É conhecido este mês o projecto vencedor do InAqua- Fundo de Conservação by Oceanário de Lisboa e National Geographic Channel, que estimula empresas e sociedade a envolverem-se activamente na conservação de espécies ameaçadas e dos ecossistemas aquáticos. O VER conversou com os responsáveis do Oceanário de Lisboa por este Fundo sobre o reconhecimento global de que “a biodiversidade é um activo de grande valor para as gerações actuais e futuras”, e sobre o contributo do aquário – que acolhe anualmente um milhão de visitantes – para a investigação na área da ciência, mas também para a educação ambiental e para a cultura
O InAqua – Fundo de Conservação by Oceanário de Lisboa e National Geographic Channel apoia projectos inéditos desenvolvidos em território nacional, que possam contribuir de forma decisiva para a conservação de espécies ameaçadas e da biodiversidade aquática em geral. Criado com o objectivo de estimular o sector empresarial e a sociedade civil a envolverem-se activamente na conservação dos ecossistemas aquáticos, este Fundo “assume um papel essencial e colaborativo nos esforços de manutenção da biodiversidade existente”. Constatando que “a ameaça às espécies e ecossistemas nunca foi tão elevada como actualmente”, o InAqua visa contribuir para “o reconhecimento global de que a diversidade biológica é um activo de grande valor para as gerações actuais e futuras”. Na sua segunda edição, dedicada ao tema “Rias, estuários e lagoas de Portugal – conhecer e conservar”, serão atribuídos quinze mil euros ao projecto vencedor, que será conhecido a 22 de Janeiro. Este montante destina-se à implementação do projecto, que deverá contribuir para a conservaçãodestes importantes ecossistemas em Portugal. A propósito deste Fundo de Conservação dos ecossistemas aquáticos, mas também do largo contributo do Oceanário de Lisboa para a investigação na área da ciência, para a educação ambiental e para a cultura, o VER entrevistou Núria Baylina e Miguel Tiago de Oliveira, responsáveis do Oceanário de Lisboa pelo Fundo InAqua. A conversa estendeu-se do reconhecimento da confiança que os diversos stakeholders, “entre eles mais de 16 milhões de visitantes”, depositam no Oceanário em resultado “da excelência da sua exposição, da experiência e know-how nas áreas da ciência, da educação, da promoção cultural, do entretenimento e lazer e da responsabilidade ambiental e social”, ao reforço de um desígnio que conta já com quinze anos de vida: promover o conhecimento sobre os oceanos e sensibilizar para o dever da conservação do património natural, através da alteração de comportamentos. E são perto de um milhão, os visitantes que anualmente acorrem ao aquário inaugurado na Expo 98. Um número que multiplica a capacidade desta “plataforma neutra para a congregação de estratégias e vontades” para cumprir a importante missão de conservar um recurso tão valioso, nos seus diversos potenciais. Como surgiu este Fundo de Conservação lançado pelo Oceanário e qual é o envolvimento do National Geographic Channel, enquanto parceiro do projecto? Que razões presidiram à escolha do tema desta 2ª edição: “Rias, estuários e lagoas de Portugal – conhecer e conservar”? Estes ecossistemas apresentam-se severamente afectados pelas actividades humanas como a pesca, dragagem e descarga de produtos orgânicos e químicos. A poluição, degradação e perda de habitat generalizada revelam já consequências para a fauna e flora. Estes ecossistemas são de extrema importância a nível regional, apresentando um óbvio valor ecológico e científico, económico e social. A sua elevada biodiversidade (marinha e terrestre), bem como as questões socioeconómicas associadas, determinam a necessidade premente de proteger e conservar estas zonas. Foram estas as razões que levaram à escolha do tema. Acreditamos que o investimento em projectos nesta área pode ter um elevado retorno na conservação da biodiversidade. De que modo acompanhou o Oceanário os projectos vencedores na 1ª edição do InAqua, dedicada à Conservação da Biodiversidade dos Oceanos?
Os dois projectos apoiados estão a ser desenvolvidos em território nacional e contribuem para o conhecimento e a sobrevivência de habitats e espécies marinhas ameaçadas. No primeiro, estamos a falar do local onde já existiu a maior densidade de cavalos-marinhos do mundo, e cuja presença hoje está muito reduzida. Já no âmbito do projecto “Deep Reef”, está a ser estudado e conhecido o habitat de recifes de profundidade em Portugal, habitat em muitos casos desconhecido e que pelas suas características é extremamente sensível. O Oceanário, para além de garantir o desenvolvimento destes projectos através do seu financiamento, apoia-os na divulgação junto da sociedade civil e controla o seu desenvolvimento através dos relatórios que recebe periodicamente, garantindo assim que o investimento feito pelos parceiros do Fundo InAqua é bem aplicado e eficiente nos fins a que se destina. Os resultados finais dos projectos vencedores da edição de 2010 serão conhecidos e divulgados em breve, pois ambos terminaram no final de 2012. A 22 de Janeiro será conhecido o vencedor da 2ª edição do Fundo, que receberá um prémio de 15 mil Euros, destinado à implementação do seu projecto. Que critérios presidem à escolha do projecto vencedor? São valorizados os projectos que apresentem uma componente de trabalho in-situ, assegurem a qualidade científica do trabalho, constituam iniciativas sustentáveis susceptíveis de continuidade após o término do projecto e potenciem a educação, sensibilização e ação local da população. A avaliação das candidaturas e a escolha do projecto vencedor é efectuada por um Júri composto por peritos de reconhecido mérito na área em questão. O InAqua visa estimular o sector empresarial e a sociedade civil a participarem activamente na conservação dos ecossistemas aquáticos. Como é que o projecto estabelece essa cooperação com empresas e organizações e qual é a importância do seu envolvimento numa causa tão estrutural quanto a da preservação da biodiversidade e das espécies ameaçadas? Ao longo dos últimos anos, o Oceanário de Lisboa tem consolidado a participação e apoio à conservação dos oceanos. Fiel à sua missão de promover o conhecimento sobre os oceanos e sensibilizando os cidadãos em geral para o dever da conservação do património natural, através da alteração dos seus comportamentos, tem vindo a desenvolver colaborações com empresas no sentido de apoiar instituições e universidades em projectos de investigação científica e de conservação. A criação deste fundo permite que empresas que se pretendam diferenciar, no âmbito dos seus projectos de sustentabilidade e responsabilidade ambiental e social, o possam fazer ligando-se ao mar e aos habitats aquáticos, associando-se ao Oceanário de Lisboa e ao National Geographic Channel, e garantindo assim a qualidade e contribuição para a conservação da biodiversidade dos projectos que apoiam. Neste contexto, em 2012 o financiamento do “Fundo InAqua” contou com o apoio do Hard Rock Cafe Lisboa, através da venda de edições especiais de pins de coleccionador, do Il Caffè di Roma, através da campanha “Peça um café. Ajude a salvar os oceanos!”, e da Throttleman, através do montante angariado com a venda da linha de t-shirts de algodão orgânico, produzida no âmbito da campanha solidária “Throttleman apoia os Oceanos”.
A assinalar quinze anos de vida em 2013, o Oceanário de Lisboa recolhe hoje um reconhecimento internacional enquanto expoente da ligação de Portugal aos Oceanos, recebendo anualmente perto de 1 milhão de visitantes. Que balanço fazem da actividade desenvolvida, no que concerne o contributo dado à valorização do Oceano como património do futuro e à relevância que a Economia do mar assume no nosso País? O Oceanário de Lisboa continuará a desenvolver a sua actividade em linha com a missão que se propôs seguir: sensibilizar para a conservação dos oceanos, através da alteração de comportamentos. Neste sentido, o estabelecimento de parcerias e de relações com diversas instituições com interesses congéneres, o apoio a projectos de conservação in situ, e a actividade como agente de educação ambiental dentro e fora do equipamento são fundamentais. Assim, o posicionamento conseguido até hoje, enquanto plataforma neutra de união de vontades e estratégias para o desenvolvimento da ciência, cultura e da Economia do Mar em Portugal ver-se-á reforçado e com continuidade. Desenvolvem continuamente programas e actividades educativas (para famílias e escolas). Que projectos destacam (como o Vaivém Oceanário, Dormindo com os tubarões, O Nosso Mar, exposições temporárias), e que resultados têm ao nível da sensibilização dos diversos públicos para a conservação da natureza e para a alteração de comportamentos? Assim, assumindo a tendência evolutiva dos aquários modernos, o Oceanário desenvolve continuamente, desde 1999, actividades educativas dirigidas a todos os públicos, tendo recebido até aos dias de hoje mais de 600 mil participantes. Através de uma procura contínua de estratégias novas e criativas para a promoção do conhecimento dos oceanos e da sua biodiversidade, enquanto se foca nos desafios ambientais da actualidade, o Oceanário apresenta um Programa de Educação com mais de quarenta actividades diferentes. O Programa de Educação inclui um projecto de educação ambiental em movimento, o Vaivém Oceanário, que se dedica a divulgar a missão do Oceanário pelo país, com experiências educativas, de acesso livre, organizadas a pedido dos municípios. O Oceanário pretende ainda criar uma nova exposição temporária de três em três anos, permitindo abordar temas da actualidade, relacionados com os oceanos e a sua conservação. O Oceanário colabora com várias instituições em projectos de investigação científica, de conservação da biodiversidade marinha e para o desenvolvimento sustentável dos oceanos, e também presta consultoria a vários aquários através da sua equipa de biólogos e de engenheiros. Quais são as grandes apostas para a consolidação da vossa missão: promover o conhecimento dos oceanos e apoiar a conservação dos oceanos? As grandes apostas de futuro para apoiar a conservação dos oceanos são aumentar a qualidade do trabalho que realizamos nesta área através da força de comunicação que o Oceanário tem junto da sociedade civil, e aumentar a capacidade de apoio à conservação através do desenvolvimento de parcerias e de oportunidades inovadoras, com o objectivo de fomentar e incrementar o financiamento a projectos. Implementaram um Sistema Integrado de Gestão da Qualidade e Ambiente, e foram o primeiro aquário público da Europa a obter as Certificações de Qualidade ISO 9001, 14001 e EMAS (Eco-Management and Audit Scheme). De que importância estratégica se reveste, para a sustentabilidade do Oceanário, primar pela eficiência nos seus sistemas de gestão e comunicar o seu desempenho ambiental? De que modo pretendem reforçar a vossa vertente de Responsabilidade Social? O posicionamento e qualidade de serviço, implementadas ao longo dos anos, suportam a liderança da Instituição como aquário público com papel de relevo na sociedade ao nível da visitação, da conservação da natureza e da educação ambiental. Constitui uma preocupação constante da empresa minimizar o seu impacto sobre o meio ambiente. O desempenho ambiental e os investimentos realizados e previstos nesta área estão alinhados com a missão do Oceanário e são comunicados anualmente na declaração ambiental validada pelo registo EMAS (Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria). É também nossa preocupação garantir a acessibilidade ao equipamento por todo o público nacional. Para o efeito, existem parcerias com diversas instituições e entidades que possibilitam o acesso às exposições por valores muito abaixo do valor de bilheteira. Ao longo do ano desenvolvemos ainda actividades inseridas no âmbito da Responsabilidade Social, que envolvem colaboradores e parceiros. É o caso da angariação de brinquedos, das recolhas de sangue, do apoio a causas solidárias, como a Fundação do GIL, de acções de educação ambiental através do Vaivém Oceanário e, habitualmente na época do Natal, da ação “Oceanário Solidário”, que possibilita a visita gratuita a instituições carenciadas.
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Jornalista