A L’Oréal Portugal foi recentemente reconhecida como a melhor filial da Europa no âmbito do seu compromisso para a promoção da igualdade de género no universo laboral, obtendo a avaliação máxima do GEES – Gender Equality European Standard. Faz isto de nós uma empresa moderna? Talvez. Mas, sobretudo, faz de nós uma empresa inteligente
POR INÊS CALDEIRA

Orgulho-me de três coisas fundamentais para o debate da igualdade de género. Orgulho-me de liderar uma empresa em que esta igualdade faz parte dos nossos valores. Orgulho-me de poder dizê-lo em voz alta, sem receio, porque os números assim o atestam. E finalmente, orgulho-me da educação que recebi, porque em casa e na escola tive sempre educandos que acreditaram que não havia o mundo das meninas e dos meninos.

Os resultados? Sou a primeira mulher a liderar as operações e a estratégia da L’Oréal em Portugal. E apesar de ter tido as minhas dúvidas ao longo do caminho, segui sempre em frente. Arregacei as mangas e fui à luta, sentei-me à mesa das decisões. Fi-lo sem desvirtuar os meus valores e de saltos altos, mas fi-lo.

Os números não enganam e, desde Março de 2014, a L´Oréal Portugal faz parte integrante da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

[pull_quote_center]As mulheres representam 60% dos diplomados e metade da força de trabalho em Portugal. Porque é que ainda existem diferenças abismais de salário e em cargos de liderança?[/pull_quote_center]

Recentemente foi reconhecida como a melhor filial da Europa no âmbito do seu compromisso para a promoção da igualdade de género no universo laboral, ao obter a avaliação máxima do GEES – Gender Equality European Standard. Esta foi a segunda vez que a filial portuguesa recebe este prémio. Faz isto de nós uma empresa moderna? Talvez. Mas, sobretudo, faz de nós uma empresa inteligente.

O equilíbrio é-nos mais favorável que o desequilíbrio. Sempre foi. O meu compromisso e o compromisso de todo o Comité Executivo da L´Oréal Portugal é continuar a promover uma cultura corporativa de respeito mútuo, de igualdade de oportunidades, de tratamento justo e sem discriminação relativamente ao género, mas também em relação à idade, à nacionalidade, à origem étnica, à origem social, a ser portador de deficiência, à função que se desempenha e ao estilo pessoal.

A quem me pergunta: porquê a igualdade de género? Eu respondo: porque não? Desafio as empresas que ainda não valorizam a igualdade de género como um tema estratégico e de elevada importância para a sua sustentabilidade a fazerem-no. Desafio as empresas a acreditarem na mudança e a verificarem as diferenças. Os resultados hão-de aparecer, indubitavelmente.

Todos constatamos uma maior participação da mulher no mundo corporativo, político e social, porém, sabemos que devemos acelerar a promoção da igualdade. É uma responsabilidade de todos, homens e mulheres, independente do sector e do grau de influência que pode exercer. Cada exemplo conta, cada conquista importa.

A vontade e o talento das mulheres são gigantes, e há uma enorme fome de conquista. Nós representamos 60% dos diplomados e cerca de metade da força de trabalho em Portugal. Porque é que ainda existem diferenças abismais de salário para cargos iguais? Porque é que as executivas representam apenas 5% dos cargos de liderança nas administrações? Porque é que nenhuma mulher ocupa os comités executivos das empresas que compõe o PSI 20?

Não é uma questão feminista. Não é uma questão de modernidade. É simplesmente uma questão de inteligência.

Porquê não fazer de Portugal um país exemplar? Somos um país pequeno, porém, podemos ser enormes em temas estratégicos e éticos como este. Devemos ter a ambição e coragem de ser um país-modelo.

Directora Geral da L’Oréal Portugal