Presente na vida dos portugueses há 160 anos, a Água do Luso não se limita a liderar o mercado no seu segmento. Com uma estratégia de sustentabilidade assente em várias frentes, confere particular atenção à perpetuação deste recurso, como forma de “servir os portugueses e as gerações futuras”, como refere, em entrevista, Luis Prata, Director da Unidade de Negócios de Águas e de Refrigerantes da Central de Cervejas
POR HELENA OLIVEIRA

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Luis Prata é Director da Unidade
de Negócios de Águas
e de Refrigerantes
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Enquanto responsável pela Unidade de Negócios na qual se insere uma água mineral natural cuja marca tem mais de 160 anos, que principais investimentos têm sido feitos, no que respeita à I&D da Água Mineral Natural do Luso?
A Água de Luso é uma marca que tem o orgulho de estar presente na vida dos portugueses há 160 anos. Já atravessou várias gerações e tem como missão a promoção de hábitos saudáveis junto das famílias portuguesas. Têm sido feitos investimentos na unidade de enchimento, na região de Luso, para que o consumidor tenha acesso a inovações de valor acrescentado no mercado português. É disso exemplo a nossa linha asséptica, com cerca de 17 milhões de euros investidos, que permite fabricar a nossa gama mais recente, Luso de Fruta => Bebida de Sumo Natural + Água de Luso, feita com ingredientes naturais, sem corantes e sem conservantes.

Produzimos ainda a Formas Luso e a Ritmo Luso (inovações mundiais).

Como marca líder, temos a responsabilidade de sermos os primeiros a inovar e a responder às necessidades dos nossos consumidores. A inovação global da empresa [Central de Cervejas e Bebidas – SCC)] já significa cerca de 15% do nosso negócio e é fundamental para o crescimento de uma empresa.

A redução da gramagem do PET nas embalagens da marca Luso tem sido uma das principais preocupações em termos ambientais da marca. Como tem sido a evolução nesta área em específico?
Concretamente em relação ao PET, podemos referir que já há vários anos que a empresa tem programas de redução das quantidades de PET que utiliza na produção das embalagens.

A Água de Luso iniciou, em 1997, um plano de optimização das suas embalagens com o objectivo de encontrar alternativas ao nível do design das garrafas PET que permitissem obter redução de peso, mantendo o seu desempenho em toda a cadeia logística, bem como a sua funcionalidade para o consumidor. A esta ferramenta chamamos ECO DESIGN.

A implementação deste plano representou uma redução de 27% no peso das embalagens, uma redução de consumo de resina PET de 2.500 toneladas e uma diminuição das emissões de CO2 no transporte.

A Água de Luso, enquanto marca, tem demonstrado uma preocupação acrescida no que respeita à sua sustentabilidade. Que tipo de exemplos elenca no sentido de espelhar esta preocupação em específico?
São vários os aspectos ligados à sustentabilidade no nosso negócio: na área do ambiente temos as preocupações com as embalagens, recursos e pegada de CO2, existindo internamente objectivos específicos para estas matérias.
Como exemplo, podemos referir os programas de redução das quantidades de PET mencionados na pergunta anterior.

Um exemplo na área dos Recursos é o respeito pelos limites à exploração de cada captação, tendo como objectivo central a preservação, quantitativa e qualitativa, do recurso hidromineral.

Temos também programas de responsabilidade social (na comunidade e no geral) e ainda a Fundação Luso, que tem como objectivo contribuir para o progresso do conhecimento e da informação relacionados com a Água e a Saúde Humana, para a Preservação do Património Hídrico e Natural do Luso, bem como para o Desenvolvimento Sustentável da Comunidade desta região. A sua actividade pretende servir os Portugueses e, especialmente, as gerações futuras.

A Água do Luso foi eleita Marca de Confiança pelos Consumidores, sendo também a única marca do mundo a receber a licença de utilização de Marca Produto Certificado. A seu ver, que principais atributos contribuem para esta eleição?
É com grande orgulho que vemos a marca Luso a ser reconhecida pelos nossos consumidores, pois fazemos grandes esforços para que a Água de Luso chegue às suas casas no seu estado mais puro. É disso exemplo a CERTIF. A licença de Marca Produto Certificado (CERTIF) é algo bastante complexo e exigente, não obrigatório legalmente, mas que quisemos seguir, de forma a garantir aos portugueses que têm a água no seu estado mais puro e em condições perfeitas.

Num processo, conduzido inicialmente pelo Instituto Português da Qualidade, a que se associaram a Direcção Geral de Saúde, o Instituto Superior Técnico, a Universidade de Coimbra, a Universidade Católica do Porto, o Instituto Geológico e Mineiro e o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, foi elaborada uma Especificação Técnica de elevado grau de exigência, que faz a distinção clara entre o “estar no mercado das águas” e ter esta licença, desde 2000, para uso da Marca “Produto Certificado”. Neste contexto, o rigoroso controlo interno, que compreende a realização de cerca de 200 análises diárias, mais ou menos complexas, e que é complementado pela vigilância regular das Autoridades da Saúde e da Segurança Alimentar, e pelo recurso a entidades externas independentes, permitiu que a Água de Luso seja a única marca, até hoje, habilitada a evidenciar, nos seus rótulos, o símbolo CERTIF. Na prática, tal significa, por exemplo, que Luso é a única marca que, além da água propriamente dita, submete regularmente também as suas embalagens a rigorosos processos de validação e controlo em laboratórios internos, oficiais e outros independentes.

Criada em Fevereiro de 2009, a Fundação Luso surge como um projecto de responsabilidade social da Central de Cervejas e Bebidas (SCC) no qual a água “é a essência que traduz a missão”. Que estratégias estão associadas à consecução desta missão?
A Fundação Luso é uma entidade independente, com corpos sociais, estatutos e missão própria.
As Estratégias associadas à consecução da sua missão, assentam em três princípios base:

1. A Água que bebemos traz grandes benefícios para a Saúde e para o bem-estar.
2. A Água faz parte do nosso património natural e cultural.
3. No Luso nasce a Água Mineral Natural preferida dos portugueses.

Destes princípios surgem três áreas de actuação da Fundação Luso: Saúde – a promoção de estilos de vida saudáveis, o estímulo da investigação e a partilha de conhecimento sobre os benefícios da água para a saúde; Ambiente – a protecção e a valorização da origem da nascente da Água Mineral Natural de Luso e Comunidade – a promoção do desenvolvimento económico da região de Luso e a valorização do património natural e cultural desta região.

Que outras iniciativas têm sido levadas a cabo pela Fundação Luso no que respeita ao seu compromisso com o desenvolvimento sustentável?
Várias iniciativas têm sido feitas pela Fundação Luso, de que são exemplo as seguintes:
– Acções ao nível do ambiente que consistem em actividades de limpeza e plantações na Mata Nacional do Bussaco, recarga do nosso aquífero mineral natural Luso, que devem ser feitas de forma continuada, ao longo do tempo, para que seja sustentável.

– Continuidade ao programa de constituição de Hortas Pedagógicas (desde 2010) nas escolas do 1º ciclo do concelho da Mealhada, sensibilizando alunos e professores para a agricultura biológica, contribuindo assim para uma maior consciência ambiental de todos e, acima de tudo, para o desenvolvimento pessoal das crianças que são as gerações do futuro.

– Acções ao nível da Educação para a Saúde e Comunidade, sensibilizando as pessoas para comportamentos responsáveis. São disto exemplo as acções de voluntariado, acções educativas com escolas, o Prémio Empreendedorismo (com o objectivo de premiar projectos empreendedores e inovadores, já implementados no Luso e potenciadores do desenvolvimento económico da região, sendo subordinado às áreas de agricultura, comércio, indústria, serviços e Turismo) e o Prémio ÁGUA É SAÚDE ‐ Saber Viver & Fundação Luso (o qual pretende premiar a melhor ideia concretizável, inovadora e relevante para melhorar os níveis de saúde e hidratação da sociedade portuguesa através do consumo de água mineral natural).

Em termos ambientais, que vitórias poderão ser elencadas? (protecção do aquífero, redução da pegada de carbono, entre outras?)
Através de uma vigilância regular do perímetro de protecção e de acções de preservação da Serra do Bussaco e da sua mata, zona de alimentação natural do aquífero, garantimos a qualidade da água de Luso para as próximas gerações. É com este propósito que temos dinamizado inúmeras acções de preservação do meio ambiente local, envolvendo os colaboradores da empresa e as populações.

Também desenvolvemos trabalho em outras dimensões da sustentabilidade como a racionalização de recursos, em particular da água e também a redução dos materiais de embalagem, minimizando os impactos ambientais.

A empresa tem implementado, nos últimos anos, várias acções com impacto directo na redução da sua pegada do carbono, um dos principais indicadores da performance ambiental. Este indicador mede a quantidade de gases de efeito de estufa, produzidos pela queima de combustíveis fósseis, emitidos durante todo o ciclo de vida do produto.
Temos, assim, feito enormes progressos quer na redução de consumos de energia, quer na redução do material PET, usado nas nossas embalagens, conforme atrás mencionado.

Alguns exemplos de acções tomadas são a automatização da iluminação das naves industriais via detecção de presença e células crepusculares, a instalação de um sistema de monitorização de consumo de energia térmica e eléctrica e a substituição de fuel por gás natural.

A optimização do transporte e rede de distribuição são, geralmente, objectivos a seguir por marcas socialmente responsáveis. No que respeita à Água do Luso, que tipos de esforços têm sido feitos neste sentido?
Na distribuição das Águas de Luso acompanhamos o indicador de pegada de carbono. Um projecto interno permitiu-nos reduzir as duplas movimentações de produto, com grande impacto na redução deste indicador.

Uma das bandeiras da Água do Luso tem sido a valorização do património hídrico e natural da região. Que tipo de dinamização tem sido feita para ir ao encontro destes objectivos?
Promoveu-se, numa 1ª fase (décadas de 80 e 90), estudos geológicos e hidrogeológicos, destinados à fundamentação de propostas de “PLANO DE EXPLORAÇÃO” e de “PERÍMETRO DE PROTECÇÃO”, poderosos instrumentos de gestão e protecção do recurso hidromineral.

Em resultado desses estudos, foi possível estimar o volume de “recursos” cedíveis pelo aquífero mineral (volume anual renovável), evitando a sua sobreexploração.
A empresa tem dispositivos de registo permanente de precipitação, que permitem, de forma actualizada para cada ano hidrológico, estimar o volume de água mineral susceptível de exploração, sem risco de comprometer a reposição do recurso.
Para controlo das extracções e garantia de contenção da exploração, abaixo do limiar de segurança, está instalado um dispositivo de caudalímetros e contadores volumétricos, em cada captação.

Dado que a extracção da água é feita por artesianismo natural repuxante, é regularmente avaliada a pressão / vitalidade do aquífero.
O ambiente que nos cerca é também alvo de atenção permanente. Não só no que respeita  à protecção do aquífero, mas também das matas e do próprio perímetro fabril. Nesse sentido, a empresa realiza inspecções semanais ao perímetro de protecção, tendo em vista a detecção de irregularidades e de agentes agressores do meio ambiente.

Com o objectivo de valorizar e promover a protecção ambiental do meio onde a empresa se insere, e que é fundamental para a preservação do recurso hídrico, os nossos colaboradores participam em acções de protecção ambiental internas e convidando alunos das escolas da região.

Em 2011, foi assinado um protocolo entre a Fundação Luso e a Fundação Mata do Bussaco com o objectivo de apoiar a recuperação e a valorização do Trilho de Água desta última. Especificamente, que resultados decorrentes deste protocolo são já visíveis?
Foi já colocada a sinalética referente aos trilhos existentes na Mata Nacional do Bussaco. O material predominante nesta sinalética é a madeira, que advém das árvores que caíram durante o temporal na Mata do Buçaco, no passado mês de Janeiro. A sinalética percorre todo o trilho e os seus conteúdos estão disponíveis ao visitante na língua portuguesa e na língua Inglesa. Este é o primeiro, dos quatro trilhos existentes na Mata Nacional do Bussaco – Via-Sacra, Floresta Relíquia e Militar –, a “receber” sinalização, o que vem complementar a informação já disponibilizada ao visitante, que pretende percorrer aquele trilho.

Este tipo de apoio de instituições particulares e sociedade civil a património que é do Estado é fundamental. Somos todos responsáveis e cada um deve ter um papel activo.

Como se insere a política de sustentabilidade da marca Luso na estratégia geral de responsabilidade social corporativa da Central de Cervejas e Bebidas (SCC)?
Uma parte essencial da estratégia empresarial do Grupo Central de Cervejas é fabricar produtos de forma eficiente num ambiente de trabalho seguro e saudável para podermos gerir os recursos naturais de maneira consciente e continuar a melhorar a nossa boa gestão ambiental. A política de sustentabilidade só traz benefícios não só para a empresa, como para a sociedade em geral.

Editora Executiva