A economia foi sempre assente no trabalho humano, estando o Homem no centro da liderança e comando das organizações, bem como dos processos de decisões. Em todas estas revoluções o Homem saiu como vencedor. Será assim no futuro?
POR JOÃO PEDRO TAVARES

Numa universidade americana fez-se um inquérito de avaliação ao nível de serviço dos seus múltiplos departamentos, destacando-se o atendimento aos utilizadores cuja apreciação demonstrou uma enorme disponibilidade, rigor nas respostas, enfim, uma elevada qualidade geral. Nenhum outro departamento se aproximou em nível e qualidade. E estamos a falar de uma assistente virtual assente em algoritmos tecnológicos.

Na avaliação do desempenho dos colaboradores de uma empresa, foi utilizado um algoritmo que permitiu com determinados critérios diferenciar os que tinham obtido melhores resultados daqueles que tinham ficado aquém. Este resultado suportou as decisões do diretor nas avaliações das suas pessoas.

Num mundo dominado pela crescente utilização de tecnologia são dois exemplos muito simples, não referindo todo o potencial associado à inteligência artificial, onde se incluem as máquinas que aprendem (machine learning) e, mais recentemente, a IA Generativa, entre outras. Em cada dia que passa surgem novas soluções de enorme potencial. De tal forma que os líderes das principais empresas de tecnologia pediram, em conjunto, que se limitasse por um tempo o ritmo de desenvolvimento destas soluções.

No entanto, apesar da crescente utilização de equipamentos e de tecnologia ao longo de toda a História – sempre desenvolvidos pela humanidade –, poderemos dizer que estes se constituíram como importantes fatores de contributo para o desenvolvimento e crescimento económico. Apesar disso, a economia foi sempre assente no trabalho humano, estando o Homem no centro, liderança e comando das organizações, dos processos de decisões. Em todas estas revoluções o Homem saiu como vencedor. Será assim no futuro?

Nos desafios que são agora colocados, deveremos olhar estes avanços tecnológicos como intrusos? Ou como aliados? Como oportunidades? Ou como ameaças? É um enorme erro, talvez o maior, deixar de olhar para o ser humano como o centro e um fim, substituindo-o pela tecnologia que é sempre um meio. O Homem e, sobretudo, a sua dignidade, deve ser o princípio e o fim de todas as coisas, devendo continuar no centro das organizações, da economia e do desenvolvimento.

Por isso, a bondade ou maldade não está nos meios, mas como sempre na finalidade e no seu uso. Se contribuir para maior bem-estar, maior dignidade humana, maior desenvolvimento económico e social, maior justiça e paz, para um mundo menos desigual, mais inclusivo, deveremos acolher com esperança as oportunidades que se nos colocam.

Mas, e que lugar no futuro para o Homem, ou ainda para a compaixão, ou para a misericórdia? Para o compromisso, para o amor, para a relação, para a solidariedade? Que lugar para a sabedoria de coração, tão humana, conforme alerta o Papa Francisco?

O futuro está, como sempre, nas mãos do Homem e na forma ética como se comportar. Ou na forma como resistir às tentações que se lhe colocam. Se se comportar como Deus, sairá perdedor.

Presidente da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores

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