Margarida Couto acredita em felizes coincidências, considera que o entusiasmo genuíno contamina positivamente e que cada sucesso é um bom pretexto para se fazer mais. Foi, desde criança, acompanhada por um forte sentimento de consciência social, pelo qual se pautou durante toda sua vida pessoal e profissional. A menina que outrora “roubava” pão em casa para dar às colegas de escola que tinham fome, hoje presidente cessante do GRACE (entre muitas outras coisas mais), conversou com o VER e fala, no seu jeito apaixonado, um pouco sobre si e muito sobre a jornada que trilhou nos dois mundos que abraçou: o corporate e o da sustentabilidade
POR HELENA OLIVEIRA

O GRACE assinalou, a 25 de Fevereiro último, o seu 24º aniversário. Em 2000, e denominado Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial, foi constituído por um pequeníssimo grupo de organizações, na sua maioria multinacionais, numa altura em que os temas da responsabilidade social corporativa ainda não faziam parte da esmagadora maioria das agendas do mundo empresarial. Assim, e sendo precursor do primeiro grande movimento em prol da responsabilidade social das empresas em Portugal, considera que o GRACE fez mais falta ao ecossistema empresarial nessa altura ou no presente?

Não é uma pergunta muito fácil porque, num certo sentido, parece fazer mais falta agora, uma vez que os temas da sustentabilidade tornaram-se efectivamente incontornáveis para as empresas e, no fundo, o GRACE nasceu para apoiar as suas empresas associadas nesta jornada. E se é neste momento que as empresas sentem que não podem não fazer a jornada, até por uma questão de competitividade e não apenas por terem o dever moral de o fazer, podíamos ser tentados a pensar que o GRACE faz mais falta agora.

No entanto, é quando somos pioneiros e contracorrente que talvez façamos mais falta. O ano 2000 foi o mesmo ano em que nasceu o UN Global Compact. E até é engraçado, porque este último nasceu em Setembro e o GRACE, ao nascer em Fevereiro, ainda o antecedeu. O BCSD viria a nascer 2001. Portanto, o facto de no início de 2000 haver meia dúzia de empresas que colocaram o tema na agenda em Portugal também foi muito importante. Portanto, a resposta é que o GRACE fez e faz muita falta em ambos os períodos.

A Margarida estava no final do seu primeiro mandato [2018-2020] como presidente em representação da Viera de Almeida & Associados do (agora) “GRACE – Empresas Responsáveis” em 2020, quase em simultâneo com o deflagrar da pandemia de Covid-19, num momento de particular surpresa, medo e preocupação globais, e de uma enorme viragem para as empresas e para os trabalhadores. O GRACE comemorava, na altura, duas décadas de existência. Enquanto presidente de que sentimentos e principais desafios se recorda relativamente a esse momento coincidente?

Eu devo confessar que quando deflagrou a pandemia e enquanto presidente do GRACE, o meu sentimento foi de muita angústia. Porque senti que as empresas tinham sido confrontadas com uma situação limite, com um grau de incerteza sem paralelo e sem precedentes. Ou seja, o grau de incerteza era enorme e afectou tudo aquilo que eram os nossos indicadores financeiros. Eu sei porque era sócia da VdA e vivi também o lado das empresas. Ou seja, não sabíamos se os clientes nos iam continuar a contratar, ou se iam simplesmente fechar-se à chave porque não tinham como pagar, não sabendo por isso se a tesouraria iria aguentar. Eu achei que as empresas estavam num stress tal que ia ser ou podia vir a ser, a débâcle do GRACE. Ou seja, era “corta, corta, corta” e tive muito receio que uma dessas coisas onde cortar fosse em membership, ou seja, nas quotas do GRACE.

Entretanto, eu estava a terminar um mandato que, em si mesmo, tinha sido muito difícil porque na altura ainda tinha uma vida profissional muito intensa, ainda acompanhava clientes na VdA, o GRACE fazia 20 anos, era suposto ser um ano de celebração e de repente pensei que íamos perder associados. Tínhamos igualmente acabado de aprovar um plano de acção para 2020 que podíamos rasgar porque simplesmente não ia acontecer. Portanto, foi o tocar a rebate e pensar como é que nos poderíamos reinventar instantaneamente de forma a criar valor para as empresas para que elas não sentissem a tentação de sair.

Na altura, tinham igualmente lançado dois clusters que, providencialmente, foram muito importantes para o período em causa…

Sim, coincidência ou não, tínhamos lançado os dois primeiros clusters no GRACE, o cluster legal e depois o da saúde (ainda em 2019). As empresas estavam desesperadas para navegar a pandemia no que respeitava a todas as alterações legislativas – desde as mil leis do layoff que estavam sempre a mudar, até às suspensões das rendas ou às moratórias – muitas de fonte nacional e de fonte europeia e o que sentimos foi que as empresas tinham uma grande dificuldade e uma enorme falta recursos para interpretar toda essa legislação de forma a tirar dela o maior partido possível.

Assim, e como costumo dizer que o GRACE está cheio de felizes coincidências – tem este lado de magia -, o cluster que tinha sido criado tinha sido o legal e o que fizemos foi algo que nunca tinha sido feito até então e que na altura teve imenso impacto: os webinars. Conseguimos com todas as firmas de advogados que faziam na altura parte do cluster do GRACE dividir os temas e fizemos dezenas de webinars, de manhã, à tarde e à noite, o que conseguiu transmitir às empresas não só esta nossa capacidade de adaptação, mas sobretudo a ideia de que era muito genuíno que nós “existíamos para elas” e que éramos capazes de dar a volta a todo o nosso plano para as apoiar naquilo que fazia mais falta ao que era a sustentabilidade do momento. Ou seja, quando as empresas sentiram uma ameaça existencial, assegurar a sua sustentabilidade era assegurar que chegavam ao fim do ano.

Mas sim, foi com grande angústia que a pandemia foi recebida no GRACE mas, e apesar de tudo, conseguimos fechar o ano com mais associados do que no ano anterior. Não foi um ano recorde de crescimento, como é óbvio, mas foi um ano de adições líquidas (porque há sempre quem sai), tendo entrado mais empresas do que as que saíram.

Entretanto, tinham lançado também o cluster da saúde, o que foi igualmente extremamente importante para o ambiente em que se vivia nas empresas…

Sim, e numa altura em que a saúde, no geral, e a saúde mental em particular, passou a ser um tema para as empresas. Fizemos muitos webinars com especialistas que as guiavam em temas como regressar às instalações depois dos lockdowns, pois os trabalhadores tinham medo, e também em questões como o burnout, por exemplo. Lançámos igualmente o “Toolkit da Saúde Mental em Contexto de Trabalho”, que era uma realidade que, não podemos fingir, existia nas empresas, mas que estava debaixo do tapete e que, de repente, saltou para cima da mesa e as empresas não sabiam como lidar com ela.

Assim, o que aconteceu é que acabámos por ter dois clusters que providencialmente se revelaram capazes de gerar impacto positivo junto dos nossos associados. Portanto e curiosamente, a pandemia começou por ser uma grande ameaça para o GRACE, mas a verdade – e não querendo ser mal entendida dizendo que fizemos da pandemia uma oportunidade – é que pelo menos conseguimos criar valor e, a partir daí, a história do GRACE torna-se uma história de crescimento que nunca tinha tido antes.

Também pensámos que a pandemia ia atirar com os temas da sustentabilidade para trás mas, e paradoxalmente, o que aconteceu foi o contrário. As empresas começaram a perceber que eram tão resilientes quanto conseguissem que as suas pessoas fossem resilientes. Assim, só não conseguimos ultrapassar a pandemia através do valor que foi criado por estes dois clusters, mas também porque a pandemia, ao ter dado um boost aos temas da sustentabilidade, fez com que as empresas começassem a olhar cada vez mais para o GRACE. E agora já são as empresas que nos abordam a nós e não ao contrário.

De 170 empresas associadas em 2020 para 320 em 2024 – e neste segundo mandato sob a sua presidência – vai um enorme salto. Naturalmente que é difícil assumir numa entrevista o mérito que teve neste enorme crescimento (obviamente que em conjunto com toda a equipa), mas a verdade é que também é impossível negá-lo. Que tipo de aptidões pessoais e competências profissionais considera terem-na ajudado a atingir este feito?

Sim, se há coisa que distingue o GRACE é o nível de envolvimento dos membros da direcção. O GRACE é muito colegial, que é a lógica do associativismo, o presidente do GRACE é um Primus inter pares, ou seja, nada do que foi decidido fui eu que decidi sozinha e mudei de opinião muitas vezes depois de ouvir os meus colegas. E acho que esse é o maior segredo do GRACE: ter uma direcção muito comprometida, ou seja, as pessoas metem mesmo as mãos na massa, dão muitas horas, encontram-se muitas vezes, discutem muitas vezes os temas e acho que é isso que faz toda a diferença. São pessoas muito seniores, com uma vida muito intensa nas suas organizações e, portanto, trazem muito valor para a discussão, sendo que todas trabalham imenso. E temos de ser sinceros, este progresso era impossível ser obra de uma pessoa, pura e simplesmente.

Daí eu ter referido o trabalho em equipa. Mas gostaria, já que a estou a entrevistar a si, que partilhasse comigo o que considera ser uma característica pessoal importante para ter levado a cabo este trabalho.

Eu acho que não somos as melhores pessoas para falarmos dos nossos feitos. É que temos de sair da ilha para ver a ilha.

Então saia, por favor, um bocadinho da ilha.

Essa pergunta é sempre melhor dirigida a quem vê de fora, mas de qualquer modo eu diria que parte do sucesso no que me diz respeito tem muito a ver com o entusiasmo que eu sinto pelos temas. Ou seja, eu acredito muito que o futuro é por aqui, acredito muito nas empresas como uma “force for good”, mas talvez se houvesse um ingrediente que eu salientasse penso mesmo que é o entusiasmo. A minha fé, no sentido de crença. Eu acredito e deixo-me entusiasmar e acho que o entusiasmo genuíno contamina positivamente, convida à acção, inspira os outros à acção, tem um efeito de arrastamento, de querermos ir todos juntos, de quereremos andar cada vez mais depressa e cada sucesso é só um bom pretexto para fazer mais. E eu adorei a experiência porque me preencheu verdadeiramente.

Acrescento também uma palavra sobre a Maria João Almeida, a directora executiva que conhece o GRACE como a palma das mãos dela, que está lá há mais anos do que qualquer membro da direcção. E é essencial contar com essa memória do passado, porque eu acho que nada do que o GRACE faz rumo ao futuro é feito à custa de qualquer destruição do que foi o passado. E termos alguém que mantém essa visão de conjunto tem sido muito útil, muito eficaz.

Portanto, acho que os ingredientes foram vários. Em relação a estes três anos de sucesso, primeiro, nós surfámos bem a onda porque havia onda para surfar – também muito fruto de pressão da União Europeia em matéria regulatória. É evidente que o facto de a sustentabilidade ter entrado pela porta adentro das empresas gerou uma grande oportunidade para o GRACE. Mas para aproveitar uma grande oportunidade é preciso estar preparado e querer muito e eu acho que nós tínhamos uma direcção muito completa, somos todos muito diferentes, mas muito complementares, adoramos essa diferença e não temos pensamento monolítico. E penso que foi todo esse conjunto de ingredientes que fez com que este mandato não fosse só um grande sucesso como um prenúncio de um futuro sucesso. Quando cheguei à presidência senti uma enorme pressão e uma grande angústia porque a Paula Guimarães tinha tido uma liderança extraordinária e provavelmente quem me suceder vai sentir algo parecido, mas é um disparate pensar isso porque o GRACE vive muito a lógica de “construir por cima”.

Sei que quando era pequena desejava ser assistente social. Seguiu, contudo e por influência do seu pai, a via do Direito. Essa paixão pelo “social” parece nunca a ter abandonado, entrecruzando-se com o seu percurso profissional e pessoal. Se estiver certa, até que ponto o seu sonho de criança esteve mesmo presente ao longo da sua vida e qual a sua importância na pessoa que é hoje e na carreira profissional – e trajecto social – que trilhou e construiu?

Eu acho que, num certo sentido, isso define-me desde criança. Desde muito miúda que me lembro de ter esse tipo de “consciência social”. Por exemplo, e sendo o meu pai militar, fiz a escola primária em Moçambique e andei numa turma multirracial – nunca frequentei as outrora chamadas “escolas de brancos”- e tinha colegas provenientes de contextos sociais muito desfavorecidos e que podiam ir para a escola com fome. E isso foi algo que sempre mexeu comigo, que sempre me sensibilizou, levando de casa e às escondidas dois pães porque sabia que ia chegar à escola e que havia uma colega minha que não ia ter pão nenhum. Uma outra coisa que também me definiu sempre desde criança foi o facto, talvez um pouco estranho, de ter consciência de que muito da minha realização como pessoa passava por ser mãe. Tanto que eu comecei a fazer babysitting numa idade em que alguém deveria fazer babysitting a mim mesma. Depois e já adolescente, com 13 ou 14 anos, fui voluntária, por exemplo, num hospital infantil, o que era uma coisa muito dura. Ou seja, sempre tive muito estas duas vertentes na minha vida e sempre as baralhei muito na minha cabeça. E também foi esse um desgosto que dei aos meus pais. Eu gostava tanto de crianças que achei que uma boa coisa para a minha vida era ser pediatra. E depois passei de pediatra a assistente social, o que não resultou bem para a família, porque construíram o sonho de que ia haver uma médica na família, que entretanto passou a desejar ser assistente social.

Obviamente que o sonho da maternidade consegui felizmente realizar – tenho cinco filhos e gostava de ter tido mais –mas houve uma altura em que já era suficientemente difícil a vida familiar, incluindo a maternidade, é claro e a vida profissional muito intensa. Mas acho que apesar de “abafada” durante algum tempo, a assistente social nunca morreu.

E quando foi possível fazer renascer a “assistente social”?

Houve uma altura em que se conjugaram as circunstâncias para eu conseguir, dentro de um contexto de muita actividade profissional, realizar essa minha dimensão social. E começou por ser através do programa pro bono da VdA que eu ajudei a fundar. Eu penso que não conseguimos ter tudo ao mesmo tempo, mas se quisermos muito encontramos espaço e caminho para realizar as nossas dimensões e não desistirmos delas. E a partir do momento em que o conseguimos fazer, é uma avalanche e tudo é possível. Seguidamente, tive a possibilidade de casar os meus dois mundos, o corporate e o da sustentabilidade. Fui para a VdA com 22 anos, desenvolvi-me como ser adulto no mundo corporativo e acredito mesmo que as empresas podem ser um agente de mudança positivo, com um impacto social positivo. Mas, e apesar de hoje já não existirem silos, costumo dizer que dentro do ESG eu sou do S.

Voltando ao GRACE e à sua história, a importância da RSC foi crescendo, as suas temáticas foram ficando mais abrangentes e as empresas começaram a levá-la a sério. Hoje falamos de sustentabilidade e dos três pilares que a sustentam – ambiental, social e de governance – constituindo as práticas de gestão ESG uma forte aposta do GRACE nos últimos anos. Dada a sua experiência, até que ponto é que as empresas já perceberam que a sustentabilidade é um precioso factor de competitividade?

Eu acho que há um tipping point por volta de 2015, pois dá-se a coincidência feliz de, por um lado, ter havido a aprovação das Nações Unidas da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, os agora famosos, mas durante muito tempo desconhecidos, ODS. O que acabou por ser marcante para as empresas. A aprovação dos ODS constituiu um momento crítico porque, ao contrário dos ODM [Ojectivos do Milénio], revestiram-se de um claro apelo às empresas de que, sem a sua intervenção, os objectivos não eram atingíveis. Por outro lado, foi também o ano do importante Acordo de Paris.

Mas e ou seja, já o GRACE tinha 15 anos de vida e ainda não tinha havido esse tipping point…

Como sempre acontece, o processo faz-se a várias velocidades. Há certas empresas que ou porque são maiores, ou porque são mais estratégicas ou porque são mais atentas ou visionárias, percebem primeiro e mais rápido e começamos a ver a sua aceleração, por exemplo ao nível de uma multinacional como a Unilever ou a Danone ou, a nível nacional, uma Delta ou uma EDP. Mas também ao nível de uma Casa Mendes Gonçalves algures na Golegâ.

Se fosse possível traçar, numa “linha de tempo”, a maturidade das empresas face à necessidade de integrarem a sustentabilidade enquanto condição essencial à sua estratégia e desenvolvimento, em que ponto considera estarem as mesmas – nomeadamente as nacionais -neste momento?

A partir de 2015 foram muitas as empresas que começaram a perceber que a sustentabilidade não era uma caixinha de coisas bonitas – que era um pouco como era vista a Responsabilidade Social – mas que tinha de estar ligada ao negócio, porque o que as empresas desenvolvem é o seu negócio. E foi a partir dai que a sustentabilidade começou a entrar no sistema circulatório das empresas, mesmo que, ainda hoje, há as que ainda não acordaram para esse facto.

O que sentimos no GRACE é que [a sustentabilidade] tem sido um crescendo, em termos de ecossistema, quase ao nível da explosão. Outro momento crucial na Europa foi, sem dúvida, o European Green Deal, ou seja quando a Europa faz o step up da exigência e a põe na compliance, ou seja “isto é tão importante que deixou de ser opcional, passa a ser obrigatório”. E é evidente que aí as empresas acordam todas, pois a compliance é uma linguagem que elas entendem, mesmo que não à mesma velocidade.

Pela primeira vez em 23 anos, o GRACE realizou, a 7 de Novembro último, um congresso sob o mote “More than Green” e com a assinatura “a sustentabilidade como factor de competitividade”  –, o qual juntou quase 800 quadros de empresas e de outras organizações. Que principais conclusões retira desta enorme adesão e como percepciona o sucesso do congresso para o futuro próximo?

O facto de termos tido tantas pessoas foi uma surpresa, uma boa surpresa. No GRACE tínhamos estabelecido um número entre os 500 e os 600, mas rapidamente fomos tendo a percepção que as empresas ou já tinham compreendido a sustentabilidade como factor de competitividade, ou pelo menos estavam despertas o suficiente para quererem ir perceber por quê.

Nos que respeitava às empresas que já tinham essa percepção, considero que saíram com a convicção reforçada, porque penso que o congresso foi uma boa montra de quão isso é verdade, ou seja, de que o tema já não é um nice to have, mas tem a ver com o facto de que uma empresa para ter futuro e competitividade tem de ser sustentável. Portanto, quem já estava com esta percepção mais avançada, acho que a consolidou, com dados e objectivos muito concretos, com testemunhos de quem vai mais à frente ou de quem vem de outros países que começaram esta jornada mais cedo; para aqueles que foram para tentar perceber o porquê da relevância, penso que saíram de lá com uma global picture, ou seja, o congresso tinha um alinhamento especificamente desenhado para levar as pessoas nessa viagem. E acho que isso foi conseguido.

E qual foi o feedback dos participantes?

O feedback que recebemos das pessoas foi de que foi rico em conteúdo, foi rico em testemunhos, foi rico em partilha – do que corre bem e do que corre mal – porque também não se deve ir para as empresas dizer que é tudo fácil e uma maravilha -, portanto tivemos imensa transparência dos testemunhos, mesmo ao C-level. Houve muita partilha do que foi difícil, do que poderia ter sido feito mais cedo ou, e em suma, acho que as empresas saíram de lá com um sentimento de algum conforto, que “isto faz-se” e de que isto faz-se muito melhor em rede. O que é muito a mensagem do GRACE: se fizermos juntos, é muito melhor, é muito mais fácil, é muito mais rápido, aprendemos imenso uns com os outros. Felizmente, o conhecimento tem essa característica espectacular, é dos poucos activos que não é “encolhido” pela partilha, pelo contrário. Todo o tipo de parceria pode fazer sentido.

Que mensagem gostaria de deixar ao seu sucessor (a)?

A mensagem que eu gostaria de deixar à minha sucessora é, mais uma vez, uma mensagem de grande entusiasmo. “Embrace the journey”, ou seja, é uma viagem tão extraordinária que entrar nela com um sentimento de expectativa e entusiasmo é o que de melhor se pode fazer. Pelo menos comigo resultou e espero que resulte para quem vier a seguir. E também sentir o entusiasmo de estarmos a viver um momento único em matéria de sustentabilidade. Abraçar o desafio porque é muito enriquecedor.

Findo o seu mandato, com que novos desafios e com que Margarida poderemos contar para o futuro?

Vai ser lançado no próximo dia 21 de Março o próximo projecto em que me vou envolver. Não vou ser presidente, não é um envolvimento a nível de liderança do projecto, mas mais de colaboração. Mas sim, estou muito envolvida com o lançamento de um projecto de filantropia estratégica. Queremos muito criar mudança sistémica em termos de inovação social. É, portanto, a assistente social na sua plenitude, mas sempre ligada ao mundo corporativo, pois o projecto é de filantropia estratégica por parte das empresas

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