Num mundo que muda tão rapidamente e num país tão pequeno como Portugal, que necessita de três intervenções do FMI em 36 anos, torna-se evidente que a aposta na educação constitui a única alternativa possível para que, no futuro, se consiga gerar um desenvolvimento que seja bom para toda a sociedade Se por um lado as únicas notícias que ouvimos são sobre os cortes orçamentais e a subida dos impostos, na realidade existem vários assuntos que continuam a ser desenvolvidos a nível internacional, e que nos dizem respeito. A crise que estamos a viver em Portugal tem-nos aumentado a miopia relativamente ao futuro, o que pode implicar um retrocesso civilizacional da nossa sociedade. Para que isso não aconteça é necessário fortalecer a educação de conceitos humanistas e éticos, de forma a gerar gestores e economistas com preocupações sociais e ambientais, ou seja, para gerar agentes decisores com preocupações de longo prazo, terminando com a cruz que carregamos eternamente às costas: a miopia e a pequenez de pensamentos. Temos tudo para avançar com este reforço educacional:
O conceito de educação para a sustentabilidade não é mais do que a ideia de que devemos promover um mundo mais sustentável através de formas diferentes de educação, formação e actividades que contribuam para a consciencialização do público em geral para a importância dos temas ambientais, sociais e económicos, constituindo igualmente uma oportunidade para se repensar as abordagens actualmente existentes relativamente aos desafios globais. O ensino da gestão
A educação para a sustentabilidade é um tema novo nas agendas das escolas, apesar de não o ser ao nível do debate internacional. De acordo com a UNESCO, a educação para a sustentabilidade foi inicialmente abordada por pessoas fora da comunidade educativa, tendo como maiores impulsionadores as Nações Unidas e as organizações para a cooperação e desenvolvimento económico. Para tal e ainda de acordo com os objectivos da Agenda 21, há que promover a integração de conceitos ambientais e de desenvolvimento, incluindo a questão premente da demografia, em todos os programas educativos, em particular a análise das causas destas mesmas questões em contextos locais, com base em evidências científicas e em outras fontes apropriadas de conhecimento, conferindo um ênfase especial à formação contínua de decisores a todos os níveis. Adicionalmente, urge implementar técnicas participativas de ensino e métodos de aprendizagem que motivem os jovens a mudar os seus comportamentos. O que implica que a educação para o desenvolvimento sustentável promova a criação de competências ao nível do pensamento crítico, da conceptualização de cenários futuros e da capacidade de decisão em formatos colaborativos. De acordo com vários autores, para que esta abordagem à educação seja bem conseguida, é necessário o desenvolvimento de diferentes formas de raciocínio associadas ao pensamento sistémico, à responsabilidade intergeracional, à protecção e promoção do valor partilhado proveniente de recursos, e à consciencialização das forças motoras da economia, tendo por base o conceito de responsabilidade estratégica. O que pensam os portugueses Desta sondagem pode-se concluir que a sociedade anseia por líderes bastantes diferentes do Homo Economicus, que tem caracterizado a sociedade ocidental nos últimos trinta anos. Desejar a existência de líderes que não coloquem o lucro para o accionista como a missão principal da empresa, a teoria defendida pelo economista Milton Friedman, pode colocar em causa os modelos económicos e de gestão vigentes, uma vez que estes assumem precisamente que o Homem é racional e actua de forma egoísta e no seu interesse próprio.
Perante os resultados do inquérito, podemos facilmente concluir que os portugueses desejam líderes íntegros, capazes de antecipar as tendências futuras e que tenham pensamento estratégico, características imprescindíveis para evitar uma outra crise semelhante à que grassa no nosso país (e não só) na actualidade. É possível igualmente deduzir, das respostas dadas, que os portugueses acreditam que estes novos líderes só poderão ser criados se, na formação básica dos 2º e 3º ciclos, forem incluídos, de forma obrigatória, os temas do empreendedorismo, cidadania e sustentabilidade. Os portugueses estão bem cientes da importância desta mudança, ao identificarem como as três principais disciplinas capazes de influenciar um bom líder do futuro a Matemática, o Português e a Cidadania. Talvez seja por isso mesmo que 97% dos auscultados defendam que os jovens deveriam ter uma participação mais activa na sociedade. Torna-se assim, mais uma vez, evidente a necessidade e a utilidade de auscultar a população sobre as suas expectativas. Na realidade, a população portuguesa, sem ter conhecimento da Década para a Educação do Desenvolvimento Sustentável, evidenciou de forma simples a necessidade de incluirmos os temas da cidadania e da ética, que acabam por integrar a definição ampla de sustentabilidade, no ensino das crianças, jovens e adultos. E é com a missão de promover a divulgação destes temas junto dos mais novos que surge em Portugal a Associação The K-Evolution. Complementar a esta promoção, é também com a missão de incorporar estes temas nas formações de Executivos que surge o Sustainability Knowledge Lab do INDEG – IUL, ISCTE Executive Education. |
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CEO da Systemic