A forte aposta da Microsoft Portugal na Educação inclui o Programa Líderes Inovadores que, na sua 4ª edição, está a formar directores de escolas em competências de gestão. Em entrevista, Rui Grilo defende o potencial da tecnologia ao serviço do ensino, sublinhando que permitir aos gestores escolares “pensar estrategicamente na mudança” abre espaço para que estes “se tornem em catalisadores de inovação na sua comunidade educativa”
POR GABRIELA COSTA

© Microsoft Portugal

O Programa Líderes Inovadores, lançado em 2010, encontra-se na sua quarta edição com o objectivo de continuar a formar directores de escolas, ampliando as suas capacidades de liderança e inovação e preparando-os para os desafios do ensino no século XXI, através do potencial da tecnologia ao serviço da gestão escolar. A iniciativa é desenvolvida pela Microsoft em parceria com o Ministério da Educação que, através da Direcção Geral da Administração Escolar, acredita o Programa como formação contínua acreditada, e apoia na selecção dos candidatos.

Desde o seu lançamento, já formou cerca de 250 directores de Escolas ou Agrupamentos do Ensino Básico e Secundário do sector público. A edição de 2012 (concluída em Abril de 2013) envolveu 89 directores de agrupamentos de escolas de todo o país, que gerem mais de 690 escolas, 14 mil professores e 143.800 alunos do ensino pré-escolar, básico e secundário. Esta quarta edição do programa, que arrancou em Outubro de 2013, conta com a participação de 100 novos directores.

Segundo o director para a área da Educação na Microsoft Portugal, Rui Grilo, a iniciativa está a gerar impacto na comunidade escolar, porquanto impulsiona projectos “que transformaram realmente a escola e o seu papel na comunidade, e cuja inovação se traduziu em melhores resultados escolares, menos indisciplina, menos abandono escolar ou, simplesmente, numa melhor dinâmica de trabalho entre professores e funcionários”.

Quais são os objectivos deste programa de capacitação de competências de gestão e de liderança com vista à potenciação da tecnologia ao serviço da gestão escolar, dirigido a directores de escolas?
É inegável o impacto da revolução tecnológica, que permite aos alunos de hoje ter acesso a mais informação do que seria imaginável há apenas dez ou vinte anos, manter-se em contacto com um círculo de amigos cada vez mais alargado e colocar instantaneamente à disposição do mundo inteiro o resultado do seu trabalho.

© Microsoft Portugal
Rui Grilo, director para a área da Educação na Microsoft Portugal

Estas mudanças reflectem-se necessariamente nas escolas, que têm que formar alunos mais exigentes para um mercado de trabalho que já será diferente quando estes saírem da escola. Os directores das escolas e agrupamentos de escolas, quase todos sem formação de base em gestão, têm que gerir esta transformação num contexto muito exigente. Por isso, a Microsoft decidiu ir para além da formação na utilização da sua tecnologia e desenhar um programa, em parceria e com o reconhecimento do Ministério da Educação, para desenvolver as competências de gestão, liderança e inovação dos nossos directores de escola.

Que balanço faz do Programa, que desde 2010 formou cerca de 250 directores de escolas e agrupamentos do ensino Básico e Secundário, e que expectativas têm para esta 4ª edição?
O balanço é extremamente positivo, sobretudo pelo impacto que o programa teve na escola de cada um dos directores que participaram. Todos escolheram uma mudança estratégica que queriam fazer acontecer no seu agrupamento de escolas, delinearam o plano para a concretizar, colocaram em prática esse plano e avaliaram os resultados.

Os resultados estão disponíveis, como estudos de caso, e são esses testemunhos pessoais que dão significado ao facto de, através dos 250 directores que participaram no programa desde 2010, termos chegado a quase 1700 escolas, 34 mil professores e mais de 325 mil alunos. Para esta 4ª edição, ajustámos o calendário do programa para dar mais tempo útil aos directores para concretizarem a mudança que querem ver no seu estabelecimento de ensino.

O Programa Líderes Inovadores assenta numa metodologia que inclui seminários em Gestão, Liderança, Marketing e Comunicação, orientação à distância e presencial e tutoria, e conferências com gestores de empresas e especialistas em Liderança. Que tipo de competências e partilha de experiências desenvolve esta metodologia entre os formandos? Em que consiste o desenho e a implementação de um Plano de Mudança e Inovação?
A metodologia do programa pretende conciliar a flexibilidade do trabalho à distância com a proximidade que só se desenvolve com o contacto pessoal. É por isso que começamos com dez dias de formação presencial, durante a qual os directores exploram conceitos importantes de gestão enquanto partilham a sua experiência com outros colegas.

Quando, de seguida, se dedicam à concepção e execução do seu plano de mudança e inovação, estes directores passam a desenvolver o seu trabalho autonomamente, com apoio à distância e dois momentos de apresentação do projecto e dos resultados. Para o seu plano, cada director parte da descrição da sua escola e de uma análise estratégica para a escolha e definição da mudança estratégica que quer concretizar. Depois, identifica os objectivos operacionais que conduzem a essa mudança e as acções que precisa executar, escolhendo indicadores que lhe permitam avaliar os resultados que vai alcançar.

De que modo contribuem as Conferências “Leader’s Talk” para melhorar a capacidade de liderança inovadora destes dirigentes escolares? O que pode adiantar relativamente a estas sessões na 4ª edição do programa?
As conferências “Leader’s Talk” permitem aos directores participantes perceber que as dificuldades que enfrentam têm semelhanças com os problemas que qualquer gestor tem que encarar. Afinal, cada agrupamento de escolas é uma organização com uma dimensão apreciável, com centenas de professores e funcionários e milhares de alunos. Por isso, convidamos gestores que, pelo seu percurso, os podem inspirar para ultrapassar as dificuldades e inovar.

Na edição deste ano, contámos com a presença de Miguel Júdice, CEO do Thema Hotels, e Gonçalo Ribeiro, consultor sénior da Mercuri Urval, para a “Leader’s Talk” que se realizou no passado dia 12 de Novembro. Os temas em destaque foram a importância da liderança e a forma como o nosso país pode explorar melhor a hospitalidade, em sentido lato, como vantagem competitiva.

Acredita que este programa é único pela forma como contribui para cada responsável “assumir a responsabilidade de conduzir a mudança na sua organização”. Em que medida é que esta iniciativa da Microsoft Portugal gera impacto em toda a comunidade escolar, “materializando práticas de gestão inovadoras”?
Ao convidar os directores a pensar estrategicamente e ao ajudá-los a acreditar que podem concretizar a mudança que ambicionam, abrimos espaço para que estes se tornem em catalisadores de inovação na sua comunidade educativa. As práticas de gestão inovadoras resultam da ousadia de arriscar e da confiança na sua capacidade de obter resultados.

“As práticas de gestão inovadoras resultam da ousadia de arriscar e da confiança na capacidade de obter resultados”

.
.

Desde 2010, temos acompanhado projectos que transformaram realmente a escola e o seu papel na comunidade, como o do Agrupamento de Escolas de Freixo e muitos outros cuja inovação se traduziu em melhores resultados escolares, menos indisciplina, menos abandono escolar ou, simplesmente, numa melhor dinâmica de trabalho, mais articulada e partilhada, entre professores e funcionários.

Porque é que este programa é uma das iniciativas chave da forte aposta da Microsoft na Educação? Quais são os objectivos do Programa Estratégico Partners in Learning em Portugal?
Acreditamos que a tecnologia é uma componente essencial de uma transformação mais profunda do ensino, e este programa Líderes Inovadores permite à Microsoft ajudar um número muito significativo de escolas a começar a concretizar essa mudança todos os anos. Mas os nossos objectivos com o programa Partners in Learning não se esgotam na formação de directores de escola.

Queremos também ajudar os professores a utilizarem a tecnologia de que dispõem da melhor forma, e para isso organizamos ciclos de webcasts e conferências anuais. Também pretendemos contribuir para que esses professores tenham um espaço para poderem discutir e partilhar as suas experiências e, por isso, criámos a rede PiL Network, na qual os professores portugueses têm estado entre os mais activos.

Em suma, para a Microsoft a Educação é um sector de aposta estratégica, no qual investe cada vez mais porque acredita na sua importância para construirmos um futuro melhor.

Qual é a abrangência nacional deste Programa mundial que apoia a integração das TIC nos processos de ensino e aprendizagem, ao nível do investimento feito e do número de professores, alunos e escolas envolvidas?
Portugal faz parte, desde o início, do programa mundial Partners in Learning. Foi em 2004 que o nosso Ministério da Educação assinou o memorando de entendimento com a Microsoft para dar início a um investimento que já ultrapassa os 2 milhões de euros. As nossas acções de promoção e integração das tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem já formaram mais de 70 mil professores e envolveram mais de 1 milhão de alunos.

Reconhecemos seis escolas entre as mais inovadoras a nível mundial. Dois professores portugueses foram já premiados mundialmente pela Microsoft, pelo seu trabalho de inovação na sala de aula com tecnologia.

Como comenta a perspectiva de crescimento da Microsoft Portugal no que respeita ao reforço do seu compromisso com a Educação, enunciada em metas estratégicas até 2018?
A Microsoft renovou este ano com o Ministério da Educação e Ciência o seu compromisso de investimento através do programa Partners in Learning até 2018, e assumiu metas ambiciosas para esse período.

Queremos formar mais 40 mil professores na utilização eficaz da tecnologia na sala de aula, através de acções de formação presenciais e à distância. Vamos continuar a desenvolver e a reconhecer a inovação nas escolas, formando mais quatrocentos directores de escola (cem por ano) através do programa Líderes Inovadores.

Por último, pretendemos apoiar os alunos de todos os graus de ensino na utilização segura e ética da tecnologia, desenvolvendo a sua criatividade e espírito empreendedor através de acções em todo o país, como o Dia da Internet Segura.

Seis escolas portuguesas entre as mais inovadoras do mundo
© Microsoft Portugal

No âmbito do programa mundial Partners in Learning, que Portugal integra desde 2004, a Microsoft Portugal reconheceu seis escolas nacionais entre as mais inovadoras a nível mundial:

• A Escola Básica do 1.º Ciclo de Várzea de Abrunhais (2009), pela forma inovadora como integrou a utilização dos computadores Magalhães na prática pedagógica diária;

• A Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos de Nevogilde (2010), pela criatividade do corpo docente na utilização da tecnologia na sala de aula;

• A Escola Secundária de Lagoa (2010, Escola Mentora em 2010/2012), pela utilização generalizada da tecnologia para explorar matérias curriculares em múltiplas disciplinas, desenvolvendo a autonomia e competências de colaboração dos alunos;

• O Agrupamento de Escolas de Lousã (2011), pela integração da tecnologia na sala de aula como forma de reforçar a motivação dos alunos e professores, com grande impacto na comunidade educativa local;

• O Agrupamento de Escolas de Freixo (2012, Escola Mentora em 2013), pela profunda utilização da tecnologia em várias disciplinas para desenvolver o espírito crítico e empreendedor dos alunos;

• O Colégio Monte Flor (2013, Escola Mentora), pela utilização diária da tecnologia num ambiente colaborativo, desenvolvendo a autonomia dos alunos na exploração dos conteúdos curriculares.

Jornalista