POR RODOLFO OLIVEIRA
Quando pensamos na Suíça, pensamos em grandes farmacêuticas, relojoaria e bancos, entre outros. Quando pensamos na Dinamarca, lembramo-nos do maior operador mundial de transportes e da Lego. A Holanda traz-nos à memória a Philips e a Shell, entre outras empresas de prestígio global. Estas empresas, mais do que casos de sucesso e marcas reconhecidas em todo o mundo, são escolas de gestão, inovação e, muitas vezes, também fortes mecenas e intervenientes sociais nos países em que operam.
As vantagens de empresas com esta abrangência internacional são diversas, das quais destaco dois aspectos:
- Representam facetas de excelência de cada país, sendo embaixadores da qualidade e liderança do seu País nas áreas em que operam;
- Fomentam um forte conjunto de competências e conhecimentos avançados para lidar com as realidades globais em que se inserem, da inovação tecnológica e de processos à gestão, passando também pela liderança organizacional;
Ou seja, o seu valor mede-se também pela necessidade que criam de novas aptidões para competir em mercados globais, desde conhecimento dos principais mercados mundiais à capacidade de gestão operacional num contexto multicultural. Estas são dimensões importantes, porque as marcas e as empresas nacionais de cada país são um espelho internacional da qualidade do seu tecido empresarial.
[quote_center]As empresas de cada país são um espelho internacional da sua qualidade[/quote_center]
Ao analisarmos a situação em Portugal, deparamo-nos com a recente implosão de três grupos empresariais de referência nacional – a PT, o Banco Espírito Santo e, há algum tempo atrás, a Cimpor. Todas tinham e têm competências específicas fortes. A PT tem uma área de inovação forte e reconhecida internacionalmente, um factor crítico de sucesso para a internacionalização no sector das telecomunicações. A Cimpor tem fábricas espalhadas por vários países, com uma gestão multinacional eficaz e baseada em Portugal. E o Banco Espírito Santo era uma referência nacional e internacional na banca de retalho, participando em indicadores internacionais de gestão.
Como consequência, conforme referido no início do artigo, há o risco potencial de uma perda de competências de gestão e de operação a nível internacional, de que o País claramente necessita para que as suas empresas possam concorrer em mercados globais. Empresas nacionais fortes são fundamentais pela capacidade de investimento em inovação, pela criação e formação de gestores de grande qualidade, pela internacionalização e divulgação da marca e pelo consequente prestígio nacional. A forma como o País irá lidar com esta situação e apoiar a criação de novas empresas bandeira será fundamental para a afirmação e percepção de Portugal no mundo.
Managing Partner da BloomCast Consulting