O dia 3 de dezembro é o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, uma data em que todas as pessoas são convidadas a refletir sobre responsabilidade social e como a inclusão é uma estratégia essencial para todas as empresas que pretendem ser líderes nos seus setores
POR LUCÍLIA QUEIRÓS
Devemos lembrar que, segundo dados das Nações Unidas, 15% da população mundial tem algum tipo de deficiência. No entanto, apenas 44% dessas pessoas estão empregadas, em comparação com 75% das pessoas sem deficiência. Este fosso estatístico não é apenas um desperdício de talento, mas é, acima de tudo, um grande obstáculo ao desenvolvimento económico e social do mercado de trabalho.
Embora 90% das empresas demonstrem interesse em melhorar as suas taxas de inclusão (Fórum de Davos, 2019), apenas 4% delas implementam efetivamente ações concretas para criar e promover ambientes de trabalho mais inclusivos para pessoas com deficiência. Esta descoberta é o gatilho perfeito para nós, como sociedade, exigirmos uma mudança de paradigma.
Atualmente, a sociedade reconhece mérito e credibilidade às empresas que têm uma estratégia para atrair todo o tipo de talento, sem preconceitos. Ao mesmo tempo, a inclusão social está totalmente alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo transversal à educação de qualidade, à igualdade de género e, claro, à redução das desigualdades.
Assim, a inclusão das pessoas com deficiência é um desafio positivo que leva as empresas a repensarem as suas práticas de recrutamento, a gestão de talentos e a liderança que exercem, de forma a promover um ambiente de trabalho cada vez mais equitativo e inclusivo.
Iniciativas como o Eurofirms Foundation Technology Bootcamp aproximam as empresas deste objetivo. Este programa consiste na formação de pessoas com deficiência em temas como desenvolvimento web, cibersegurança e acessibilidade e ferramentas de literacia digital. Através destes conhecimentos, e com ênfase na autonomia e independência, as pessoas com deficiência são formadas em resposta às necessidades específicas do mercado de trabalho e promovendo a sua empregabilidade.
É um imperativo moral incluir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho de hoje, mas é também uma oportunidade estratégica positiva para as empresas que querem liderar o futuro.
Um estudo recente da Accenture mostrou que empresas com práticas inclusivas registaram 28% mais receitas em comparação com concorrentes sem uma estratégia de inclusão definida, o que nos leva a concluir que os impactos positivos da inclusão não se limitam à esfera social, mas que essa pluralidade de talentos traz novas perspetivas e opiniões, aumenta a inovação e dá maior robustez à empresa.
Convidamos todas as empresas a refletir sobre como podem evoluir as suas práticas, abraçar a inclusão social e avançar para uma maior diversidade no local de trabalho como prioridade. Afinal, acreditamos que a verdadeira inovação nasce quando todas as vozes são ouvidas e valorizadas.
Tem um bacharelato em Relações Humanas e Comunicação no Trabalho e fez uma Pós-graduação em Reinserção Social. Começou no setor dos Recursos Humanos em 2003, como Técnica de Recrutamento na Adecco, e chegou a Diretora Comercial. Em 2017 abraçou um novo desafio na Eurofirms Portugal para ser responsável de Pivot, Outsourcing e Grandes Contas. Atualmente, é Coordenadora Comercial e National Leader da Eurofirms Foundation