POR ANTÓNIO RODRIGUES*
Durante a última década, assistimos a um aumento sem precedentes da volatilidade económica e das perturbações mundiais, no mundo globalizado em que prevalecem economias e empresas cada vez mais interligadas e interdependentes.
O novo ambiente exige às organizações capacidades de desenvolver resiliência combinando a capacidade para, no imediato, enfrentarem os impactos de choques, com a capacidade para, no longo prazo, se adaptarem às condições da mudança constante.
O desempenho superior da empresa é resultado da combinação entre habilidades, recursos e competências com a sua capacidade de resiliência e agilidade estratégica. Sendo assim, as organizações devem estar preparadas para lidar com adversidades e prontas para tirar proveito de oportunidades imprevistas.
Juntas, a agilidade estratégica e a capacidade de resiliência podem preparar a organização para o dinamismo do mercado, e recuperar a sua vitalidade após eventos conturbados, para que se tornem mais ágeis em função do resultado de experiências adversas, como reflexo da aprendizagem adquirida nessas situações (Lengnick-Hall & Beck)1.
Por outro lado, as organizações devem ser capazes de reinventar os seus modelos de negócios antes que as circunstâncias se encarreguem de fazê-lo. Actualmente a habilidade de ser resiliente ao reinventar o modelo de negócio e a estratégia de forma ágil, conforme as circunstâncias mudam, assumiu um papel vital para as organizações que desejam sobreviver no dinamismo actual do mercado.
[pull_quote_left]As organizações devem ser capazes de reinventar os seus modelos de negócios antes que as circunstâncias se encarreguem de fazê-lo[/pull_quote_left]
Assim, a resiliência estratégica não diz respeito a responder a crises pontuais ou perdas momentâneas, mas sim a antecipar as mudanças a fim de evitar que elas afectem de forma negativa os negócios de uma empresa. Na perspectiva de Hamel & Välikangas2, a organização verdadeiramente resiliente constrói o futuro, muito mais do que defende o passado.
Os drivers de mudança exigem não só um processo ágil de ajustamento e adaptação, mas também uma capacidade de antecipação e flexibilidade sustentada pelos recursos da organização. A improbabilidade deu lugar à probabilidade, mas são as organizações capazes de lidar com as grandes perturbações que assolam os tempos actuais?
A palavra “metanóia” significa mudança de mentalidade e talvez seja a denominação mais exacta para descrever o que acontece numa organização que aprende. A organização que aprende deve estar continuamente a expandir a capacidade de criar o seu futuro e também de aprender com vista à sobrevivência e à adaptação. Entender o significado de “metanóia” é entender o significado de aprendizagem, pois esse envolve uma alteração fundamental no processo de mudança mental dos gestores.
A importância da gestão do conhecimento nas organizações auxilia a liderança na implementação de novas visões nas organizações e promove a comunicação entre os stakeholders internos.
Agir com resiliência é gerar competitividade. Contudo, as organizações só beneficiarão se os gestores estiverem à altura de aceitar e compreender o desafio de criar organizações cada vez mais ágeis, flexíveis e resistentes, assentes na mudança do paradigma prevalecente, o de uma estratégia de gestão de risco para a resiliência.
[1] Lengnick-Hall, C.A. & Beck, T.E. (2009). Resilience capacity and strategic agility: prerequisites for thriving in a dynamic environment. In: C. Nemeth, E. Hollnagel and S. Dekker (Eds.). Preparation and Restoration. Aldershot UK: Ashgate Publishing.
[2] Hamel G. & Välikangas, L. (2003). The quest for resilience. Harvard Business Review.
Professor Universitário