A propósito de mais um Dia Internacional da Mulher, que celebrámos no passado dia 8 de março, vale a pena fazermos uma reflexão sobre a importância de valorizarmos o talento feminino. E sendo a educação uma parte fundamental deste processo e, como a grande maioria dos estudantes em carreiras relacionadas com a educação são mulheres, temos uma grande oportunidade de continuar a transmitir a mensagem de que o talento não tem género
POR ELISABETTA PARROCO

Em Portugal, as mulheres representam 52,3% da população, de acordo com o último Censos. No entanto, de acordo com a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, têm uma taxa de atividade (56,6%) que é significativamente inferior à dos homens (64,2%) – uma diferença de 7,6 pontos percentuais.

Além disso, a taxa de inatividade com 15 e mais anos é superior nas mulheres, apresentando um diferencial de 8,2 pontos percentuais face aos homens. Isto demonstra a existência de barreiras que ainda limitam a sua plena participação no mercado de trabalho.

Embora em Portugal quer nas matrículas, quer nas conclusões no ensino superior, o número de raparigas seja globalmente superior ao dos rapazes, elas continuam sub-representadas nas áreas das tecnologias da informação e comunicação, das engenharias, das indústrias transformadoras e construção e no sector dos serviços.

Além disso, na esfera empresarial, o mais recente relatório (de 2024) da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, refere que “apesar de mais escolarizadas, as mulheres continuam a auferir menos do que os homens” e que “quanto mais habilitadas e qualificadas são as mulheres, menos elas ganham relativamente aos homens”.

Também ao nível da Administração Pública, apesar de estar estipulado na lei um regime da representação equilibrada entre homens e mulheres, e de trabalharem mais mulheres do que homens neste setor, “são eles que ocupam a maioria dos cargos de dirigentes mais altos (de 1º grau), tanto na Administração publica central, como nas Administrações Regionais dos Açores e da Madeira e ainda na Administração local.”

Finalmente, um estudo recente da Odgers Berndtson Board Solutions revelou que os conselhos de administração das maiores empresas portuguesas têm hoje mais mulheres do que há uma década, mas só 17% dessas profissionais ocupam cargos de decisão.

Todos os dados revelam progressos significativos nos últimos anos, mas, ao mesmo tempo, mostram que ainda há um longo caminho a percorrer. A educação é uma parte fundamental deste processo e, como a grande maioria dos estudantes em carreiras relacionadas com a educação são mulheres, temos uma grande oportunidade de continuar a transmitir a mensagem de que o talento não tem género.

O talento feminino pode liderar a mudança

Trabalho num sector tradicionalmente dominado por homens, o da logística e tecnologia. E é precisamente por isso que estamos a promover o talento feminino a partir do zero, com o objetivo de transformar não só a minha empresa, como o setor em que ela se enquadra.

Acreditamos firmemente que só investindo no talento seremos capazes de mudar as regras do jogo. Mas o talento tem de ser formado e promovido. Para isso, é essencial envolver as estruturas educativas e promover o acesso de mais mulheres aos estudos em STEM, o que permitirá a entrada de mais profissionais altamente qualificadas no mundo empresarial. As empresas tecnológicas necessitam de perfis específicos que nos ajudem a continuar a liderar e a inovar no sector.

Além disso, já estamos a fazer a diferença: 50% da equipa de gestão da InPost é composta por mulheres, o que reflete o nosso verdadeiro compromisso com a equidade e a representação feminina na tomada de decisões.

Mas o nosso compromisso vai para além dos números. Nos nossos processos de recrutamento, incentivamos ativamente a incorporação do talento feminino, garantindo a igualdade de oportunidades em todas as fases.

De facto, optámos por candidatos do sexo feminino, assegurando que nenhuma circunstância pessoal constituiu um obstáculo ao seu recrutamento.

Porque estamos convencidos de que o talento não conhece barreiras e que só com uma abordagem inclusiva podemos construir equipas mais diversificadas, mais fortes e preparadas para o futuro.

Talent Learning & Development Senior Manager na InPost Ibérica. Baseada na Catalunha, tem uma carreira de quase três décadas, sempre dedicada à área dos recursos humanos. Desde 2024 a trabalhar na InPost Ibérica, está a usar o seu know-how e experiência para mudar a cultura, não apenas da empresa, mas do setor em que esta se integra.

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