O potencial de escala no meio empresarial é “um factor crítico de sucesso” da ACÇÃO 2020, projecto coordenado pelo BCSD Portugal que reúne cem empresas na implementação de iniciativas prioritárias em seis áreas estratégicas do desenvolvimento sustentável. O objectivo é implementar soluções conjuntas para contornar a degradação do contexto em que as empresas portuguesas operam, o qual está “a condicionar fortemente o seu desempenho”, explica Fernanda Pargana O BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável lançou a ACÇÃO 2020, que reúne um conjunto de soluções empresariais prioritárias para promover o desenvolvimento sustentável, impulsionando-o como motor-chave do crescimento económico e da estabilidade social do País. Estas soluções, a implementar entre 2014 e 2020, materializam-se em treze medidas (ver Caixa) alinhadas com as prioridades definidas pelos líderes empresariais do BCSD, na sequência de uma ampla consulta realizada aos presidentes dos membros da organização, com o objectivo de definir acções “que respondam, conjuntamente, às principais necessidades das empresas nos campos do desenvolvimento sustentável”. Este projecto agregador que, sob a coordenação do BCSD Portugal, será desenvolvido “em estreita colaboração” com cem empresas suas associadas, “é uma oportunidade para fomentar a inovação, influenciar a agenda empresarial, participar na definição das áreas prioritárias e contar com indicadores e ferramentas de medição do progresso” (já que todas as acções serão monitorizadas e avaliadas). Em entrevista, a secretária geral do BCSD Portugal, Fernanda Pargana, explica que foram eleitas três acções para arrancar com o projecto em 2014, as quais “respondem à necessidade de se obterem quick wins, que facilitem o caminho para a realização das restantes acções”. E sublinha o “inabalável foco no que é essencial”, isto é, “no racional económico das nossas opções, sendo para nós evidentes, a todo o tempo, as vantagens de concretizar estas acções de uma forma conjunta”. Afinal, e como questiona, “quem melhor que as empresas que, com o seu pragmatismo e sentido de urgência, estão habituadas a resolver problemas”, para dar a volta à crise, com sustentabilidade?
A ACÇÃO 2020 integra 13 iniciativas a desenvolver por cem empresas membros do BCSD Portugal, entre 2014 e 2020, para contornar o difícil contexto económico de Portugal. Que contributo pode efectivamente o meio empresarial dar no combate à crise, através do desenvolvimento sustentável?
E quem melhor que as empresas que, com o seu pragmatismo e sentido de urgência, estão habituadas a resolver problemas? A ACÇÃO 2020 coloca parte da solução para o desenvolvimento sustentável na capacidade de escalar soluções, envolvendo as suas cem empresas associadas. As empresas e organizações similares são entidades criadoras de emprego, riqueza e bem-estar, e são um pilar fundamental da nossa sociedade, pelo que o seu desenvolvimento sustentado é condição para melhorar as condições do País. Actuar na melhoria das condições dessa sustentabilidade, intervindo de forma pragmática em alguns aspectos críticos, é criar condições para um futuro melhor para todos. Estas acções, propostas com o objectivo de “atacar” os problemas prioritários, foram definidas pelo seu potencial impacto para as empresas e para as pessoas. De que modo a sua implementação, monitorização e avaliação gerará esse impacto, e que expectativas têm quanto aos resultados a alcançar? As empresas portuguesas já deram provas de que conseguem contornar obstáculos e adversidades para se manterem activas e competitivas. Na ACÇÃO 2020 estão alinhadas para, em conjunto, procurar resultados que venham melhorar o seu dia-a-dia e a sociedade, como um todo. Das treze propostas, o BCSD lança três em 2014, envolvendo algumas das áreas definidas como prioritárias: Desenvolvimento Social, Economia e Energia. A que se deve esta escolha, no actual contexto? São também as acções que permitem algum equilíbrio sectorial, entre indústria e serviços, e que respondem à necessidade de se obterem quick wins, que ajudem a evidenciar as vantagens de se realizarem projectos desta natureza e que facilitem o caminho para a realização das restantes acções. Contrariando a tendência que as empresas portuguesas têm para promover acções isoladas que não ganham escala, a ACÇÃO 2020 reúne uma centena de organizações para trabalharem conjuntamente iniciativas concretas. Como comenta o potencial de escala do projecto e o contágio que poderá ter no meio empresarial?
Adicionalmente, algumas das acções previstas vão começar por ser testes piloto ou ser iniciadas numa escala menor, para depois aumentá-la com maior segurança nas soluções. Tendencialmente, a primeira fase irá acontecer com membros do BCSD, sendo que nas fases seguintes o projecto pode e deve ser alargado a todo o universo empresarial. Contamos também com um inabalável foco no que é essencial, no que queremos de facto atingir e no racional económico das nossas opções, sendo para nós evidentes, a todo o tempo, as vantagens de concretizar estas acções de uma forma conjunta. O potencial de escala advém, em última análise, da nossa capacidade de manter os objectivos e de reconhecer o valor que os vários parceiros acrescentam, assim como de procurar, de forma contínua, os melhores meios para atingir esses objectivos. Em que medida é que este projecto agregador que reflecte os resultados de uma ampla consulta aos líderes das empresas envolvidas constitui uma aposta inovadora e capaz de influenciar a agenda empresarial, rumo a um futuro mais sustentável? Sobre a capacidade de influenciar a agenda empresarial, sabemos que as empresas não trabalham em silos, mas sim que interagem com os restantes agentes da sociedade, pelo que o projecto vai começar no seio das empresas mas vai agregar quer a sociedade civil, quer as organizações não-governamentais quer os decisores de políticas públicas. O envolvimento de todos é condição de sucesso da escala que se pretende atingir. No entender do BCSD e das empresas que lideram o projecto, quais são as prioridades de Portugal no que toca ao desenvolvimento sustentável? Poderemos sintetizar as prioridades da sustentabilidade empresarial de Portugal da seguinte forma: melhorar a educação para a empregabilidade, evidenciar as boas infra-estruturas que o País tem para atrair investimento externo e demonstrar as vantagens da eficiência, em particular no campo da energia. O valor económico do capital natural, a melhoria das cidades e as sinergias no sector industrial estão igualmente entre estas prioridades. Que balanço faz dos resultados já alcançados com a iniciativa do WBCSD Visão 2050, e de que modo é que a ACÇÃO 2020 pode alavancar as metas estipuladas até 2050? A ACÇÃO 2020 é um projecto que visa tornar tangível a Visão 2050, no horizonte temporal de 2020, traduzindo em acções algumas das prioridades, adaptadas à realidade de Portugal. De referir que o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) está a desenvolver um projecto similar à escala global, já que conta entre os seus duzentos membros com muitas das maiores empresas do mundo.
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Jornalista
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