‘Cidades pela Retoma’ é um movimento informal de cidadãos e um desafio aos decisores, técnicos, agentes sociais e económicos, investigadores, artistas e demais cidadãos interessados por uma reflexão colectiva sobre ‘o papel das cidades no nosso futuro comum’, em particular num momento de crise económica e de necessidade de equacionar uma mudança de paradigma (‘transição’)
POR JOSÉ CARLOS MOTA*

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Pretende-se que este movimento cívico se afirme como uma Comunidade de Prática e um ponto de encontro de experiências inovadoras (‘boas práticas’) em diversos domínios da intervenção em cidades para que os seus métodos e resultados possam inspirar outras experiências, aprofundar diálogos, estimular aprendizagens colectivas, ou seja, no fundo, potenciar o papel das ‘cidades como motores efectivos do desenvolvimento das regiões e do País’.

Para tal foram criadas plataformas de comunicação (site/blogue, página de Facebook e uma rede de correio electrónico) e lançadas diversas iniciativas que se pretende venham a culminar num plano de acção que se designou por ‘AGENDA LOCAL PARA A RETOMA’.

Aproveitando o facto de 2011 ser o ‘ano do voluntariado para promover mais cidadania activa’ o movimento entendeu produzir um mapa georreferenciado de ‘blogues de ruas, bairros, vilas ou cidades’ a que chamou ‘CIDADE GLOBAL 2.0’. Esta lista não pretende ser mais do que uma sistematização dos vários espaços virtuais (blogues ou sites) promovidos por cidadãos ou grupos de cidadãos que gostam de pensar de forma colectiva sobre o futuro das suas cidades.

A produção da lista e a constatação da existência em Portugal de cerca de uma centena de espaços de reflexão promovidos por cidadãos (sobre os mais diversos aspectos – urbanismo, mobilidade, ambiente, economia) permitiu idealizar a oportunidade de criar mecanismos de troca de informação e experiências e, quem sabe, de aprendizagem comum (‘redes colaborativas’ por via digital).

Acontece que, num contexto de grave crise económica como a que se vive, esta rede de cidadãos e movimentos de cidadãos (estruturas não institucionalizadas) que produzem opinião sobre a cidade onde vivem (ainda que com motivações diferentes mas, na maior parte das situações, complementares) pode vir a criar uma interessante oportunidade de mobilização para a acção, sobretudo entre movimentos cívicos territorialmente próximos, num esforço de transição para uma dinâmica colaborativa presencial.

Para promover uma maior consciencialização sobre a temática, o movimento lançou as bases de uma iniciativa colaborativa que designou por ‘RUA DAS IDEIAS’, que pretende funcionar como um desafio informal dirigido aos cidadãos e que procura identificar iniciativas ou projectos ‘de baixo custo e alto valor acrescentado’ que visem contribuir para a animação social ou económica das cidades.

Para além disso, o movimento pretende lançar oportunamente um REPOSITÓRIO DE CONHECIMENTO (THINK TANK CÍVICO) onde se irão disponibilizar documentos, estudos e investigações sobre o tema das cidades e suas múltiplas linhas de observação/acção (que têm vindo a ser divulgados regularmente no blogue e página do Facebook).

Tendo em conta este quadro (de problemas e oportunidades) o movimento informal ‘Cidades pela Retoma’ tem vindo a desafiar os cidadãos, instituições e responsáveis locais para a organização de SESSÕES DE REFLEXÃO/ACÇÃO sobre como podem as cidades (e as suas comunidades) organizar-se para responder a este momento de crise económica (à semelhança das iniciativas organizadas pela Associação de Cidadãos do Porto (20 e 21 OUT 2010) e Associação Faro 1540  (3 DEZ 2010 e 18 FEV 2011)).

O objectivo das sessões passa pelo desenho de uma ‘AGENDA LOCAL PARA A RETOMA’ construída pelos grupos dinamizadores e com envolvimento de cidadãos, administração local, agentes económicos e sociais e instituições de conhecimento (sistema científico e tecnológico). Esta agenda deverá tentar identificar iniciativas ou projectos de acção no curto/médio prazo num conjunto de domínios chave (por exemplo nos domínios da construção sustentável, economia criativa, novas formas de mobilidade, alimentação, energia, acção social, etc) que tenham potencial de geração de emprego, de animação da actividade económica e social e de organização espacial e funcional das cidades.

Este esforço de reflexão/acção deverá ser complementado com a análise e observação de experiências relevantes a nível nacional e internacional (mobilizando para isso os ‘saberes técnicos e científicos’), com a valorização dos esforços cívicos locais relevantes e que já estão no terreno (por ex: as identificadas no projecto ‘CIDADE GLOBAL 2.0’) e a utilização de mecanismos de comunicação e informação para uma forte mobilização colectiva em torno desta ‘agenda local’.

Em conclusão, a complexidade e dificuldade do momento que Portugal atravessa recomenda e impõe que os cidadãos se mobilizem e procurem dar o seu contributo para os exercícios colaborativos de reflexão colectiva sobre o futuro do país e das suas cidades.

*José Carlos Mota, movimento ‘Cidades pela Retoma’
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