo chegar a dez e dependendo da especificidade do edifício. Diria que o valor rondará agora os quatro por cento. Contudo: se for sustentável, é mais fácil o financiamento; se eu tiver um edifício sustentável no mercado (excetuando no sector residencial, onde não é tão visível), consigo arrendar mais facilmente o edifício sustentável.
Uma grande valorização, portanto.
Em termos comerciais, a valorização do edifício sustentável pode representar uma diferença de milhões. O retorno é muito maior. É possível ir buscar uma valorização de 20% no arrendamento em relação a um edifício ‘tradicional’. Os tenants estão dispostos a pagar esta diferença para terem mais conforto. Neste momento, as grandes empresas apenas procuram edifícios sustentáveis; ou então obrigam os proprietários a modificarem os edifícios, de contrário não vão para lá.
Também são prejudicadas se forem?
A pegada de carbono das empresas também é medida no local onde estão instaladas. Neste momento, não se constrói um edifício de logística de grandes dimensões sem ser numa base de sustentabilidade e de certificação. Ninguém quer, numa passagem do circuito do produto, ter uma fase não sustentável. Por exemplo, um produtor de sumo de fruta que obedeça à sustentabilidade na fase agrícola e de colheita, não quer que o produto tenha impacto ambiental na passagem por um armazém. Tudo importa.
E no sector residencial?
O consumidor final do sector residencial somos nós, as pessoas, no sentido mais direto. Um comprador, se tiver essa consciência e possibilidade de pagar, toma a opção. Procura uma casa que consiga pagar; verifica a localização, verifica o consumo energético. E não tem de ser muito dispendioso. É possível construir bom e não muito caro, mas exige muito planeamento. Temos de mudar a mentalidade dos sistemas construtivos – não se pode construir como se construía há 50 anos. Apenas em 2012 passou a ser obrigatório ter isolamento no interior das paredes, e foi nesta altura que os certificados energéticos começaram a ser obrigatórios.
Disse-me que a BREEAM era inglesa. Suponho então que tenha sido concebida para o clima inglês. É possível realmente adaptá-la a Portugal?
As adaptações climáticas não têm a ver com o país em que é obtida a certificação. A LEED e a BREEAM têm em conta a localização do edifício e a sua eficiência energética, independentemente do lugar em que está situado. Vão também ter em conta a eficiência hídrica e o consumo de água, a gestão e a monitorização dos consumos. Podemos fazer a analogia com o nosso organismo. Se fizermos regularmente check-ups, percebemos se as coisas estão bem ou não. De alguma forma, iremos perceber o que se está a passar connosco. Se conseguirmos monitorizar o estado do edifício, conseguimos atuar para melhorar o seu desempenho, independentemente do lugar onde estiver.
Com eficácia?
O BREEAM e a LEED tratam de tudo: de como é feita a gestão dos resíduos do edifício, de como é tratada a parte ecológica e de biodiversidade – estivemos a acompanhar a construção de um parque logístico no Montijo em que se está a fazer regeneração de território, e não estamos a plantar árvores. Estamos a tratar da criação de prados, de um caminho de água que está a ser alargado, e isso vai permitir a regeneração de habitats e que a natureza trabalhe por ela própria sem necessitar de sistemas de rega ou de outra coisa qualquer. Este sistema natural permite maior captação de carbono que a plantação de árvores.
Devido a essa especificidade do terreno que menciona?
Sim, mas é disso mesmo que se trata. Pensar no espaço que está aqui, no local em que estamos a intervir – vamos impermeabilizar, pôr aqui um empedrado para não nos aborrecermos com a manutenção, ou vamos então deixar isto tratado de modo a que se possa ter um prado natural, com abelhas polinizadoras? E aqui não se trata de criar colmeias, mas de ter insetos que vão polinizar.
Nos países do norte, mais uma vez, as contas são as mesmas? Por exemplo, imaginamos os telhados verdes com todas as suas vantagens num clima mais quente. E no frio?
É o mesmo, pois vimos Londres em pânico com os 40 graus de 2022. Vimos o asfalto de uma pista do aeroporto a derreter. Morreu muita gente porque as casas não estão preparadas, são escuras e pesadas. Genericamente, uma casa inglesa de meados do século XX nunca foi concebida para suportar temperaturas muito elevadas. Tudo mudou.
As certificações vão então mudar isto?
A médio prazo, sim. Outro dos benefícios [destes sistemas de certificação] é a obrigação de se fazerem estudos ambientais dos locais onde se vai construir. As seguradoras obrigam à existência destes estudos, inclusivamente com os cenários de daqui a cem anos. Pode vir a ser um deserto ou uma zona inundável e o edifício tem de estar preparado, pois os seguros são obrigatórios. Estes estudos tornam-se praticamente obrigatórios tendo em conta as alterações climáticas e o cenário provável [daqui a cem anos].
Cem anos? É previsível a tão longo prazo?
Hoje em dia há modelos e há um relatório solicitado pela BREEAM, pela LEED ou pela taxonomia europeia, o Natural Hazard Risk Assessment – a dez, vinte e cinco, cinquenta e cem anos, que impactos irá sofrer o local, e o edifício tem de estar preparado para esses impactos com três cenários possíveis: vamos conseguir combater as alterações climáticas e limitar o aquecimento a 1,5 graus; ou vai subir mais um pouco, mas mesmo assim é moderado e eventualmente controlável; ou é um aumento não moderado e não controlável. Os edifícios têm de estar preparados para o pior cenário, o que altera o paradigma, seja um projeto em Lisboa, Paris ou Londres.
Claro que é mais fácil aquecer em climas frios que arrefecer em climas quentes…
Podemos fazer novamente uma analogia com o nosso organismo e pensar nas discussões sobre o aquecimento e o arrefecimento numa sala. Há de sempre estar demasiado quente ou demasiado fria para alguém. Contudo, quem estiver com frio pode vestir mais uma peça de roupa; quem estiver com calor nada pode fazer. O arrefecimento é sempre um tema maior em relação a um escritório ou a uma casa que o tema do aquecimento. Em relação à arquitetura passiva e aos sistemas de ventilação, será certamente mais complicado que acender uma lareira.
E no caso do arrefecimento, como se consegue baixar a temperatura de um edifício gigantesco num clima muito quente? Por exemplo, o tal aeroporto do Dubai que sofreu a inundação. É uma estrutura enorme que alberga muitos milhares de pessoas por dia.
Com grande gasto energético. Eu não conheço especificamente o aeroporto do Dubai, mas a utilização de ventilação natural é fundamental. Já há existe há muito tempo aquela forma que já abordei de arrefecimento com condutas e massas de água. O aeroporto em questão pode ter saídas de ar ventilado sem ser forçado. O ar pode entrar por baixo e ter campânulas, mas é realmente difícil. O ar condicionado exige isolamento, e aquela situação do ar-condicionado com uma janela aberta é obviamente ilustrativa [da perda de energia]. E há ainda uma regra raras vezes cumprida: o ar-condicionado nunca deve ter uma diferença maior do que sete graus para o ambiente exterior. Se lá fora estiverem 35 graus, eu não posso ter 18 aqui dentro.
É frequente e não deveria ser.
É, muito frequente, e sete graus é bastante. É muito diferente estarem 35 graus ou 28. A solução são então os tais sistemas grandes de ventilação natural. Novamente a questão da facilidade em aquecer/arrefecer: para aquecer, é possível ir buscar o ar interior, trazê-lo numa conduta, limpá-lo e voltar a metê-lo dentro do edifício; no arrefecimento é mais difícil, sendo necessário utilizar sistemas de água que arrefeçam o ar.
E os painéis solares? Ao que sei, não eram um método muito eficiente.
A hipótese de ter um edifício totalmente abastecido por painéis fotovoltaicos irá ser viável, mais tarde ou mais cedo. No MB4, o edifício onde está instalada a sede da Savills, 25% da energia utilizada nas áreas comuns provém dos painéis fotovoltaicos da cobertura. O edifício é alimentado apenas por energias renováveis, e isto é rigoroso. Há auditorias ambientais intransigentes e hoje em dia é fácil perceber de onde vem a energia. O grande desafio é não pensar que por consumirmos apenas energias renováveis possamos deixar então as luzes acesas ou que possamos comprar equipamentos menos eficientes, que possamos usar o ar-condicionado durante mais tempo – é preciso trabalhar nas duas frentes. Portugal é o terceiro país, em termos europeus, na utilização de energias renováveis. Contudo, aumentámos muito o nosso consumo de energia.
Aproveitámos a folga?
Nem foi bem isso. A transição não é fácil. Por exemplo, os carros elétricos aumentaram o consumo de eletricidade, se pensarmos bem nisso. Podemos realmente ter um nível de produção de renováveis bastante aceitável, mas também precisamos de reduzir o nosso consumo de energia – senão, tudo isto será finito.
Acha possível reverter as alterações climáticas?
Eu quero acreditar que sim, mas há muitos países sem regulamentação. A UE tem este compromisso para 2050 sem carbono, mas para o alcançarmos, os restantes países do mundo também terão de obedecer. É um problema global que necessita de uma abordagem global. Se produzirmos na Europa, obedecendo a todas as imposições ambientais, não podemos ir buscar matérias-primas a sítios onde se desrespeitem os preceitos ambientais. Não se pode andar por aí em manifestações sobre a sustentabilidade com t-shirts feitas por crianças pobres do Bangladesh. No fim de contas, tudo será essencial.
Nuno Fideles
Iniciou a sua carreira em 1998, no Atelier Cidades (IN)visíveis até 1999.
No mesmo ano ingressou na Gonçalo Byrne Architects, onde permaneceu durante 10 anos como arquiteto a trabalhar em projetos de Arquitetura e Urbanismo.
Em 2009 criou a sua própria empresa de maquetes de arquitetura, a Modelmak. Entre 2012 e 2015, após a sua certificação em inspeção e gestão de obras de construção e como perito qualificado SCE-RCTTE, desempenhou a função de coordenador de projetos e gestão de projetos no local da construção de vários edifícios públicos e hoteleiros em Portugal e em África.
Em Novembro de 2015 chega à Savills, onde desenvolve o papel de Arquiteto e Gestor de Projetos.
Em 2018 tornou-se reconhecido como Profissional Acreditado BREEAM pela BRE Academy em Inglaterra.
Em 2019 tornou-se embaixador da BREEAM Knowledge Sharing
Em 2023 é nomeado Head of Sustainability & ESG da Savills, sendo responsável pelo novo departamento da Savills Portugal nesta área.
Ao longo dos últimos anos assinou diversos artigos de opinião sobre Sustentabilidade, tendo participado também em eventos e conferências sobre o tema.
Editor