São quarenta anos de Jornadas Mundiais da Juventude (a primeira realizou-se em 1985) um caminho sinodal que a Igreja, desafiada pelos seus pastores, tem feito com várias gerações de jovens. Vislumbramos nas homilias de encerramento das JMJ, os três grandes pilares daquele que viria a ser o desafio que o Papa Francisco fez a toda a Igreja ao convocar um Sínodo sobre a Sinodalidade, ou seja, o de crescermos como discípulos de Cristo, na comunhão, participação e missão
POR Pe. JOSÉ PINHEIRO

Tive a graça de participar nos últimos 23 anos em cinco Jornadas Mundiais da Juventude. Foram três papas diferentes que me convocaram para esses cinco encontros com Jesus. João Paulo II (Roma e Toronto), o Papa Bento XVI (Colónia e Madrid) e o nosso Papa Francisco (Rio de Janeiro).

Foram experiências distintas, que me surpreenderam em diferentes momentos do meu discernimento vocacional e que seguramente confirmaram-me profundamente na minha resposta de fé a Jesus Cristo.

Nestas cinco jornadas, nas suas poderosas homílias, os sucessores de Pedro impressionaram-me pelo insistente e repetido apelo à redescoberta da centralidade da Eucaristia dominical na minha vida, e nela e a partir dela, descobrir a minha vocação cristã e a consequente urgência na missão de levar Jesus aos outros jovens.

Em 2000, em Roma e no ano Jubilar, João Paulo II dirigia-se a nós, jovens, com estas palavras: «Que a Eucaristia plasme a vossa vida, a vida das famílias que haveis de formar. Que ela oriente todas as vossas opções de vida. Que a Eucaristia, presença viva e real do amor trinitário de Deus, vos inspire ideais de solidariedade e vos faça viver em comunhão com os vossos irmãos dispersos pelos quatro cantos da terra.».

Já em Toronto, naquela que viria a ser a sua última JMJ, João Paulo II lembrava-nos como a Eucaristia é a única fonte de vocações: «De modo particular, brote da participação na Eucaristia um novo florescimento de vocações para a vida religiosa, que assegure a presença na Igreja de forças novas e generosas para a grande tarefa da nova evangelização. Se algum ou alguma de vós, jovens amigos, sente dentro de si o chamamento do Senhor para se entregar totalmente a Ele e amá-Lo «com coração indiviso» (cf. 1 Cor 7, 34), não se deixe retrair pela dúvida ou pelo medo. Mas, com coragem, diga o seu «sim» sem reservas, confiando n’Ele que é fiel em todas as suas promessas.»

Em Madrid, em 2011, o Papa Bento XVI recordou aos jovens que a Igreja é mãe e mestra na fé, sem a qual nunca poderíamos conhecer Jesus e que é na Eucaristia dominical e nos sacramentos da Igreja que podemos alimentar a nossa fé sem a qual nunca poderíamos realizar a nossa vocação missionária. «Desta amizade com Jesus, nascerá também o impulso que leva a dar testemunho da fé nos mais diversos ambientes, incluindo nos lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença. É impossível encontrar Cristo, e não O dar a conhecer aos outros. Por isso, não guardeis Cristo para vós mesmos. Comunicai aos outros a alegria da vossa fé».

No mesmo sentido, no Rio de Janeiro, em 2013, naquela que foi a segunda maior concentração de católicos na história (3,7 milhões), o nosso Papa Francisco, no seu estilo direto e informal, provocava os jovens a gastarem a sua vida na missão de trazer novos discípulos para Jesus: «Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, vão; mas disse: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, e também a si. É uma ordem, sim; mas não nasce da vontade de domínio, da vontade de poder. Nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e não nos deu somente um pouco de Si, mas deu-se por inteiro».

São quarenta anos de Jornadas Mundiais da Juventude (a primeira realizou-se em 1985), um caminho sinodal que a Igreja, desafiada pelos seus pastores, tem feito com várias gerações de jovens. Vislumbramos nas homilias de encerramento das JMJ, os três grandes pilares daquele que viria a ser o desafio que o Papa Francisco fez a toda a Igreja ao convocar um Sínodo sobre a Sinodalidade, ou seja, o de crescermos como discípulos de Cristo, na comunhão, participação e missão. Os diferentes papas, cada um à sua maneira, convidaram os jovens a participar ativamente na vida da Igreja, a assumir protagonismo abraçando a sua vocação, contribuindo com a sua vida para a renovação da Igreja, não a partir de ideologias ou políticas mais ou menos conservadoras, mas de um encontro direto, real, livre com Jesus, Palavra de Deus, presente, e nosso alimento, em cada Eucaristia.

José Pinheiro

Assistente Nacional da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE); Pároco da Cova da Piedade, Almada, Diocese de Setúbal; Director Espiritual do Seminário Maior de São Paulo de Almada; Presidente da Comissão do Sínodo dos Bispos da Diocese de Setúbal (2021-2023).

1 COMENTÁRIO

  1. Creio que o essencial das JMJ, seja de Lisboa ou do país que for, é cada um de nós, ter a coragem de abrir o coração à novidade do Espírito Santo, e deixar-se inflamar por Ele, tal como fez a Mãe de Jesus, aquando no Cenáculo de Jerusalém em união com os Apóstolos, oravam convictamente, aguardando com absoluta confiança a Promessa do Pai.
    O mundo todo, está super carente dos dons do E.S., e por isso se encontra numa tremenda confusão!
    Quem vem à JMJ, certamente que deseja este encontro com o Senhor, e automaticamente já vem de coração aberto, com um desejo ardente de ser “assaltado” e invadido pelo Senhor da Vida e da morte!
    Toda a gente tem o direito de se querer manter fora desta “confusão”, pelos mais variados motivos, mas, quem deseja mesmo, encontrar o Caminho, a Verdade e a Vida, “vai, vende todos os seus bens, e compra aquele campo, onde descobriu a joia” ( Mt. 13, 46).
    “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. (Jeremias 29,13).
    Certamente que vai haver um grande derramamento do Espírito Santo, durante estes 6 dias de oração e busca da Verdade e quando o E. S. vem, tudo transforma, tudo enche de Amor e Paz! Só há confusão onde Ele não está presente e Ele só não está quando o livre arbítrio Lhe recusa a entrada!

Comentários estão fechados.