Potenciar a inovação e a qualidade do tecido empresarial nacional, promovendo simultaneamente a empregabilidade, é um compromisso que a Siemens Portugal traduz em inúmeras iniciativas que fomentam “uma aprendizagem activa, disponibilizando ferramentas úteis para o desenvolvimento do País”. Em entrevista, a directora de Comunicação explica toda a política de RS da empresa para a Educação, o Ambiente e a Sociedade, estrategicamente reforçada face à “conjuntura económica desafiante”
POR GABRIELA COSTA

A Política de Responsabilidade Social da Siemens integra projectos de RSC em três grandes áreas: Educação, Ambiente e Sociedade. De que modo dão respostas efectivas à comunidade, actuando com uma dinâmica de “empresa social e civicamente responsável”?
As políticas de Responsabilidade Social da Siemens são parte integrante da gestão da empresa e fazem parte, inclusivamente, do nosso Código de Conduta, uma vez que é nossa intenção apoiar de forma activa, ética e responsável a comunidade em que estamos inseridos e com a qual interagimos quotidianamente. Em Portugal, a nossa estratégia neste campo passa, sobretudo, por fomentar a aprendizagem, disponibilizando ferramentas úteis para a sociedade crescer, evoluir e contribuir para o desenvolvimento do País.

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© Siemens Portugal
Joana Garoupa, Directora de Comunicação
da Siemens  Portugal
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Com este objectivo sempre presente, e no que respeita à área da educação (ver Caixa), estamos presentes em todo o continuum educativo, apoiando projectos vocacionados para os diversos níveis de ensino e correspondentes faixas etárias, alguns dos quais permitem explorar de forma lúdica e divertida caminhos alternativos para a aquisição do conhecimento na área das Ciências, o que poderá ser determinante para a descoberta de vocações e para o desenvolvimento educativo em áreas estratégicas para Portugal.

A destacar, na área da educação, a aposta no ensino dual e na aproximação ao mercado de trabalho dos jovens portugueses. A Siemens Portugal foi uma das primeiras empresas a criar, há vinte anos, com a Câmara de Comércio Luso-alemã e o Estado português, uma escola profissional tendo por base o ensino dual alemão que deu origem à ATEC, uma escola de formação que integra a Volkswagen, a Siemens e a Bosch. Esta escola tem em média cerca de setecentos formandos por ano, e uma taxa de empregabilidade entre os 85 e os 100%.

Por outro lado, a oferta de estágios na Siemens pretende dinamizar um ensino prático e profissional que proporcione uma experiência mais completa aos alunos e lhes abra, efectivamente, o leque de opções, criando oportunidades de emprego. A Siemens oferece oportunidades sobretudo nas áreas de Electrónica, Automação, Mecatrónica, Gestão e Administração e, durante o ano fiscal que terminou em Setembro de 2013, recebeu 115 estagiários, dos quais cerca de metade participaram em estágios curriculares e os restantes em estágios profissionais.

O projecto “Engenharia made in Portugal”, que tem por base um protocolo assinado em 2013 com o Governo, é outro dos exemplos da aposta da empresa na formação dos jovens portugueses. Com o objectivo de reforçar o ensino da Engenharia em Portugal já foi possível, até ao momento, impactar mais de 28 mil alunos em 260 estabelecimentos de ensino (profissional, superior e secundário).

No que respeita à área do ambiente, saliento a oferta ao Oceanário de Lisboa, em 2012, de um ecógrafo que tem proporcionado a esta entidade estudar e recolher dados científicos sobre a reprodução das raias tropicais uges-de-manchas-azuis (Taeniura lymma), espécie considerada “quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Projectos internacionais de conservação de espécies marinhas, como o European Studbook, beneficiarão largamente desta tecnologia que, embora criada para servir o homem, é imprescindível para conhecer, estudar e conservar a biodiversidade.

Já no que respeita à área social, destaca-se o envolvimento dos nossos colaboradores em acções de voluntariado, para as quais cedemos 16 horas por ano. Promovemos activamente algumas iniciativas com esse propósito, como o projecto Refood e a rota da caridade da LBV – Legião da Boa Vontade, entre outras.

No âmbito da Cidadania Corporativa da Siemens, que relevância assume as inúmeras iniciativas solidárias que envolvem os colaboradores da empresa em acções de voluntariado?
Em 2013, mais de 10% dos colaboradores da Siemens estiveram envolvidos em acções de voluntariado, num total de quase mil horas. Estes números permitem perceber a importância que os nossos colaboradores dão à participação em iniciativas solidárias que, estamos em crer, lhes proporcionam momentos únicos e experiências integradoras.

Através deste tipo de acções, temos facilitado o contacto dos nossos colaboradores com experiências e iniciativas nos mais diversos âmbitos, que ultrapassam os limites internos da organização e que têm, inclusive, reflexos muito pragmáticos na comunidade e na sociedade civil, como é o caso das acções de reflorestação ou o envolvimento com a Ajuda de Mãe.

Acreditamos que o envolvimento dos nossos colaboradores com determinadas realidades permite aumentar a sua consciência cívica, mas também a sua sensibilidade para certos temas para os quais, sem a sua participação em determinados projectos, não estariam tão despertos.

Promovem a integração das comunidades locais onde a Siemens se encontra. Que importância tem, no difícil contexto socioeconómico, o projecto Cantina Social, e que outras acções de apoio a projectos de proximidade destacam?
Estas acções são particularmente relevantes num momento de conjuntura económica desafiante como o actual, em que as populações têm dificuldades de suprir necessidades tão básicas como a alimentação. Face a este contexto em que as dificuldades socioeconómicas se fazem sentir a vários níveis na sociedade, e em que as entidades não-governamentais e as IPSS portuguesas, um pouco por todo o País, tentam colmatar as dificuldades das populações e suavizar o seu quotidiano, a Siemens não poderia ficar indiferente a esta realidade.

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Cantina Social da Siemens
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Por isso considerámos ser crucial manter o nível de empenho nas nossas actividades na área social, reforçando os laços já existentes com várias entidades que apoiam as populações, e forjando novas parcerias com o objectivo de suportar a comunidade de uma forma abrangente.

Instalada em Alfragide, a Siemens tem trabalhado de perto com a comunidade envolvente apoiando o refeitório social da Associação de Moradores do Bairro do Zambujal, na Amadora, com a oferta das refeições que todos os dias sobram na nossa cantina. Através deste apoio, a associação forneceu no último ano mais de três toneladas de alimentos e serviu mais de vinte refeições diárias a outras tantas famílias necessitadas do bairro.

Noutro contexto, vários colaboradores da empresa associaram-se ao barbecue Solidário da Associação Protectora das Florinhas da Rua, uma instituição social dedicada ao acolhimento e reabilitação de crianças em situação de risco. O barbecue angariou fundos para equipar a nova casa da associação, que deverá abrir ainda este ano, em Odivelas, e que vai permitir aumentar a capacidade de resposta da associação e oferecer melhores condições às crianças e famílias apoiadas, dando um significado mais profundo ao seu trabalho solidário.

Ciente dos problemas demográficos no nosso País, a Siemens Portugal incrementou uma política de apoio à natalidade e à família. Que medidas de apoio destaca na área de worklife balance? E que resultados práticos alcançou já a empresa com esta política?
A persistente tendência de declínio da fecundidade, mais acentuada a partir de 2010, coloca Portugal entre os países da União Europeia com os mais baixos níveis do Índice Sintético de Fecundidade: 1,35 crianças por mulher em 2011 e 1,28 em 2012. Estes números acabam por ser um resultado da crescente participação da mulher no mercado de trabalho, uma vez que os portugueses tendem, em média, a concordar com a percepção de que as crianças sofrem quando as mães trabalham fora de casa.

Ciente desta realidade, e de que facilitar as condições de trabalho para quem tem filhos é uma das medidas mais valorizadas pelas famílias portuguesas, a Siemens desenvolveu uma série de acções para as apoiar e para proporcionarcondições que permitam aos seus colaboradores atingir worklife balance.

A título de exemplo, as colaboradoras grávidas podem usufruir dos serviços disponibilizados nos postos médicos existentes nas instalações da Siemens, estacionar em lugares reservados a grávidas ou tirar dúvidas e trocar experiências na página do facebook Siemens MUMs.

“A oferta de estágios na Siemens pretende dinamizar um ensino prático e profissional que crie oportunidades de emprego”

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Os pais têm ainda a possibilidade de trabalhar a partir de casa, uma vez que os colaboradores têm equipamentos ou tecnologia necessários para o fazer, ou participar, no Verão e no Natal, no programa “Traga os seus filhos para a Siemens”, no âmbito do qual, durante as férias, é possível trazerpara as nossas instalações os filhos de colaboradores dos 3 aos 11 anos. Desde o seu arranque, já mais de duzentas crianças participaram nestas iniciativas.

Na componente de worklife balance disponibilizamos uma variedade de modalidades no ginásio nas instalações da Siemens em Alfragide, refeições na cantina e um cantinho saudável, no qual os colaboradores podem fazer uma alimentação saudável fora de horas.

O resultado desta estratégia é, do nosso ponto de vista, francamente encorajador. Cerca de 92% dos nossos colaboradores mostraram-se satisfeitos com estas medidas, dos quais 50% têm filhos. A média de filhos por colaborador da Siemens situa-se nos 1.6, acima da média nacional que se situa nos 1,03 filhos.

Que relevância tem a RSC na área da Educação, no âmbito da qual a Siemens aposta na Ciência e Tecnologia?
Como referi, a Siemens está presente em todas as fases do continuum educativo português, nomeadamente no ensino básico, secundário, superior e técnico-profissional, através de um conjunto de suportes de apoio e estímulo à engenharia e às ciências.

No âmbito do Ensino Secundário, a Siemens interage com os estudantes, oferecendo-lhes estágios e convidando-os a virem conhecer o que de melhor se faz na empresa, e também desenvolvendo uma série de iniciativas de estímulo à investigação, à criatividade e à participação activa em temas chave num mundo cada vez mais globalizado.

Com o objectivo de dar a conhecer o mundo do trabalho aos estudantes universitários, a empresa proporciona estágios curriculares e de Verão e a possibilidade de os alunos desenvolverem projectos finais de curso e teses de mestrado na empresa.

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Acção de reflorestação

O ambiente merece igualmente um forte investimento da Siemens a nível global, sendo a sede da empresa em Masdar (que recebeu recentemente a certificação energética máxima) o expoente máximo desse investimento. Que comentário faz a esta visão para a sustentabilidade e que projectos ambientais destaca em Portugal?
 No seguimento da estratégia mundial da Siemens, com especial enfoque no seu Portefólio Ambiental – que inclui soluções para todas as áreas da produção, transmissão e consumo de energia (edifícios, indústria e iluminação), assim como tecnologias ambientais para o controlo da poluição do ar – a Siemens já contribuiu, com estas soluções, para a redução das emissões de CO2 dos seus clientes em Portugal, em 6,2 milhões de toneladas.

Ao nível das iniciativas internas, todos os anos os colaboradores da Siemens têm um vasto leque de acções de voluntariado disponíveis nas quais se podem inscrever, nomeadamente ao nível da reflorestação. Este ano também têm a opção de fazer voluntariado em associações de protecção de animais. Paralelamente, a Siemens tem uma ligação de vários anos com o Jardim Zoológico de Lisboa, através da qual, entre outros projectos, tem vindo a apadrinhar animais.

A Siemens incentiva ainda os seus colaboradores a fazer gestão de resíduos, através da disponibilização em todas as instalações dos contentores necessários para o efeito, do desenvolvimento de ações de informação sobre a temática e da criação de indicadores de performance nesta área.

Para promover a sustentabilidade dentro da empresa, nas suas três vertentes – económica, social e ambiental –, a empresa criou a campanha interna “Herói da Sustentabilidade”, que visa fazer dos nossos colaboradores verdadeiros heróis nesta área.

EDUCAÇÃO
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“A arma mais poderosa para mudar o mundo”
Na área da educação, a Siemens cumpriu recentemente o sonho de Nelson Mandela de ter uma escola secundária na sua aldeia natal, inaugurando em Mvezo a Escola Mandela de Ciência e Tecnologia. A ideia nasceu após o compromisso assumido com o líder histórico sul-africano, em 2010, na sequência de um encontro do presidente da Siemens com Mandela.

Nos últimos três anos, e com um investimento de cerca de 7.6 milhões de euros, o projecto ganhou forma e a Escola Mandela de Ciência e Tecnologia foi inaugurada a 17 de Janeiro, contando com o apoio da empresa na construção desta infra-estrutura escolar, à qual forneceu também algum equipamento e suporte operacional e financeiro para os primeiros três anos de funcionamento.

A escola, que resulta da colaboração da Siemens, da Mvezo Development Trust, da comunidade de Mvezo e do Departamento de Educação e de Ciência e Tecnologia Sul Africanos, disponibilizará quatro áreas de especialização orientadas para a engenharia, ciência, tecnologia e agricultura, e permitirá o acesso ao ensino intermédio a aproximadamente setecentos alunos, que terão acesso à frequência do 8º, 9º e 10 º anos lectivos. O 11º ano será incorporado em 2015 e o 12 º ano em 2016, seguindo os programas de ensino nacional.

A nível global, a Siemens “aposta, desde sempre, na criação de condições para um ensino mais inclusivo, equilibrado na transmissão de conhecimentos práticos e teóricos e que valorize o rigor e a exigência, transmitindo uma experiência mais completa aos alunos, abrindo-lhes efectivamente o leque de opções e criando oportunidades de emprego”, explica a directora de Comunicação da empresa.

Este pressuposto materializa a visão de Madiba “A educação é a arma mais poderosa que podemos utilizar para mudar o mundo”. Desta forma, a Siemens identifica-se, nos seus valores e missão, com o lema “Educação é Liberdade”, eternizado na célebre frase de Nelson Mandela.

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Experiências para pequenos cientistas
A empresa é parceira da Ciência Viva no âmbito do Kit Experiências, um projecto vocacionado para crianças entre os seis e os 10 anos de idade, que permite apoiar a sua formação na área das Ciências.
Cada Kit Experiência é composto por duas caixas que permitem a realização de 25 experiências e jogos nas áreas da Electricidade e Energia, Saúde e Ambiente, que foram desenvolvidos em conformidade com o plano curricular dos alunos dos 3º e 4º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico, e que exemplificam fenómenos simples do dia-a-dia.

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Geração júnior a caminho do futuro
O programa “Braço Direito – Um dia no teu futuro”, da Junior Achievement Portugal, parceira da Siemens, tem por objectivo levar os alunos do ensino superior a sair do ambiente escolar e a contactar de perto com o quotidiano de um profissional no seu local de trabalho. Esta iniciativa, que permite a integração e troca de experiências entre os profissionais, em contexto empresarial, e os estudantes, é “um contributo estimulante para a chamada aprendizagem activa e fará com que os alunos levem para as salas de aula questões do quotidiano profissional, sobre as quais não teriam percepção sem esta vertente prática da aprendizagem”, sublinha ao VER Joana Garoupa.

Ainda no âmbito da Junior Achievement, a empresa tem estado envolvida no Workshop Global National Challenge,através do qual são seleccionadosos jovens representantes nacionais do Global Enterprise Project no European Challenge, que se realiza anualmente numa cidade europeia. A participação da Siemens na edição de 2013 envolveu a deslocação de vinte colaboradores voluntários a escolas, os quais foram mentores de alunos que estão a criar e a gerir uma míni-empresa.

Este tipo de iniciativas, sublinha, “está alinhado com o compromisso da empresa de potenciar a inovação e a qualidade do tecido empresarial nacional, assim como a empregabilidade dos recursos humanos portugueses”.