POR DAVID ZAMITH
CAPACIDADE INSTALADA: eis um tema que não vemos abordado na propalada “votem em nós – criaremos empregos” e que nos parece ser um ponto de partida em análise séria e construtiva. Ou seja, a Indústria e os Serviços, como âncoras das nossas exportações, estão num patamar de total ocupação da sua capacidade instalada? A nós parece-nos que não, embora felizmente se possam reconhecer muitas melhorias, até porque continua a existir uma enorme volatilidade ao nível do fluxo de encomendas nas empresas, reconhecidamente com altos e baixos, o que só por si mitiga uma saudável lógica pró-investimento e pró-emprego.
NOVAS TECNOLOGIAS INOVADORAS: lado a lado com a capacidade instalada verifica-se em Portugal, como na generalidade dos países Europeus, onde existem projectos de investimento e felizmente em crescendo, um apontar quase na sua totalidade para áreas de Tecnologias Inovadoras e/ou Diferenciadoras, em Automação! Ou seja, bem-vindas as Tecnologias que nos põem na vanguarda, dando respostas às reais e novas exigências dos mercados (Qualidade, Competitividade, Rapidez, Flexibilidade, Custos e Inovação Diferenciadora), alavancadas em automatismos que só por si exigem colaboradores de média / alta formação mas com o ónus de menos emprego.
DESEMPREGO: outro tema real, para o qual não se ouve uma palavra (excepção ao Banco de Portugal) e que tem a ver com a gravidade em que se encontram muitas empresas com reconhecida viabilidade económica, mas em sofrimento por tesouraria enxuta (“stress financeiro”), e caso não sejam devida e rapidamente ajudadas poderão ser levadas ao declínio! Fundamental evitar-se o aumento do desemprego.
PAGAMENTOS EM ATRASO: uma das forma de retirar essas empresas do “stress financeiro” está sobejamente identificada, como o acesso a meios de recapitalização, mas gostávamos de realçar o eterno problema dos Atrasos nos Pagamentos, drama criador só por si de desemprego e que António Pinto Leite, na abertura do recente 6º Congresso Nacional da ACEGE realçou, referindo o estudo de Augusto Mateus sobre Atrasos dos Pagamentos, que ´são responsáveis pela perda de 14.000 de postos de trabalho anualmente, referindo a necessidade de “lutarmos todos contra o flagelo dos Pagamentos em Atraso, verdadeiro desgaste económico e humanitário ”. Portugal, seguindo as orientações comunitárias pôs em lei (Decreto-Lei N. 62/2013 que entrou em vigor a 1 de Julho de 2013) a obrigatoriedade do Pagamento Pontual, seguindo as orientações de 30 e 60 dias, mas, sem ser resolvido o problema de base, é mais uma lei para não ser cumprida, um facto actual e real, sendo ainda pior o facto de o Estado e as suas Entidades Públicas estarem a pagar em média a 129 dias, segundo estudo a renomada Intrum Justitia (Índice de Risco – Portugal 2014), com consequências nefastas reportadas ao nível da competitividade, liquidez, redução de estruturas ou pela incapacidade de gerar Investimento e Criação de Emprego.
SISTEMA BANCÁRIO: À injecção do BCE de 1,14 biliões de euros em dinheiro fresco na zona euro, qual a percentagem que efectivamente chega às empresas, nomeadamente às PME com “stress financeiro”? Ou será que o problema do sistema financeiro é tal que a maioria dessa injecção é utilizada para a sustentabilidade da própria banca a fim de poder dar cumprimento aos Acordos do Basileia III? Certo é que o problema anteriormente analisado se mantém e as soluções rareiam!
– Para melhorar o Emprego é fundamental que a banca assuma o seu papel no Financiamento da Economia Real!
– Para melhorar a Liquidez das empresas é fundamental que o Estado Português Pague Atempadamente?
– Para os empresários ganharem Confiança é fundamental que os políticos falem Verdade!
A aposta pró Emprego deverá estar na trilogia: Re-Industrialização + Serviços + Centros do Conhecimento.
ACEGE - Núcleo do Porto