POR HELENA OLIVEIRA
Foi durante a elitista Code Conference – na medida em que só uma mão-cheia de personalidades são para a mesma convidados – que Elon Musk, o multimilionário e CEO da Tesla Motors e da SpaceX – anunciou os seus planos para enviar, já em 2024, os primeiros humanos que irão colonizar o planeta vermelho, mesmo que, e se tudo correr como previsto, só lá cheguem em 2025. Mas e mesmo assim, apesar da vertiginosa velocidade que caracteriza o progresso tecnológico na actualidade, quem é que acredita que esta missão espacial possa vir a ser uma realidade? Na verdade, não serão muitos os crentes, mas pelo menos um existe e é o próprio Musk.
Na conferência que junta os influenciadores do topo dos topos da indústria para discutirem, de forma aprofundada, o impacto presente e futuro das tecnologias digitais nas nossas vidas, a participação do empreendedor em série, inventor, visionário, filantropo e, sobretudo, aparentemente louco Elon Musk foi uma das mais comentadas de todo o evento, algo que, para quem conhece minimamente o percurso do homem que teve uma ascensão literalmente meteórica ao longo da sua ainda não muito longa vida – tem 44 anos – não é, de todo, surpreendente. Este self-made multimilionário – com uma fortuna líquida avaliada em 12, 6 mil milhões de dólares, de acordo com a revista Forbes, não só afirmou que acredita que a probabilidade de NÃO sermos apenas peças de código numa simulação de computador futurista é apenas de uma em milhares de milhões, ou seja, que a possibilidade de estarmos a viver no interior de uma espécie de videojogo [quem não se recorda da trilogia Matrix?] é maior do que o seu inverso, como diz estar certo – se tudo correr como previsto – que Marte será habitado pelos primeiros colonos já em 2025, naquilo que pretende ser “uma cidade em crescimento” no início e, seguidamente, uma urbe auto-sustentável.
Mas se tudo isto parece inverosímil, por que motivo tem Musk tanta credibilidade – para além de uma legião de seguidores – e, em particular nos últimos anos, um lugar mais do que cativo em tudo o que são listas e rankings e não só no que respeita aos mais endinheirados do mundo ou aos 15 mais ricos da tecnologia, mas também enquanto “global changer”, ou “o empreendedor mais inovador do planeta”, entre outros epítetos similares?
Afirmam os “entendidos” no assunto que, se existir um sucessor digno da fama (e do proveito) do tão adorado quanto odiado Steve Jobs, Musk é o mais provável candidato. Apesar de não ter o mau feitio do fundador da Apple (mesmo que haja quem diga que sim, que o tem), também Musk é considerado como uma espécie de ave rara, numa mistura entre génio e louco. No livro publicado em 2015, intitulado “Elon Musk: Tesla, SpaceX and the Quest for a Fantastic Future”, o autor Ashlee Vance cita uma conversa com a sua mãe, suficientemente esclarecedora, sobre a sua personalidade, no mínimo sui generis: “[em criança] ele simplesmente se perdia no interior do seu cérebro e era fácil perceber que estava num outro mundo. E ainda faz mesmo. Só que agora deixo-o em paz porque sei que está a pensar na concepção de um novo foguetão ou outra coisa qualquer parecida”. A progenitora de Musk acrescenta ainda que, enquanto criança e adolescente, muitas vezes parecia que o filho entrava em transe, na medida em que não respondia quando falavam com ele e tinha sempre um olhar distante. Chegaram a pensar que seria surdo (ou que sofreria de algo parecida à Síndroma de Asperger), ao ponto de lhe removerem os adenóides para melhorar a sua audição. Mas e na verdade, a diferença não foi nenhuma. E parece mesmo que não, a fazer fé nas palavras da sua ex-mulher Justine que, no mesmo livro, afirma: “Penso nele como se fosse o Terminator: olha fixamente para uma coisa e diz ‘isto tem de ser meu’ e não descansa enquanto não o conseguir”.
De vítima de bullying na África do Sul ao alter ego do Iron Man nos Estados Unidos
Como qualquer cientista louco que se preze ou, nos tempos que correm, enquanto hiper-empreendedor, a vida de Elon Musk tem suscitado uma curiosidade infinita. Para o livro acima referido, foi com enorme relutância que (pouco) contribuiu, detestando falar da sua esfera privada. Depois de perder o primeiro filho, com 10 semanas, devido à síndroma de morte súbita, Musk tem cinco filhos, dois gémeos rapazes e mais três (igualmente gémeos) e vai no terceiro casamento. Nascido em Pretória, em 1971, e ainda na época do apartheid, Musk foi vítima de bullying, tendo até sido hospitalizado depois de ter sido espancado e deixado inconsciente nas escadas da escola que frequentava. Talvez por isso – ou não – tenha mandado construir uma escola especialmente para a sua prole, chamada Ad Astra (até às estrelas, em latim), caracterizada, como explica a revista Quartz e por não obedecer aos habituais critérios educativos, como muito mais prática do que teórica, e com relevo para os métodos de resolução de problemas de forma a ensinar o “pensamento crítico” aos poucos miúdos que a frequentam. “Se queremos que as crianças aprendam como funcionam as máquinas”, afirmou numa entrevista a uma cadeia de televisão chinesa, “não devemos começar por lhes explicar o que são chaves de fendas ou parafusos, mas antes mostrar-lhes a máquina toda e perguntar-lhes como a desmontariam”.
Desmontar o currículo de Musk daria uma quantidade infinita de parafusos, na medida em que os seus dotes de empreendedor começaram desde tenra idade – inventou e vendeu um videojogo com 12 anos – mas foi pouco tempo depois de se ter mudado para os Estados Unidos, em meados da década de 1990, que começou a ter sobre ele as luzes da ribalta. A ascensão foi meteórica, com a venda da sua empresa de software Zip2 por 300 milhões de dólares aos 28 anos, quando co-fundou a X.com, a qual iria, depois de uma fusão, dar origem à PayPal, o primeiro sistema de pagamentos online, sendo esta adquirida, uns anos mais tarde, pela eBay pela simpática quantia de 1,5 mil milhões de dólares.
A partir de então, o céu tornou-se mesmo o seu limite (apesar de, na sua imaginação, a ideia é mesmo torná-lo “ilimitado”). Para além da SolarCity, que é “apenas” a maior fornecedora de energia solar dos Estados Unidos e da qual é também fundador e presidente, é na Tesla Motors e, é claro, na SpaceX, que mais investe os seus prolíficos neurónios. A primeira, e apesar de até agora servir uma endinheirada elite, não só está a revolucionar o mercado da mobilidade eléctrica, obrigando as grandes marcas a concorrerem com veículos similares, totalmente eléctricos, como também o da instalação de pontos de carregamento nos Estados Unidos; e a segunda é, ou seria, na verdade, o foco deste artigo. O problema é que falar de Elon Musk é um pouco como as cerejas: é tão impressionante o seu currículo, vitae e “cerebral”, que se torna difícil limitarmo-nos a um só tema. Talvez seja por isso que o escritor e jornalista Walter Isaacson, presidente do Aspen Institute e autor, entre vários outros livros, da biografia de Steve Jobs, o considere “o mais impressionante pensador fora-da-caixa que conhece”, e de Bill Gates ter afirmado que “apesar de não existir escassez de pessoas com uma visão sobre o futuro, o que faz de Elon excepcional é a sua capacidade de tornar real esse mesmo futuro que ele imagina”.
Para já, duas das suas ambiciosas ideias – e tomando como exemplo apenas a Tesla e a SpaceX – são substituir os veículos de todo o mundo por carros eléctricos e… colonizar Marte. E, mesmo sabendo-se que ambas as indústrias em causa, e devido à sua ampla maturidade, são controladas por colossos empresariais, são já muitos os que acreditam que a ambição de Musk – transformá-las, a ambas, em apenas uma geração – se tornará realidade. Ou não fosse ele também considerado um “Tony Stark” da vida real: a verdade é que na sequela do filme Iron Man, lançado em 2010, Musk faz uma “perninha”, mas não só. Parte do filme é mesmo filmado nas instalações da SpaceX e o próprio realizador, Jon Fraveau, defende a ideia de que Musk é o mais próximo que temos de um Homem de Ferro na vida real, na medida em que ambos são engenheiros e ambos acreditam que a engenharia é o que mais perto está da magia. E, para fechar este pequeno capítulo da vida de Musk e depois de a CNN ter noticiado uma reunião que o mesmo teve a semana passada com o Pentágono, são vários os rumores que correm na Internet que um dos tópicos em discussão com o secretário da Defesa dos Estados Unidos Ash Carter possa ter sido, exactamente, a produção de um fato “parecido” com o do herói da Marvel – um anúncio, feito em tom mais ou menos humorista pelo presidente Obama há cerca de dois anos – o qual funcionaria como um exoesqueleto movido por uma bateria interna, com protecção anti-balas, munido de uma super-força e suportado por computadores on-board. A este potencial TALOS (Tactical Light Operator Suite) falta ainda a capacidade de voar, mas essa ausência pretende Musk colmatar com a “menina dos seus olhos”, a SpaceX.
Missões a Marte serão como “um comboio a sair de uma estação”
“Um asteróide ou um super-vulcão poder-nos-á destruir e enfrentamos riscos que não existiam no tempo dos dinossauros: um vírus geneticamente modificado, a criação inadvertida de um micro buraco negro, um aquecimento global catastrófico ou uma qualquer tecnologia ainda desconhecida poderá ditar o fim de todos nós. A Humanidade evoluiu ao longo de milhões de anos, mas nos últimos 60 o arsenal atómico criou o potencial para nos podermos extinguir a nós mesmos. Mais cedo ou mais tarde, teremos de expandir a vida para além desta bola azul e verde – ou sermos extintos”.
Assim falava Musk, em 2008, a propósito da importância da tecnologia espacial, apesar da sua paixão pela ficção científica e pela astronomia (entre muitas outras) o ter acompanhado ao longo de toda a vida (uma das suas compulsões inclui, como seria de esperar, a leitura).
Todavia, a ideia veiculada por muitos órgãos de informação de que Musk deseja morrer em Marte não está, de todo, comprovada, bem como a explicação sobre a sua obsessão de colonizar o planeta vermelho signifique que é “necessário um plano B” caso os humanos dêem cabo, literalmente, do planeta Terra. Apesar de, por diversas vezes, ter afirmado que Marte pode ser crucial para a continuação da espécie humana, à medida que vai envelhecendo, o discurso tem vindo a apresentar algumas nuances. Não porque duvide da sua capacidade de atingir o seu objectivo – tornar as viagens espaciais “normais” e chegar a Marte – mas porque no planeta Terra tem ainda muito que fazer.
Fundada em Junho de 2002, a própria SpaceX já correu também um considerável risco de extinção, obrigando Musk, em 2006, a investir nela 100 milhões de dólares do seu bolso. Entre avanços e fracassos – uma cronologia breve da história da empresa pode ser acedida aqui – um dos principais objectivos da maior empresa aeroespacial privada do mundo (com dois terços nas mãos do fundador e com um valor incalculável na ordem dos vários milhares de milhões de dólares) é o de desenvolver foguetões que sejam, pelo menos em parte, reutilizáveis, os quais são por Musk considerados como “a diferença entre a vida se tornar interplanetária ou não”.
A SpaceX fabrica os seus foguetões de raiz e, se no início a sua especialidade era, exactamente, o lançamento de pequenos satélites e o transporte de carga para o espaço, de acordo com o anúncio feito por Musk na Code Conference que terminou há uns dias, a empresa espacial fará a sua primeira missão a Marte em 2018 (não tripulada) e planeia levar a cabo as seguintes, de dois em dois anos, com os primeiros colonos a chegar ao Planeta Vermelho em 2025, iniciando a sua viagem um ano antes. E isto porque, como também declarou ao The Washington Post, “a janela para envio de carga ou pessoas ao quarto planeta a contar do Sol só se abre de 26 em 26 meses, ou seja, quando Terra e Marte se encontram o mais perto entre si nas suas órbitas”. Musk acrescentou ainda, como se estivesse a referir-se a uma simples ida ao supermercado, que qualquer colónia no Planeta Vermelho irá precisar de abastecimentos – como comida ou hardware de substituição – e que estas missões regulares de dois em dois anos serão imprescindíveis. E assegura: “pode contar com isso, pois irá acontecer de 26 em 26 meses. Tal como um comboio a sair da sua estação”.
O Dragão Vermelho e o Falcão “pesado”
Para quem trabalhar 100 horas por semana consiste na única forma de tornar desejos em realidade, o negócio que fez, em 2008, com a NASA – no valor de 2,6 mil milhões de dólares – deu também uma ajudinha. Depois de várias tentativas falhadas e de alguns feitos pioneiros, foi já este ano que a SpaceX entrou, definitivamente, para a história espacial: a 8 de Abril último, o seu famoso foguetão Falcon 9 aterrou numa plataforma marítima (já tinha sido bem-sucedida em terra, mas não no mar), no terráqueo Oceano Atlântico, após ter tido sucesso no lançamento de uma cápsula de reabastecimento para a Estação Espacial Internacional. Ou seja, a ideia original de que, para não serem excessiva e proibitivamente caros, os foguetões terão de ser reutilizáveis, parece estar a ser cumprida. E dois dias depois, novo feito: a sua cápsula não tripulada, a Dragon, aterraria em segurança na mesma Estação Espacial – com a NASA a transmitir as imagens em directo – e a sua primeira missão de transporte de carga [da Dragon] depois do acidente com outra Falcon 9 pouco menos de um ano antes, seria “apanhada” pelo braço telecomandado da estação orbital com toda a segurança e sucesso. [o acordo com a NASA prevê 12 missões, tendo esta última sido a oitava].
Ao The Washington Post, Musk deu alguns pormenores sobre as missões de 2018 e de 2024, mas as grandes novidades – em particular os detalhes sobre a “cidade marciana” que pretende construir e colonizar – só serão revelados em Setembro, no âmbito do International Aeronautical Congress, que terá lugar em Guadalajara, no México. Mas para 2018, está já mesmo agendado o lançamento para Marte de uma versão “actualizada” do seu veículo espacial Dragon, que será chamado, como seria de esperar, de “Dragão Vermelho” para testar as formas possíveis de fazer aterrar “objectos pesados” na superfície do planeta. Se a aterragem for “suave”, como espera, será mais um feito a contar para o currículo da SpaceX, na medida em que a cápsula em causa será o maior veículo a aterrar no segundo menor planeta do sistema solar. Isso significa que vai ser igualmente necessário, como explica ao Post, um foguetão muito mais potente do que os existentes até agora para conseguir lançar o Red Dragon até à superfície do planeta. Na sua intervenção na Code Conference e porque há muito que se brinca com o “tamanho” necessário desta cápsula, os jornalistas da MediaVox (responsável pela organização da conferência) tentaram forçá-lo a dizer o quão grande o mesmo tem de ser. A resposta não foi além de um “big, very big, very, very big”, mas numa entrevista que deu à GQ, confessou o que significava o nome de código interno da mesma – BFR – algo que o comum dos mortais imaginaria como sendo algum acrónimo científico para além do conhecimento comum. Na verdade, significa apenas “Big F****** Rocket”, numa tentativa de se idealizar, mesmo, um “objecto de astronómicas dimensões”. Na verdade, Musk já explicou que a solução está no denominado Falcon Heavy uma versão muito maior e mais potente do que actual Falcon 9. E que apesar de este ainda não ter voado, a promessa é para que o faça ainda antes do final deste ano.
A terminar esta (garantidamente) breve incursão na vida deste homem que chegou aos Estados Unidos com uma nota de 100 dólares, que em poucos anos se transformou em uma das 70 pessoas mais ricas do planeta Terra, que não completou os estudos – como muitos dos seus congéneres, como Steve Jobs ou Bill Gates, apesar de ter uma licenciatura em Física e outra em Economia, e ter tentado um doutoramento em Stanford em Física aplicada e Ciência dos Materiais que abandonou dois dias depois para seguir a carreira de empreendedor – e que ainda acredita que podemos estar todos a viver numa realidade virtual, uma última nota: o fato espacial que pretende desenvolver para as primeiras missões tripuladas a Marte. Depois de ter afirmado à GQ que o mesmo teria de ser “cool”,mais recentemente, foi divulgado que o reconhecido designer Jose Fernandez, o homem que desenhou os fatos dos super-heróis nos filmes Batman vs. Superman e Captain America: Civil War, foi o escolhido para produzir os fatos espaciais da SpaceX. Os requisitos pedidos por Musk foram apenas dois: que fosse “stylish” e “heróico”. Afinal, Elon Musk pode mesmo acreditar que é a versão terrena do famoso Iron Man. E é pena que não tenha o super-poder de ter o tempo suficiente para realizar todas as ideias que tem para mudar o mundo tal como o conhecemos.
Filantropia, Inteligência Artificial e fazer o bem para a humanidade
Como qualquer empreendedor ultra-milionário que se preze, também Elon Musk é adepto da filantropia. Para já, e tal como outros seus similares no que a fortunas colossais dizem respeito, é signatário da famosa iniciativa Giving Pledge, a qual foi iniciada por Bill Gates e Warren Bufett, e que assenta no compromisso de se doar, em vida, pelo menos metade das fortunas que amealham para causas de caridade. E, também como os que pertencem ao clube dos mais ricos do mundo, Musk tem igualmente lugar em muitos conselhos de administração de várias fundações e organizações que visam ajudar o planeta a lidar com os seus mais complexos desafios.
Como também não poderia deixar de ser, Musk tem a sua própria fundação, a qual tem como principais áreas de intervenção a exploração espacial, as energias limpas, a educação para as ciências e a saúde pediátrica. Algumas das iniciativas mais relevantes da Musk Fundation incluem a oferta de soluções de energia limpa a regiões afectadas por desastres naturais e não só em território americano: em 2011, e numa visita que fez à cidade de Soma, em Fukushima, ofereceu um projecto de energia solar no valor de 250 mil dólares, depois de a zona ter sido fustigada pelo terrível tsunami que assolou o Japão. Adicionalmente e de forma regular, o empreendedor em série faz igualmente donativos a várias causas que estejam debaixo do “chapéu de intervenção” da sua fundação.
Adicionalmente, a inteligência artificial é outra das áreas de intervenção do multimilionário. Em Julho de 2015, na International Joint Conference on Artificial Intelligence, um conjunto de especialistas da promissora área da Inteligência Artificial (IA), divulgariam uma carta aberta contra as denominadas “armas autónomas” que, graças à IA, conseguem seleccionar e atingir alvos sem qualquer intervenção humana. Musk foi um dos signatários iniciais da mesma, em conjunto com outros cientistas e peritos em tecnologia, como Stephen Hawking ou Steve Wozniak, ou ainda o filósofo Noam Chomsky, sendo que este manifesto contra o que designam constituir as “Kalashnikovs de amanhã”, ou seja, os drones e as armas nucleares, mas também a biotecnologia com potencial para ser usada para maus fins, continua a somar inúmeros subscritores. Musk doou ainda 10 milhões de dólares ao Future of Life Institute – uma organização sem fins lucrativos que reúne um conjunto diversificado de cientistas e investigadores das várias áreas da IA que defendem igualmente a utilização destas novas tecnologias para o bem da humanidade – para subsidiar um programa de pesquisa global nas áreas da economia, direito, ética e políticas relacionadas com os progressos da inteligência artificial. Musk é ainda fundador e co-presidente de uma outra iniciativa similar, a OpenAI, cujo objectivo é apoiar projectos na área da inteligência digital, também em benefício da humanidade, de indivíduos ou organizações que careçam de fundos para as levar a cabo, para que os mesmos “fiquem libertos da necessidade de gerar retornos financeiros”. Por último, Musk investiu, em conjunto com Bill Gates e o actor Ashton Kuchner, numa empresa “secreta” – a Vicarious – que visa construir um robot que seja capaz de pensar como uma pessoa, através de uma rede neural capaz de replicar a parte do cérebro que controla a visão, os movimentos do corpo e a linguagem, mas que não precisa de dormir nem de ser alimentado (como convém). Ou, em suma, para além de visionário, Elon Musk não se limita a imaginar, mas a criar condições para que o futuro não seja tão assustador como muitos vaticinam.
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