POR ALBERT COLOMER ESPINET
- Alguma vez pensou no que fazer com o seu negócio quando estiver preparado para se reformar?
- Pretende vender o seu negócio, mas não sabe como fazê-lo?
- Deseja ser um empreendedor, mas sem ter de começar do zero?
- Está no desemprego e quer ser patrão de si mesmo tomando conta de um negócio já existente?
Se se encontra em uma destas situações, poderá estar interessado no Reempresa, o mercado de transferência de negócios para pequenas e médias empresas sedeado na Catalunha. Esta é uma iniciativa de sucesso que, desde 2011, já ajudou mais de 1450 negócios a serem transferidos, salvando mais de 4300 empregos directos.
A transferência de negócios está a ganhar uma importância cada vez maior
De acordo com a Comissão Europeia, todos os anos são aproximadamente 150 mil as empresas que fecham as suas portas, o que se traduz na perda de cerca de 600 mil postos de trabalho e muito por força das ineficiências inerentes às fusões e aquisições. Enquanto a transferência de negócios no interior das famílias é ainda a prática mais comum, o número de transferências para terceiros está a aumentar e é cada vez mais importante facilitar estas mesmas transferências entre empreendedores, mas também para outras empresas que pretendem estimular o seu crescimento.
O sucesso das transferências de PME é crucial para a economia europeia e existem várias áreas prioritárias que precisam de ser abordadas ao nível da UE, mas também a nível nacional por cada um dos seus Estados-membros.
Evitar a perda de empregos e de empresas
Em 2011, e no contexto da avassaladora crise económica e das elevadas taxas de desemprego, a associação catalã de trabalhadores Cecot, em conjunto com a Fundação Autoocupació, decidiu estabelecer o primeiro mercado espanhol de ajuda à transferência de negócios: o Reempresa. O objectivo era evitar o fechar portas de negócios devido a questões de sucessão, ajudando-os a serem transferidos para um novo – e mais jovem – empreendedor.
O Reempresa tem, assim, como principal objectivo ajudar as pequenas e micro empresas ou, em suma, aquelas que não têm meios para custear serviços especializados em transferência de negócios. Na medida em que esta é uma questão social de importância extrema, e sendo o principal objectivo do Reempresa evitar a perda de postos de trabalho e estimular o crescimento económico, este “mercado de transferências” estabeleceu uma parceria público-privada com os principais governos regionais para oferecer estes serviços às PME.
Como funciona?
O objectivo do Reempresa é estabelecer um sistema generalizado no seu território através do qual um potencial comprador, ou o proprietário de uma empresa que deseje transferir o seu negócio, terá acesso a um “Mercado Único” e a um One-Stop-Office com aconselhamento e formação especializados, e no qual é possível encontrar apoio por parte da administração pública, de operadores económicos e dos seus próprios colaboradores.
A organização fornece um serviço sem fins lucrativos, o qual é coordenado por profissionais em transferência de negócios com o apoio de uma rede de colaboradores. A Reempresa tem, assim, um Mercado virtual e físico que oferece igualmente uma ferramenta de “correspondência” profissional, bem como um serviço de consultoria que visa apoiar o processo de negociação entre ambas as partes.
Para assegurar um serviço de alta qualidade, os consultores tratam todos os processos com confidencialidade total, verificando toda a informação que será posteriormente publicada no Mercado. Uma equipa de consultores faz também o aconselhamento necessário ao longo de todo o processo de transferência: desde a primeira reunião introdutória entre as duas partes até ao acordo final de compra, apoiando todas as fases inerentes à negociação. De sublinhar também que todo o aconselhamento prestado pelo Reempresa é caracterizado pela sua neutralidade face a ambas as partes e por um total profissionalismo decorrente da especialização dos seus colaboradores.
Comprar e vender
Tendo em conta que a principal razão para se vender um negócio continua a ser a da reforma, o Reempresa é um exemplo claro de regeneração de negócios, onde empreendedores mais jovens com novos conhecimentos e fortes desejos de inovação substituem os proprietários desses mesmos negócios, tentando encaminhá-los para uma nova fase.
O Reempresa já salvaguardou centenas de empresas, as quais estavam sem sucessor e que se esperava que encerrassem devido a ineficiências no processo de transferência de negócios. Ao manter estes empreendimentos, milhares de empregos directos foram salvos e novas oportunidades foram oferecidas a novos empreendedores, dos quais 40% se encontravam em situação de desemprego.
O Reempresa em Portugal
Um processo bem-sucedido de transferência de negócios é uma das principais pré-condições para a sustentabilidade de longo prazo das pequenas e medias empresas, o qual é, na maioria das vezes, associado à reforma do proprietário e ao abandono da gestão e, consequentemente, ao resignar do seu papel enquanto dono da empresa.
Na medida em que a maioria das empresas portuguesas é de micro ou pequena dimensão e dado que a prática de transferência de negócios será cada vez mais relevante também em Portugal, onde milhares de pequenas e médias empresas, em conjunto com os seus trabalhadores, representam um grupo de risco no qual os proprietários subestimam a complexidade e a duração de processos desta natureza, o Reempresa poderá ajudar os proprietários de negócios portugueses, bem como os potenciais compradores, nos seus processos de transferência e da seguinte forma: em primeiro lugar no que respeita à implementação técnica da transição, seguindo-se a avaliação do negócio e culminando com a harmonização dos interesses do empreendimento e da família aquando da tomada de decisão acerca do futuro do mesmo.
Assim e no nosso país, o objectivo é implementar um projeto-piloto a partir do início de 2018, juntando empreendedores a empresas em risco de encerrarem, garantindo que não há perda de emprego. A Câmara Municipal de Lisboa apoia este piloto, estando a Stone Soup a promover contactos entre os responsáveis do Reempresa e entidades nacionais da área do emprego e apoio empresarial que possam estar interessadas em apoiar a implementação em Portugal.
Em 2017, o Reempresa foi eleito como o vencedor espanhol do European Enterprise Promotion Awards e foi igualmente considerada uma boa prática, enquanto exemplo de uma inovação social que luta contra o desemprego, pela consultora portuguesa Stone Soup.
Fundador e director da Reempresa