POR GABRIELA COSTA
A IX Competição Nacional do Start Up Programme da Junior Achievement Portugal culminou na recente apresentação de 11 projetos finalistas desenvolvidos por cerca de 50 alunos universitários, na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP). As ideias seleccionadas entre os trabalhos que resultaram da participação de 282 alunos provenientes da Universidade de Lisboa, Universidade do Porto, Universidade Nova de Lisboa e Universidade Católica, num total de 16 Faculdades, disputaram a distinção de Best Overall Company do ano letivo 2015/2016 (oferecida pela Fundação Millennium bcp, patrocinador do programa da JA para o ensino superior).
Os jovens universitários mostraram o seu potencial na competição final do programa que dá uma formação empreendedora sobre como se cria e gere uma empresa, com o apoio e a orientação de voluntários empresariais. Através da organização e operação de uma miniempresa, os alunos aprendem sobre a estrutura do sistema empresarial e os seus benefícios, desenvolvendo competências ao nível da comunicação, tomada de decisão, negociação, organização e gestão de tempo e ficando a conhecer melhor as suas aptidões pessoais.
Feita a apresentação em palco e a exposição dos produtos e serviços que estiveram na base das ideias finalistas, o júri composto por Helena Mena, da Fundação Millennium bcp, Pedro Monteiro de Barros, da Accenture, Rita Lucena, da Fábrica de Startups, Pedro Madeira Rodrigues, da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e Zita Guerra, da Sonae Sierra, deliberou e atribuiu o prémio de Best Overall Company à miniempresa WeRoll, que desenvolveu uma app que facilita a partilha no momento de fotografias com um grupo de amigos e que “promete revolucionar a forma como se criam histórias em grupo”.
A ideia, direccionada aos ‘millenials’, é criar álbuns (rolls), adicionar os amigos, tirar fotografias, adicionar-lhes uma descrição e partilhá-las instantaneamente com grupos. Como defende a equipa, que tem como co-fundadores Pedro Serrano e Francisco Val Ferreira, dois jovens amigos de faculdade, a estratégia é tão simples como isto: “cada um tira fotografias com a sua própria câmara, e estas são adicionadas em tempo real e aparecem em ordem cronológica no feed do respectivo roll. Não há ‘gostos’ nem comentários, apenas imagens que no seu desenrolar formam a história de cada roll” – álbuns de um aniversário, de uma férias, de uma viagem ou de um grupo de amigos.
[su_youtube url=”https://youtu.be/1K91vl4VAfI”]Os dois ex-alunos da NOVASBE vêm criando projectos conjuntos desde que se conhecem e, em 2014, último ano da faculdade, após ganharem um concurso de startups nacional e de serem seleccionados como finalistas em vários concursos pela Europa (Big App Fund by Facebook, Intel Business Challenge, JA Enterprise Challenge), conheceram “verdadeiramente” o mundo das start-ups e “começou a crescer o gosto por apps (B2C – Business to Consumer)”.
Este percurso, que “entretanto teve alguns percalços e desvios inesperados, acabou por culminar numa ideia que acreditámos que viria a ser ‘a tal’”. E que surgiu “quando as nossas namoradas foram viver para Londres e milhares de fotografias se perdiam entre milhares de conversas e aplicações”, explica, em entrevista ao VER, Pedro Serrano. Já no início de Fevereiro deste ano a ideia desenvolveu-se, desenrolando-se em “algo mais sério”, com as participações da equipa do WeRoll no Programa de Incubação da Fábrica de Startups (Lisboa) e no batch do Lisbon Challenge.
Daí até à conquista do primeiro lugar no Start Up Programme da Junior Achievement, “um dos programas mais internacionais em que já participei e, acredito, que irá permitir ao WeRoll ter uma exposição a outro nível”, sublinha, foi um pulinho. Na sua perspectiva, esta experiência em vários concursos e eventos de empreendedorismo por toda a Europa, aliada “ao facto de já termos levado um produto funcional disponível para demonstração”, marcou a diferença na competição, face às restantes equipas.
A equipa terá agora a oportunidade de representar Portugal no JA Europe Enterprise Challenge 2016, que se realiza entre 6 e 8 de julho em Bucareste, na Roménia. Como adianta o membro do WeRoll, o objectivo é “fechar esta versão beta da app, criar uma versão exclusiva para os participantes do evento e, no regresso, lançar a aplicação a nível global”.
Qual a relevância desta formação empreendedora, que permite uma experiência prática na organização e operação de uma miniempresa, para a aquisição das competências de gestão necessárias à vossa carreira futura?
O conceito ‘empreendedor’ não poderia estar mais em voga em Portugal. Para mim, um empreendedor é mais que um líder, um inovador ou um criativo, é um ‘doer’. Numa start-up, temos que ser responsáveis por todas as áreas e nos superar a todos os níveis. É um trabalho e um percurso que exige capacidade de aprendizagem e adaptação.
Quais as aprendizagens que mais valorizaram ao longo desta competição (por exemplo, desenvolvimento de skills de comunicação ou negociação e tomada de decisão na resolução de conflitos empresariais)?
Ao longo do programa, penso que as aprendizagens mais valiosas provieram do feedback tanto do nosso mentor como dos profissionais e empreendedores experientes com quem tivemos o privilégio de contactar durante todo o percurso.
O que distinguiu o projecto WeRoll dos demais finalistas que disputaram a Best Overall Company do ano lectivo 2015/2016?
Penso que a nossa experiência em vários concursos e eventos de empreendedorismo por toda a Europa, bem como o facto de já termos levado um produto funcional disponível para demonstração, tenham feito com que nos distinguíssemos das outras equipas.
O weRoll é uma app “que facilita a partilha de fotografias com um grupo de amigos e que promete revolucionar a forma como criamos histórias em grupo”. Com que serviços e inovações se pretendem diferenciar de aplicações já globalizadas em redes sociais como o Instagram ou o Snapchat?
Nós não nos queremos posicionar como uma rede social, mas sim como uma tool que irá facilitar a captura de fotografias em conjunto sem que estas fiquem dispersas por vários dispositivos. Os nossos principais concorrentes são maioritariamente aplicações de ‘storytelling’ e de organização/agregação de fotografias.
Quão difícil é ter todas as fotografias de um determinado momento num só lugar? Quantas vezes vamos à galeria, selecionamos fotografias, criamos pastas e convidamos os outros a fazerem o mesmo para todos termos acesso a todas as fotografias? Raramente, certo? E chega aquele dia em que queremos realmente relembrar um momento com os nossos amigos numa determinada viagem, mas já ninguém sabe bem quem tem as fotografias ou onde estão…
Com o WeRoll, é possível capturar e partilhar fotografias no momento, como se todos usassem a mesma câmara. O paradigma à volta de outras apps de storytelling está na combinação, enquantoque o nosso foco está na captura de fotografias em conjunto, à partida. A verdadeira inovação está na forma simples e rápida de capturar fotografias e partilhá-las como se estivéssemos todos juntos num só lugar, está na interacção instantânea. E depois no poder olhar para trás e ter uma verdadeira noção da história dos nossos momentos.
Que perspectivas têm para o desenvolvimento sustentável deste modelo de negócio, a começar já no JA European Enterprise Challenge, durante o qual vão criar uma versão exclusiva para os participantes a partir da qual irão lançar a app WeRoll a nível global?
A aplicação ainda não está no mercado. Até aqui temos feito vários testes de utilização com Alfas (os primeiros utilizadores da rede dentro de um círculo limitado e fechado), e neste momento estamos a fazer todos os possíveis para ter a versão beta finalizada disponível para usar no JA European Entreprise Challenge.
Juntamente com os vários utilizadores que já angariámos através de inscrições para beta no website, acreditamos que os participantes poderão formar uma base de utilizadores relevante o suficiente para testar a aplicação antes de ser lançada no mercado.
Jornalista