Famoso por acumular a maior fortuna da História, a profunda Fé cristã de JD Rockefeller levou-o a dedicar os últimos trinta anos de vida e 90% da sua riqueza à criação duma obra de filantropia ímpar
POR JOÃO RODRIGUES PENA
John Davison (JD) Rockefeller Sr. (1839 – 1937) foi o maior magnata da História, com uma fortuna estimada em 600 bi USD a valores atuais. Mas foi sempre um cristão de Fé profunda, assíduo frequentador da igreja, crente na Bíblia e um marido e pai dedicado que arranjou tempo para a sua família enquanto construía a organização mais poderosa do mundo. Mas foi acima de tudo o maior filantropo da história, abandonando a sua vida profissional para dedicar décadas a distribuir a maior parte da sua fortuna por causas sociais, levando muitos a acreditar ter sido a pessoa mais benevolente de todos os tempos.
O segundo de seis filhos, J.D. Rockefeller nasceu em Richford, Nova Iorque. O pai levou uma existência estouvada, mas a sua mãe Eliza era uma Baptista devota que frequentava regulamente a igreja com os filhos enquanto lutava para manter a estabilidade em casa. Bem-comportado, sério e estudioso, JD ajudava nas tarefas domésticas e ganhava dinheiro extra criando perus, vendendo batatas e doces e emprestando pequenas somas de dinheiro aos vizinhos. Mais tarde, ele afirmaria: “Desde o início, fui educado para trabalhar, poupar e dar”.
Richford fazia parte duma região de grande influência Baptista, exortando os ideais de trabalho árduo, oração e boas ações . A mãe de JD teve uma grande influência na sua vida “Foi a fé da minha Mãe me levou, desde cedo, a aceitar Cristo como meu Senhor e Salvador.” Aos 16 anos, JD quer tornar-se autossuficiente. Faz um curso de contabilidade e obtém o seu primeiro emprego em Cleveland, mantendo-se sempre frugal e poupando para investir em negócios futuros.
Aos 27 anos, o final da Guerra Civil traz um disparo brutal do preço de petróleo. No meio da corrida à perfuração de petróleo, JD junta-se a dois sócios e estabelece a maior refinaria de Cleveland, com um modelo de alto rendimento inovador e margens muito superiores à concorrência. Nasce a Standard Oil, a empresa da sua vida e a catapulta da fortuna Rockefeller. Nos trinta anos seguintes, JD e os seus sócios compram dezenas de refinarias e criam um monopólio gigantesco que gerava mais lucro do que qualquer outra empresa americana à data. Chegam a ter uma quota na refinação mundial de petróleo superior a 90%. E a fortuna de JD atinge níveis ímpares na História.
Paralelamente às suas lutas profissionais, onde era tido como um homem rígido, agressivo e, para muitos, pouco escrupuloso, Rockefeller nunca deixa de frequentar a igreja com a família, todos os domingos e às noites de sexta-feira para as reuniões de oração. Além do dízimo que doava desde os seus 20 e poucos anos, JD começa a ampliar a sua doação e tinha um lugar especial no coração para os negros, que tinham acabado de ser libertados da escravidão. “sempre considerei como um dever religioso obter tudo o que podia honrosamente e dar tudo o que podia”.
Aos 53 anos dá-se a segunda grande viragem da sua vida.
JD Rockefeller adoece gravemente. Todos pensam que estaria prestes a morrer e havia quem tivesse tido a iniciativa de escrever o seu obituário na imprensa. Aguardando o fim, JD compreende que Deus lhe dera o dom de acumular riqueza, mas que isso era uma maldição porque não percebia o verdadeiro propósito dessa riqueza. Nessa noite, JD não consegue dormir e volta-se para Deus em oração, recebendo uma visão onde o Senhor lhe diz “Todo o dinheiro do mundo não te fará bem no céu nem no inferno. O teu trabalho e a tua responsabilidade é doá-lo para abençoar os outros.”
No dia seguinte, JD reúne a sua equipa próxima e estabelece a Fundação John D. Rockefeller. E a sua saúde melhora – Deus deu-lhe a paz de espírito, a cura interior que abriu a porta para a cura física. A riqueza de JD aumenta e ele dedica o resto da vida à Fundação, doando 90% de tudo o que tinha ou ganhava sob o lema ” promover o bem-estar da humanidade em todo o mundo.”. JD descobria a sua verdadeira vocação de vida.
O trabalho da Fundação nesta primeira era foi notável. Criou duas das maiores universidades de investigação médica do mundo, ajudou a tirar o povo sul americano do seu estado de pobreza crónico, financiou a educação de legiões de afro-americanos e prestou um contributo valioso para desenvolvimento e aplicação de vacinas em todo o mundo.
Refere o seu biógrafo Ron Chernow que JD Rockefeller “deve ser classificado como o maior filantropo da história americana”. A Fundação, a primeira do seu género no mundo, foi-se fortalecendo de geração em geração da família e está hoje bem viva nas mãos de um conselho profissional.
JD era um cristão temente a Deus, frequentador da igreja, que nunca vacilou na sua fé e que doou mais para obras socias do que qualquer outra pessoa na História. Foi um marido e pai dedicado que arranjou tempo para a sua família enquanto construía o grupo empresarial mais poderoso do mundo. Da riqueza da sua vida e do seu legado, destacamos três princípios para ilustrar o título da nossa coluna, o impacto da fé cristã na criação e gestão empresarial:
- A missão de um empresário é ser um mensageiro de Deus na criação de riqueza e na sua distribuição para o bem comum
- Trabalhar, poupar e dar – os três alicerces de uma sólida educação cristã
- A eficácia da ação filantrópica está em dotá-la de um modelo de gestão empresarial
Qualquer pessoa que procure encontrar um modelo de como ser um empresário cristão incrivelmente astuto, mas benfeitor deve refletir sobre a vida de JD Rockefeller. O impacto que ele causou na sociedade foi e ainda é enorme. Foi John Beehner quem escreveu no seu primeiro livro True Wealth By the Book: “A verdadeira riqueza não é uma medida de sucesso, mas uma medida de responsabilidade”. Uma bela descrição do mantra de JD Rockefeller.
Imagem: © Philanthropy Roundtable
Engenheiro Civil com MBA por Wharton/NOVA e pós-graduação pela Harvard Business School. Depois de uma longa carreira em Consultoria de Estratégia concluida com o lugar de Presidente da AT Kearney Iberia, passa a focar-se no Desenvolvimento de Empresas Familiares, área onde tem sido cronista regular em vários jornais, conferencista e autor do livro “44250 passo até ao Cume”. É Cavaleiro da Ordem de Malta CGM e associado da CCIP e da ACEGE