Muitas empresas europeias já vinham a adoptar lentamente o trabalho híbrido, reconhecendo as vantagens de o colaborador ter a liberdade de trabalhar a partir de qualquer lugar, evitando o stress de deslocações para o escritório. A pandemia acelerou este processo.
POR PAULO FERREIRA E PAULO MORAIS

A pandemia revolucionou o mundo laboral como o conhecemos. E uma das questões que mais preocupam as empresas e os colaboradores é se haverá um regresso efectivo ao escritório e em que moldes. O teletrabalho e o trabalho híbrido passaram a fazer parte do nosso vocabulário, mas também da realidade de milhares de portugueses. Se as novas variantes do vírus obrigaram muitas vezes o teletrabalho, agora que nos aproximamos da fase endémica é altura de os empresários decidirem como será o local de trabalho.

Um recente estudo da Ricoh Europa revela que os empregadores se preocupam com a produtividade do trabalho híbrido, mas a maioria não investe em tecnologia, apesar de estarmos a viver a situação pandémica há dois anos. A incapacidade de implementação de tecnologias adequadas foi, de facto, um problema enfrentado pelas empresas, embora se reconheça (53%) que investir em IA e automatização impulsiona a produtividade através de uma força de trabalho híbrida.

Por outro lado, 39% sugerem que a sua equipa não trabalha tão eficazmente como no escritório. O que deixa as empresas numa encruzilhada no que diz respeito a decisões quanto à forma de trabalho a adoptar, uma vez que há uma clara falta de investimento em tecnologia para permitir que os colaboradores trabalhem de forma produtiva e segura a partir de qualquer local.

Se há algo que aprendemos com a pandemia é a capacidade de nos adaptarmos a situações adversas com sucesso. Apesar das questões relacionadas com a tecnologia, um em cada quatro colaboradores acredita que a sua empresa regressará a uma semana de cinco dias no escritório nos próximos 12 meses, o que revela que será provável um equilíbrio entre as idas ao escritório e o trabalho remoto.

Muitas empresas europeias já vinham a adoptar lentamente o trabalho híbrido, reconhecendo as vantagens do colaborador ter a liberdade de trabalhar a partir de qualquer lugar, evitando o stress de deslocações para o escritório. A pandemia acelerou este processo e a forma de trabalhar como a conhecemos vai, sem dúvida, mudar. Se não imediatamente, a curto prazo os empresários perceberão que a nossa forma de trabalhar mudou e que é necessário acompanhar essa mudança, munidos de ferramentas produtivas e de segurança para não colocar em causa a viabilidade dos nossos negócios.

Paulo Ferreira

Director-geral e co-fundador da PAMAFE

Paulo Morais

Director-geral e co-fundador da PAMAFE