POR ISABEL JONET
Os momentos difíceis que atravessamos devem levar-nos a pôr à prova a coerência entre aquilo em que dizemos acreditar e o que de facto desenvolvemos, para que este desejo se torne efectivamente numa prática transformadora da realidade social em que nos encontramos.
É imperioso ter a ousadia de criar e desenvolver novas respostas sociais baseadas na identificação dos verdadeiros problemas sem solução, tão conhecidos e às vezes tão bem identificados pela sociedade civil, as redes de vizinhança, as paróquias, as IPSS, os diferentes órgãos de poder local, as juntas de freguesia, os municípios. Sabemos que é necessário encontrar novos caminhos que nos motivem a encontrar alternativas.
O Dar e Receber.pt pretende ser isso mesmo: uma fonte de inspiração, um sinal vindo da sociedade civil que mostra a todos a força da proximidade, da cidadania activa e da Responsabilidade Social.
Este projecto vem estabelecer uma relação directa entre DAR e RECEBER em que, nesta matemática, o dividir tem a força do multiplicar e o resultado final é diferente da soma de todas as partes, quebrando barreiras culturais, estigmas sociais e desvanecendo estereótipos.
Hoje em dia a Internet é um dos principais veículos de partilha. Toda a gente tem alguma coisa para partilhar, seja uma opinião, um momento, uma fotografia. A plataforma Dar e Receber.pt, lançada pela ENTRAJUDA e pela Cáritas Portuguesa, tem precisamente o objectivo de facilitar este tipo de partilhas no Terceiro sector e no voluntariado, estabelecendo a ligação entre quem tem alguma coisa para dar (apoio, talentos, tempo ou bens) e quem precisa de receber. Mas é também um sítio na internet para encaminhar situações de necessidade para instituições que no terreno assistem e acolhem os mais pobres ou quem se encontra numa situação vulnerável.
Fruto desta parceria, vem congregar num projecto que pretende envolver a sociedade civil em iniciativas de cidadania e Responsabilidade Social, duas entidades com actuações complementares. Por um lado, a ENTRAJUDA, com experiência no apoio a instituições sociais, no voluntariado e na distribuição de bens e, por outro, a Cáritas com uma capilaridade nacional e experiência na intervenção directa junto das comunidades.
A plataforma Dar e Receber.pt resulta de uma candidatura ao Programa Operacional para o Potencial Humano (POPH) e agrega online três respostas: um motor de busca que permite encontrar Instituições que apoiam as famílias mais carenciadas; a Bolsa do Voluntariado, um portal destinado à procura e oferta de voluntariado, nomeadamente qualificado e empresarial; e o Banco de Bens e de Equipamentos, destinado a fazer chegar às instituições produtos não alimentares, doados por empresas e particulares.
[quote_center]“É imperioso ter a ousadia de criar novas respostas sociais”[/quote_center]
Qualquer particular, empresa ou entidade pode doar bens ou tempo a instituições sociais que expressam na plataforma a necessidade de os receber, para utilização própria ou distribuição a famílias carenciadas que apoiam. A pesquisa no site pode ser feita por freguesia ou tipo de resposta social, de forma a permitir o encontro entre quem oferece e quem procura.
A grave crise económica que Portugal vive desde há alguns anos tem deixado muitas famílias em situação de vulnerabilidade e pobreza. São necessárias respostas mais alargadas e mais eficazes porque não são já suficientes as soluções que as entidades da Economia Social, de forma isolada, conseguem oferecer com os recursos disponíveis, e porque é determinante a mobilização de toda a sociedade para a intervenção.
É este o desafio proposto pelo site Dar e Receber.pt. A adesão à plataforma (mais de 3.700 instituições registadas, mais de 27 mil voluntários inscritos, muitas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia participantes) comprova a sua oportunidade.
Mais do que apenas um sítio na Internet, é uma oportunidade fácil, congregadora e mobilizadora, que pode ajudar pessoas, reutilizando produtos, contribuindo assim também para proteger o ambiente.
Presidente da ENTRAJUDA
Tenho recebido como resposta ao convite para colaborar com o BA que são tudo a mesma coisa!.
E querendo ser mais profundo devemos/devem quem se empenha na solidariedade encarar de frente e tomar posição activa contra as demasiadas ONG que existem por motivos diversos/futeis e que gastam praticamente a grande parte do que angariam em despesas proprias/ajudas de custo. Para ver o adormecimento cumplice que por aí grassa, basta ver abordagem dos analistas,comentadores,politicos ao caso Tecnoforma/CPPC. Andaram com fosquices mas o importante = que se fez a tantos milhoes de formação e que “resultado” teve a actividade da CPPC nem uma palavra, nem dos experts, nem dos conhecedores da solidariedade, nem de… Custa comparar mas as almas piedosas de muitos mundos calaram/calam a pedofilia e outros crimes como se fossem pormenores que não desviam o rebanho do bom caminho; todos vemos hoje os horrores que têm sido, Até quando vamos calar o faz de conta da “caridadezinha” calando os enormes maus gastos que prejudicam os mais carentes? Chega de faz de conta.
Caro leitor,
Como em todas as esferas da sociedade, há os que fazem bem e os que fazem mal. Não podemos, contudo, deixar de acreditar no trabalho e na entrega de muitas organizações sem fins lucrativos que realmente fazem a diferença. O objectivo do VER é, também, partilhar o bem fazer e o fazer bem de todas as organizações. Felizmente, bons exemplos não faltam.
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