A sustentabilidade é já parte integrante da estratégia das grandes empresas, e considerada por muitas um bom negócio. Mas podemos ir ainda mais longe. Os CEO das grandes empresas mundiais reconhecem que, mais do que uma manobra de corte nos custos, a sustentabilidade ajuda as suas empresas a impulsionar o aparecimento de novos produtos, a avaliar riscos futuros e a promover a liderança no sector. Acima de tudo, a sustentabilidade é uma vantagem competitiva
POR LARA CAMPOS TROPA

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* Directora da Divisão de Marketing, Comunicações e Cidadania da IBM Portugal
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A sustentabilidade é já parte integrante da estratégia das grandes empresas, e considerada por
muitas um bom negócio. Não se trata apenas de uma prática com razões legais ou filantrópicas… a sustentabilidade é, com base em estudos já publicados, uma estratégia de crescimento das empresas.

A ideia até pode parecer uma contradição, quando se está a tentar ultrapassar um período tão
complexo como o que vivemos actualmente. Mas a verdade é que muitas das grandes empresas mundiais continuam a colher proveitos dos seus programas de sustentabilidade, de acordo com um estudo recente do IBM Institute for Business Value, que recolheu a opinião de executivos de cerca de 320 empresas.

Podemos ir ainda mais longe. Estes CEO reconhecem que, mais do que uma manobra de corte
nos custos, a sustentabilidade ajuda as suas empresas a impulsionar o aparecimento de novos
produtos, a avaliar riscos futuros e a promover a liderança no sector. Acima de tudo, a sustentabilidade é uma vantagem competitiva, permitindo munir as empresas das capacidades
necessárias para prosperar num ambiente económico tão exigente como o actual, onde os recursos básicos – como a água, a energia e as matérias-primas – são cada vez mais dispendiosos e escassos.

As empresas têm consciência de que o presente modelo de negócio, tal como o entendemos hoje, tem os dias contados no século XXI. Com efeito, o vertiginoso crescimento populacional e o aumento do volume dos novos mercados estão a transformar a economia global. Só as empresas que se prepararem para essa mudança sairão ilesas.

De entre os programas de sustentabilidade implementados nas empresas mais inovadoras, a IBM identificou três princípios-chave que surgem das melhores práticas e experiências. São eles: estratégia, sinergia e resultados.

No que se refere à estratégia, concluiu-se que as empresas devem delinear uma estratégia bem definida de sustentabilidade, como fariam com qualquer outra iniciativa-chave. Torna-se
imperativo, por isso, fazer um trabalho de identificação de problemas e medir, monitorizar, avaliar e comunicar as suas estratégias. No entanto, apenas 40% têm documentado um programa detalhado, que inclua prioridades e recursos orçamentados, e apenas 34% têm em execução um plano com funções, processos e sistemas definidos.

Por outro lado, as empresas devem também criar programas abrangentes baseados em acções
cooperativas, ou seja, baseados em sinergias. A maioria das empresas preocupa-se já com o meio ambiente, recorrendo a medidas-chave como cortar no consumo de energia e nas emissões dos gases com efeito de estufa ou promover a reembalagem e o novo design dos produtos. Mas, em muitos casos, essas iniciativas evoluem muito devagar.

Por fim, vale a pena referir que os programas de sustentabilidade bem sucedidos trazem
benefícios tanto para as empresas como para os consumidores e meio-ambiente. Mais de dois
terços dos empresários entrevistados apontam as iniciativas de sustentabilidade como uma forma de criar novos fluxos de receita. E mais de metade acredita que as atividades na área da
sustentabilidade estão já a dar resultados, proporcionando às empresas alguma vantagem sobre os seus principais concorrentes. De facto, e segundo o estudo acima referido, as empresas sustentáveis conseguem obter resultados 30% melhores e são 42% mais bem sucedidas.

É uma certeza que cada vez mais empresas estão a conseguir responder à necessidade de gerir
melhor os seus recursos, tendo em consideração novos padrões climáticos e questões de degradação ambiental. No entanto, as mais experientes estão a ser também mais ambiciosas, reconhecendo que terão de ir mais além. Para tal, estão já a adquirir soluções inteligentes que lhes permitam enfrentar com êxito uma nova conjuntura económica e, decerto, mais competitiva.

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