À medida que navegamos num mundo dominado pela inovação tecnológica, pela mudança da dinâmica de trabalho e pelos crescentes apelos à inclusão, a liderança em 2025 continuará a sofrer uma profunda transformação. Espera-se que os líderes de hoje não só promovam o sucesso empresarial, mas também fomentem a ligação humana, abracem a diversidade e se adaptem a mudanças rápidas. O futuro pertence àqueles que consigam equilibrar a previsão estratégica com a empatia, tirando partido de novas ferramentas e práticas inclusivas para inspirar as equipas numa era definida por uma evolução constante
POR HELENA OLIVEIRA
Depois de mais um ano recheado de incertezas e vulnerabilidades, que afectaram não só as empresas e os locais de trabalho, empregadores e empregados, como também o clima social que se respira, espera-se que a boa liderança em 2025 continue a enfatizar a adaptabilidade, a inclusão e as estratégias orientadas para a tecnologia.
De um modo geral, os líderes deverão concentrar-se cada vez mais na compreensão e na resposta às necessidades emocionais das suas equipas, fomentando a confiança e promovendo o bem-estar; com a persistência de ambientes de trabalho híbridos, uma liderança eficaz exigirá fortes competências de comunicação virtual, flexibilidade e capacidade de manter a coesão da equipa em forças de trabalho distribuídas; os líderes deverão dar prioridade à criação de culturas inclusivas, à resolução de desigualdades sistémicas e ao aproveitamento de perspectivas diversas para a inovação; a familiaridade com a IA, automação e a tomada de decisão baseada em dados tornar-se-á cada vez mais crítica na medida em que se espera que os avanços tecnológicos continuem a acelerar; a capacidade de reagir rapidamente em resposta a disrupções, como mudanças no mercado ou crises globais, continuará a ser essencial e, talvez mais importante que tudo, os líderes não se podem esquecer que os trabalhadores procuram cada vez mais um sentido para o seu trabalho, o que os deve levar a alinhar os objectivos organizacionais com missões sociais ou ambientais mais amplas.
Numa pesquisa extensa, o VER apresenta de seguida um conjunto de tendências que, não sendo propriamente novas, muito provavelmente continuarão a moldar a liderança das empresas com vista à obtenção de bons resultados não só em termos de performance organizacional, mas também na persecução de um ambiente propício à boa gestão dos trabalhadores.
A constante adaptação a novos desafios, a colaboração e a liderança com autenticidade estão a tornar-se mais cruciais do que nunca
Já deixou de ser novidade, apesar de novidades não faltarem neste âmbito e terem um impacto cada vez mais significativo nas empresas e nos trabalhadores. Estamos a falar da Inteligência Artificial e é escolhida pelo Korn Ferry Institute (e, na verdade, por todos as demais fontes consultadas) como a “tendência mãe” a que todos os líderes devem estar atentos em 2025.
Num mercado cada vez mais competitivo, os líderes devem antecipar a mudança e impulsionar a inovação tecnológica. De acordo com o inquérito Global Workforce 2024 da Korn Ferry, quase dois terços (65,5%) dos líderes empresariais globais estão entusiasmados com o impacto da IA no seu trabalho. A maioria dos CEOs (73%) e dos executivos seniores (80%) acredita que a IA irá aumentar significativamente o seu valor nos próximos três anos. Uma abordagem positiva à tecnologia garantirá que os líderes utilizem novas ferramentas e sistemas para manter uma vantagem competitiva. Compreender e utilizar a IA na liderança é essencial para impulsionar a eficiência e tomar decisões informadas.
Para apoiar este objetivo, as organizações devem integrar a IA e outras tecnologias emergentes, oferecendo workshops e sessões práticas para os líderes aprenderem de que forma as aplicações de IA relevantes podem aumentar a produtividade. Uma exposição prática como esta ajudará a desmistificar a IA e incentivará os líderes a experimentar as suas capacidades. Além disso, incentivar projectos de IA em diferentes funções empresariais pode criar uma compreensão holística. Desta forma, os líderes podem obter diversas perspectivas sobre as aplicações de IA, promovendo uma abordagem mais integrada e inovadora e conseguindo uma maior adopção da tecnologia por parte dos seus trabalhadores.
Desta forma, há que dar prioridade a programas de liderança que adoptem a transformação digital e que garantem a aprendizagem contínua e a adaptabilidade. Ao promover um ambiente em que a educação contínua e a melhoria das competências são prioritárias, as organizações podem preparar a sua força de trabalho para melhor enfrentar os desafios futuros. A implementação de webinars regulares e de cursos online centrados nas tendências e tecnologias de IA emergentes ajudará a manter os líderes informados sobre os últimos desenvolvimentos, permitindo-lhes manterem-se actualizados – e à frente dos concorrentes que não o façam – e integrar novas tecnologias no seu planeamento estratégico de forma mais eficaz.
A promoção de uma liderança inclusiva que valorize a diversidade é também uma das tendências assinaladas pela Korn Ferry, que afirma que os líderes inclusivos deverão actuar como “Conectores-Chefes”, criando ambientes onde a colaboração e as diversas perspectivas impulsionam a inovação e o sucesso empresarial. A ênfase na empatia e na competência cultural garantirá que os líderes criem equipas fortes e inclusivas.
A capacidade de sermos plenos no trabalho varia muito entre os diferentes níveis de uma organização. Ainda de acordo com o Global Workforce 2024, os CEO (78%) e os executivos seniores (82%) são os que dizem sentir-se mais aceites, enquanto apenas 63% dos colaboradores individuais partilham este sentimento. Sempre que possível, as organizações devem considerar a criação de um conselho ou comité de diversidade para orientar as iniciativas de DE&I (Diversidade, Equidade & Inclusão) e promover uma cultura em que todos os colaboradores se sintam aceites e valorizados. Adicionalmente, é realçada a necessidade de os líderes serem ágeis e empáticos, compreendendo as diversas expectativas dentro das suas organizações. Para promover a liderança inclusiva, as organizações devem aumentar a consciencialização e a sensibilidade cultural através de programas de formação abrangentes.
Por outro lado, e no seguimento dos novos modelos de trabalho que tanto debate continuam a gerar, os líderes terão de inspirar e orientar as suas equipas através das complexidades dos ambientes de trabalho remoto e híbrido. Abraçar a mudança com agilidade e manter uma visão clara e focada no futuro será essencial para navegar neste cenário. Tal como tem acontecido desde o deflagrar da pandemia de Covid-19, a flexibilidade continua a ser um factor de importância extrema para reter os melhores talentos, com muitos empregados a indicarem que apenas permanecerão nas suas funções actuais se lhes for dado um horário flexível ou opções de trabalho remoto. É crucial integrar sem problemas a tecnologia de colaboração e produtividade relevante nos fluxos de trabalho diários e garantir que os líderes dominam estas ferramentas. Fornecer formação e partilhar as melhores práticas sobre como utilizar estas ferramentas pode ajudar os líderes a integrá-las nos seus fluxos de trabalho diários para aumentar a produtividade geral. É igualmente necessário ter em conta que os líderes devem criar confiança nas equipas remotas e híbridas para manter o empenho e a produtividade. Os dados mostram que a adopção da flexibilidade é um aspecto crucial da cultura de trabalho moderna. As organizações devem implementar actividades regulares de criação de equipas virtuais para promover a confiança e manter a coesão das mesmas. Estas actividades não só ajudam as equipas remotas e híbridas a sentirem-se mais ligadas e empenhadas, como também conduzem a uma maior produtividade e satisfação no trabalho.
Adicionalmente, a criação de confiança e a demonstração de autenticidade são cruciais para que os líderes apoiem efectivamente o bem-estar dos trabalhadores. Os líderes aumentam a produtividade geral e o envolvimento quando agem com coragem e demonstram resiliência para criar um ambiente de apoio onde o bem-estar é prioritário. Os empregados saudáveis são mais produtivos e empenhados. No exigente ambiente de trabalho actual, o bem-estar dos empregados nunca foi tão crucial. Um local de trabalho solidário e inclusivo aumenta a satisfação dos funcionários e impulsiona a produtividade e o sucesso a longo prazo. A implementação de programas de bem-estar abrangentes que se centram na saúde física, mental e emocional garante que os funcionários são bem apoiados em todos os aspectos.
A liderança “centrada no humano” a sustentabilidade e a ética são obrigatórias
Em 2025, os líderes deverão focar-se cada vez mais numa abordagem centrada no ser humano, dando prioridade à empatia, à inteligência emocional e ao bem-estar. Esta tendência responde ao crescente reconhecimento de que a saúde mental e emocional dos colaboradores tem um impacto directo na produtividade e no sucesso organizacional. Os líderes devem cultivar uma compreensão profunda das necessidades das suas equipas, promovendo um ambiente onde os indivíduos se sintam valorizados, apoiados e motivados.
Como tem acontecido nos últimos anos e com a crescente ênfase nos critérios ambientais, sociais e de governação (ESG), os líderes em 2025 terão de dar prioridade à sustentabilidade nos seus processos de tomada de decisão. Esta tendência reflecte a importância crescente da responsabilidade empresarial e a necessidade de as organizações contribuírem positivamente para a sociedade e para o planeta. Espera-se que os líderes defendam práticas sustentáveis, reduzam a pegada de carbono da sua organização e alinhem as estratégias empresariais com objectivos sociais mais amplos.
Paralelamente, e como todos podemos testemunhar, o ritmo da mudança no mundo dos negócios não mostra sinais de abrandamento e os líderes em 2025 terão de ser mais ágeis do que nunca. A liderança ágil envolve adaptabilidade, resiliência e resposta rápida a circunstâncias em mudança. Depois de criar um plano de negócios, o que é que um líder deve fazer? Tem de avaliar e adaptar as suas estratégias para se manter continuamente competitivo. Os líderes devem promover uma cultura de aprendizagem e experimentação contínuas nas suas organizações, incentivando as suas equipas a aceitar a mudança e a inovar. Esta tendência é essencial para as empresas se manterem competitivas num mercado em rápida evolução.
Tal como deveria acontecer todos os anos, em 2025 a liderança ética será crescentemente fundamental à medida que as organizações enfrentam desafios globais complexos e expectativas sociais cada vez mais exigentes. Os líderes serão chamados a defender os mais elevados padrões éticos, tomando decisões que não sejam apenas lucrativas, mas também moralmente sólidas. Esta tendência reflecte uma procura crescente de transparência, responsabilidade e integridade na liderança, à medida que as partes interessadas examinam cada vez mais as implicações éticas das práticas empresariais.
Por seu turno, a liderança orientada para o propósito, em que os líderes se concentram em alinhar a sua missão com um objectivo social ou ambiental mais amplo, ganhará ainda mais força em 2025. Esta tendência é impulsionada pela expectativa crescente por parte de funcionários, clientes e investidores de que as empresas contribuam para um bem maior. Os líderes orientados pelo propósito irão inspirar e motivar as suas equipas, ligando o seu trabalho a resultados significativos e com impacto, e indo bem além do lucro.
Liderança intergeracional, gestão da mudança e inteligência emocional
De acordo com o Skills Horizon Report 2025, a capacidade de liderar entre gerações é uma competência que as organizações devem ter em atenção e para a qual devem preparar os seus líderes. Muitos líderes falaram aos autores do Skills Horizon Report sobre os desafios crescentes na gestão das diferenças intergeracionais. Estas diferenças podem dizer respeito a práticas e estilos de trabalho, bem como a expectativas diferentes em relação ao feedback e ao que é importante para um trabalho e uma carreira de sucesso. Vários estudos comprovam que há muitos benefícios a obter se se conseguir ajudar os líderes a tirar o máximo partido da diferença entre gerações e a encará-la como uma oportunidade e não como um desafio. Ou seja, cada vez mais, os líderes têm de criar um “terreno comum” que albergue as suas diferentes equipas, ajudá-las a ultrapassar diferenças de opinião ou perspectivas distintas, promover um sentimento de pertença e orientá-las para trabalharem em conjunto para um objectivo comum.
A mudança é uma constante na esmagadora maioria das organizações. E os líderes devem desempenhar um papel importante na forma como as suas equipas vivenciam e se adaptam à mesma. Quer se trate de uma mudança provocada pela IA, de uma mudança tecnológica mais alargada, de uma mudança na estrutura de uma organização, de uma mudança no panorama regulamentar ou de uma mudança nas expectativas das partes interessadas, a capacidade de liderar através da mudança – e de ajudar os funcionários a adaptarem-se a ela – é uma competência essencial para os líderes. Para além disso, os líderes têm de ajudar a definir uma visão de um futuro positivo. É crucial centrar-se nas razões pelas quais uma mudança está a acontecer, ajudar os empregados a ver o papel que podem desempenhar na sua modelação e ajudá-los a ver como esta conduzirá a organização a um lugar melhor.
A Inteligência Emocional foi uma das 5 principais tendências de liderança identificada pela Forbes que impulsionou o sucesso em 2024, e permanece no mesmo top 5 para 2025. E crescem os estudos recentes que mostram que níveis mais altos de inteligência emocional estão correlacionados com uma liderança mais eficaz, melhor clima organizacional, melhor comunicação, melhor tomada de decisão, melhor resolução de conflitos e níveis mais altos de envolvimento dos funcionários. Os programas de liderança que visam aumentar as competências no que respeita à inteligência emocional devem ajudar os líderes a apreciar a força de serem auto-conscientes das suas emoções, explorar tácticas que podem ajudar a regular as emoções, explorar a motivação interna, e concentrarem-se na empatia e nas competências sociais para ajudar a construir boas relações.
Em suma, o futuro do desenvolvimento da liderança depende da adopção ou do enfatizar destas tendências-chave. A interligação destas tendências exige uma abordagem holística ao desenvolvimento da liderança. Ao cultivar líderes adaptáveis, inclusivos e em constante aprendizagem, as organizações podem garantir um sucesso sustentado num ambiente empresarial em constante evolução. A adopção destas ideias preparará os líderes para impulsionar a inovação e manter uma vantagem competitiva.
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Editora Executiva