O European Consumer Payment Report (ECPR) fez um estudo com 21.317 cidadãos europeus de 21 países, incluindo Portugal
POR ALEXANDRA NORONHA / NEGÓCIOS

Um estudo do European Consumer Payment Report (ECPR), desenvolvido pela consultora Intrum Justitia, chegou à conclusão que 49% dos portugueses “afirmam que muitas vezes não conseguem pagar as contas e 50% identificaram alguns períodos na sua vida em que não puderam pagar as suas dívidas”. Ainda que 94% dos inquiridos digam que é importante pagar sempre as contas dentro dos prazos, 29% garantem que neste momento “não têm dinheiro suficiente para ter uma vida digna”, segundo o mesmo estudo, citado num comunicado.

O trabalho contou com a participação de 1010 consumidores nacionais, incluídos num grupo de 21.317 cidadãos europeus de 21 países. “50% dos entrevistados portugueses afirmam não ter pago algumas das suas contas a tempo nos últimos doze meses, uma percentagem idêntica à média europeia (48%) e ligeiramente abaixo da verificada na Hungria, onde 65% dos inquiridos afirmam ter passado por esta situação”, adiantou o comunicado.

As razões para os atrasos apontam para falta de liquidez (51%), mas não só. Os consumidores falam em “esquecimento” e “vontade”.

17% dos inquiridos “pediram dinheiro emprestado nos últimos seis meses, um ligeiro aumento comparativamente ao ano anterior (15%). E, mais de metade das pessoas que pediram dinheiro emprestado (65%), escolheu a família como principal fonte de financiamento, 23% os amigos e 14% pediram um empréstimo ao banco”, adianta o mesmo documento.

[quote_center]Dos 1010 portugueses inquiridos, 58% não conseguem poupar dinheiro mensalmente[/quote_center]

Dos portugueses inquiridos, 58% não conseguem poupar dinheiro mensalmente. “Dos 42% que economizam dinheiro mensalmente, 74% fazem face a despesas imprevistas, para viajar (42%) e para o caso de perderem o emprego (32%). No entanto, 35% afirmam que poupam algum dinheiro a pensar na reforma e, neste âmbito, 63% investem as suas economias em contas poupança, um valor bastante elevado, comparativamente com o investimento em acções e participações (10%) ou a subscrição de títulos do tesouro (15%), apesar da actual tendência em baixa das taxas de juro”, adiantou o ECPR.

A diminuir está a intenção de emigrar, que é de 17% este ano, comparado com 40% do ano passado. “O estudo europeu revela que Portugal está contemplado nas opções como destino de emigração de 11% dos franceses e de 5% dos suíços, o que se apresenta como novidade nas conclusões do ECPR”, diz o comunicado.

O estudo conclui ainda que, dos inquiridos, “58% têm cartão de crédito, 26% gastam dinheiro regularmente em compras online, 33% fizeram este ano mais compras online e 50% preferem receber as suas contas em formato digital”.

Negócios, 24 de Novembro de 2016. Republicado com permissão