Já diz o povo que “a brincar, a brincar se dizem as verdades”. E foi através do humor e com muita inspiração, que a Inspire, uma empresa de consultoria em comunicação para o desenvolvimento sustentável, resolveu procurar uma maneira original de contar às empresas uma história. Não para as encantar, mas para as sensibilizar para uma temática que já não podem ignorar: a Responsabilidade Social e as suas variadas dimensões A ideia partiu das três sócias da Inspire, Ana Roque, Maria Faria de Carvalho e Maria Manuel Pedrosa, que nestas andanças há já uns bons anos, foram descobrindo, nas empresas com quem trabalharam, que a resistência à mudança e muitas perguntas não formuladas constituíam os principais problemas na percepção e implementação da Responsabilidade Social. Certas de que no verbalizar é que está o ganho, surgiu a ideia de juntar “teatro + acção” cujo resultado é igual à peça “Para quê mudar?”. Tal como o nome indica, a teatroacção – uma peça de teatro seguida de acção – propõe a sensibilização, seguida da reflexão, de uma ampla gama de questões relacionada com a mudança necessária de comportamentos na gestão de uma empresa que se quer socialmente responsável. Quatro actores de teatro – Amadeu Neves (também o encenador), Duarte Barrilaro Ruas, Inês Nogueira e Marina Albuquerque, vestem a pele de 19 personagens que, em 11 cenas, vão percorrendo as diferentes fases inerentes a uma estratégia de RS. Do estádio inicial de negação ou do “mas para que raio é que isso serve?” até à cena final em que, finalmente desenvolvida a estratégia, se brinda ao sucesso futuro da empresa (e do mundo), os actores conseguem alternar o humor com a seriedade e tocar na esmagadora maioria de pontos de interrogação com os quais as empresas se deparam na adopção dos seus programas socialmente responsáveis. Em termos muito sumários (pode “assistir” às cenas e conceitos abordados acedendo a Porquê mudar?) tudo começa quando o director de marketing de uma empresa, “inundado” pelos exemplos de RS veiculados pela comunicação social (outro dos “problemas” tratados na peça) e pela irresistível necessidade de não se deixar ficar atrás da concorrência, decide implementar um programa na área, começando pela elaboração de um relatório de sustentabilidade. Mudar passa então a ser a palavra de ordem nos meses que se seguem, envolvendo colaboradores e demais stakeholders em novos desafios, questões e paradoxos. Um processo de descoberta contínua que culmina num final feliz. A versatilidade da Teatroacção permite, para já, três modalidades à escolha pelas empresas: reflexão, formação e mesa redonda. Como explica Ana Roque, “esta Teatracção pode-se adaptar a vários contextos e a vários momentos que a empresa vive: o começar de um projecto – como meio de sensibilização ou de apoio à decisão por parte da gestão, o início de um relatório, o lançamento do mesmo, etc. E pode ainda adaptar-se ao sector da empresa que compra a Teatracção, focando os seus desafios e problemáticas específicas e estudos de caso”. E, aproveitando a experiência das três fundadoras, o VER quis saber que stakeholders são mais difíceis de integrar numa estratégia de RS e/ou quais aqueles que demonstram uma maior resistência a mudança. Como seria de esperar, este aspecto depende muito de sector para sector, mas “na peça damos um relevo especial à questão dos fornecedores, porque nos parece particularmente complexa e porque quando analisamos os diversos relatórios de sustentabilidade editados em Portugal e em outros países, verificamos que os compromissos relacionados com estas partes interessadas são dos que mais vezes ficam por atingir ou que, mesmo no momento da sua formulação são, aparentemente, menos ambiciosos”, afirma Ana Roque. Outros aspectos como o custo da responsabilidade social, quando se fala em certificações, por exemplo, e a própria fragilidade da empresa, são também motivos que, muitas vezes, assustam as organizações. A Teatroacção é, sem dúvida, uma excelente forma de sensibilizar as empresas para questões que são complexas. Mas a Inspire não pretende ficar por aqui: “a tónica não tem de estar somente no teatro, é preciso descobrir formas inovadoras que ponham efectivamente as pessoas a reflectir, a interiorizar e a avançar de forma convicta por este caminho do desenvolvimento sustentável, que não é fácil, mas que pode despoletar, na empresa, novas oportunidades”. O primeiro passo para a sensibilização através da inovação está, definitivamente, dado.
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Editora Executiva