O Scaling 4 Impact é a grande novidade deste ano dos Programas de formação do IES em parceria com o INSEAD. Estes programas articulam a experiência de terreno e o conhecimento de ponta, de forma a capacitar e incentivar empreendedores sociais a implementarem os seus projectos. O seu director académico, Filipe Santos, explica que esta nova formação visa “desenvolver um plano de crescimento sustentável que leve a organização a gerar o máximo de impacto com a sua inovação social”
POR MÁRIA POMBO

À experiência de terreno do IES juntou-se, há três anos, o conhecimento de ponta do INSEAD, de onde resultou um conjunto de programas de formação em empreendedorismo social que têm ganho, desde então, um número crescente de participantes.

Transmitir conteúdos úteis, capacitar os empreendedores, através de ferramentas e muita motivação, e criar uma rede através da partilha de boas práticas, mesmo após o período da formação, são os objectivos destes programas, todos administrados em português. As metodologias de ensino englobam uma componente mais académica e uma componente destinada à análise de casos práticos.

Ciclo de vida do Empreendedor Social
© IES

Segundo a visão do IES e o INSEAD, o ciclo do empreendedor tem quatro fases. A primeira é aquela em que o empreendedor detecta uma lacuna ou um problema e procura uma solução para o resolver. O segundo patamar destina-se à construção do modelo de negócio. Na terceira fase, o empreendedor potencia o crescimento do projecto, e na quarta fase prevê a sua consolidação. Para ajudar o empreendedor a ‘escalar’ estes quatro patamares, o IES e o INSEAD têm criado e implementado diversos programas de formação, desde 2011.

Este ano, há várias novidades nos programas de formação propostos: Bootcamp em Empreendedorismo Social, Scaling 4 Impact, e INSEAD Social Entrepreneurship Programme (ISEP). O objectivo é que a passagem de uns patamares para os outros seja feita através de uma lógica de progresso. Ou seja, o empreendedor inicia a ‘escalada’ ao procurar uma solução para um problema, e aqui começa a frequentar os Bootcamps. No segundo patamar (destinado à construção do modelo de negócio) o empreendedor encontra-se ainda a receber a formação inicial mas já pretende aumentar o impacto do seu projecto, o que significa que pode iniciar simultaneamente a formação no programa Scaling 4 impact.

Na terceira fase do seu percurso, que se destina ao crescimento do negócio, o mentor do projecto continua a receber o apoio que lhe permite aumentar o seu impacto mas deseja fortalecer a confiança. Desta forma, sem ter ainda terminado o segundo programa de formação, começa a frequentar o terceiro e último – ISEP Portugal – que permite a transição para a quarta fase (a da consolidação). Esta fase acompanha o empreendedor até ao fim deste ciclo, momento em que consegue livremente gerir o seu negócio social.

Mesmo que já se encontre no último patamar e tenha um negócio social consolidado, qualquer empreendedor social pode receber formação nesta área e ter contacto com novas ferramentas de trabalho e novas formas de melhorar o projecto, aumentando o seu impacto. Os ganhos podem ser muitos e variados: maior número de investidores, uma rede de contactos mais abrangente, e novas parcerias são alguns exemplos.

“Ideias, muita paixão e vontade de agir”
Tratando-se de uma formação inicial, o Bootcamp em Empreendedorismo Social destina-se a todas as pessoas que têm uma ideia para um projecto social e querem redesenhá-la ou desenvolvê-la. Esta formação é intensiva e, em 48 horas, os participantes ganham ferramentas para desenhar projectos de empreendedorismo, independentemente da ideia que apresentaram ou poderão ter futuramente, alargam a sua rede de contactos, inspiram-se e ganham uma injecção de energia, tendo ainda a possibilidade de se tornarem associados do IES, beneficiando de uma rede de contactos alargada.

O S4I é o programa certo para os empreendedores que têm já um piloto e querem desenhar o processo de crescimento” – Filipe Santos

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De acordo com esta associação, 67% dos participantes no Bootcamp continuam a trabalhar a ideia que apresentaram e a desenvolver, em rede, os seus projectos.

Este programa tem uma componente teórica e uma componente prática, onde se aplicam os conceitos e as ferramentas úteis a um negócio social. Há, no entanto, um trabalho intenso em equipa, onde se partilham ideias e contactos, onde se reformulam as noções pré-existentes e se procuram soluções eficazes e viáveis para os problemas sociais identificados. Nestas horas de aprendizagem, os formandos descobrem como sistematizar as suas ideias e como ter em conta que existe um problema e uma consequente solução, da qual resulta uma ideia para um projecto social.

Este ano, aos três Bootcamps que anualmente se vêm realizando, desde 2011, juntam-se outros três, que vão conseguir chegar a um maior número de pessoas, percorrendo vários pontos do País. Cada um deles alberga 30 participantes, que são organizados por equipas de três ou quatro elementos. As sessões acontecem sempre durante o fim-de-semana, e têm a duração de dois dias e meio, entre Sexta-Feira e Domingo.

O primeiro Bootcamp deste ano, e 9ª edição desde o arranque do projecto, aconteceu no Porto, durante um fim-de-semana de Março. Três dos seus participantes, também chamados bootcampers, viram superadas as expectativas que tinham antes de participarem.

Nuno Rocha é um desses bootcampers e considerou este evento “uma experiência fantástica para plantar a ‘semente’ do empreendedorismo social”. Luís Fonseca, outro participante, foi mais longe, incentivando outras pessoas a participarem, ao “prometer” que “em apenas 48 horas” aquilo que é tomado por certo “vai dar uma volta de 180 graus”. Na sua opinião, todas as ideias podem “crescer muito e ficar com um potencial dez vezes maior”.

Já Maria Inês Caeiro considera que “é óptimo ter boas ideias e é desafiante o exercício de querer transformar o nosso mundo num mundo melhor”. Para esta participante “o Bootcamp é tudo isto: ideias, empreendedorismo social e, acima de tudo, muita paixão e vontade de chegar a casa e agir, fazer, ser ainda mais, ser ainda melhor”.

As próximas edições decorrerão em Cascais (entre 9 e 11 de Maio, 19 e 21 de Setembro e 21 e 23 de Novembro), em Beja (de 20 a 22 de Junho) e no Porto (de 10 a 12 de Outubro).

© DR

‘Impacto’ é a palavra-chave
O Scaling 4 Impact (S4I) é a grande novidade deste ano. Trata-se de um programa novo, ainda em fase de preparação, que integra as fases intermédias do ciclo do empreendedor social. Tem, tal como o Bootcamp, a duração de 48 horas e dirige-se a quem já tem um projecto e um modelo de negócio construído. Esta formação destina-se, assim, a empreendedores sociais que querem aumentar o impacto social do seu projecto, que pretendem criar serviços públicos inovadores desenvolvidos no seio de uma autarquia ou ministério, ou que pretendem promover o crescimento de iniciativas nascidas no seio de uma organização do sector social.

A palavra-chave desta formação é ‘impacto’ e o que se pretende é potenciar o seu crescimento, através de uma metodologia inovadora. Filipe Santos, director académico dos programas IES powered by INSEAD, explica que “o objectivo [desta iniciativa] é desenvolver um plano de crescimento sustentável que leve a organização a gerar o máximo de impacto com a sua inovação social.”

Os participantes, ou scalers, ganham, neste programa, ferramentas para implementar processos de crescimento nos respectivos negócios sociais. Estes empreendedores vão poder estar, de forma intensiva, em contacto com mentores de diversos projectos que estão, tal como o seu, em fase de crescimento, podendo criar uma boa rede de contactos. Têm ainda a possibilidade de aceder a uma rede de investidores sociais e podem receber, posteriormente, acompanhamento para a implementação do seu plano. A inspiração e a injecção de energia, já habituais nos programas de formação IES/INSEAD, serão também características desta nova iniciativa.

Desafio do crescimento, inovação social, modelo de negócio, teoria da mudança, medição do impacto, modelo de crescimento, capacitação da organização, financiamento do crescimento, processo de disseminação e comunicação aos investidores serão expressões que os scalers dificilmente irão esquecer, pois constituem o conteúdo programático desta formação.

Filipe Santos comenta que este “é o programa certo para os empreendedores sociais que têm já um piloto validado ou uma solução implementada e querem agora entender melhor o valor da sua solução, reforçar o seu modelo de negócio e desenhar o processo de crescimento para gerar maior impacto”.

As formações ocorrerão entre os dias 27 e 29 de Junho, em Cascais, e 26 e 28 de Setembro, no Porto. Na sessão final de cada uma das formações estarão presentes alguns investidores sociais, a quem os empreendedores poderão comunicar o seu projecto.

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O fortalecimento da confiança
O ISEP (INSEAD Social Entrepreneurship Programme) é um programa pioneiro a formar empreendedores sociais que têm projectos já implementados. Surgiu em 2005 e tem sido desenvolvido, em Portugal, desde 2011. Este ano será o quarto em que os empreendedores portugueses poderão adquirir ferramentas que permitem fortalecer a sua confiança. Os participantes podem ser também pesquisadores ou gestores que pretendem entender a lógica do Empreendedorismo Social para definirem com mais clareza a forma como podem apoiar determinadas iniciativas ou projectos sociais.

Neste programa, pretende-se criar um equilíbrio entre o conhecimento teórico e a análise de casos práticos, numa semana intensiva cujas palavras mais ouvidas e pronunciadas serão inovação em modelos de negócio, gestão de organizações híbridas, liderança, medição de impacto e processos de crescimento. O objectivo é capacitar os empreendedores, através de instrumentos que permitem acelerar o crescimento do seu negócio e potenciar o seu impacto social, para lidarem com os desafios de crescimento e sustentabilidade, que surgem diariamente.

Além de uma rede de contactos alargada e da possibilidade de entrarem para o grupo de empreendedores apoiados pelo IES, os participantes (ou ISEPers) terão acesso a um conjunto de vantagens exclusivas do INSEAD, incluindo o acesso a investidores sociais a quem podem apresentar os seus projectos. São, no entanto, a capacitação em gestão e inovação social e a aprendizagem de novas técnicas as grandes mais-valias deste programa de formação.

Nesta iniciativa, este ano desenvolvida entre os dias 27 e 31 de Outubro, em Cascais, serão abordados temas como: inovação no modelo de negócio; crescimento efectivo, sustentado e com impacto; capacitação de organizações e respectivos líderes; disseminação da solução; criação de uma rede de parcerias; desafios de amadurecimento; medição de impacto e modelos de financiamento ao longo do ciclo de vida.

Durante a semana de formação, os participantes beneficiarão de visitas a projectos e terão a possibilidade de resolver casos reais. Poderão, ainda, assistir a diversos painéis com peritos na área, e terão a possibilidade de participar em workshops sobre empreendedorismo social, com espaço para partilha de ideias.

De acordo com dados do IES, 87% dos ISEPers afirmam que o programa é relevante para a sua vida profissional, e 77,8% continuam a trabalhar em rede com o grupo do ISEP. Tal como os restantes programas, o ISEP será leccionado em português e em regime de externato, estando incluídos os materiais necessários à formação.

Assimilar conteúdos úteis e ferramentas de capacitação e constituir uma rede de contactos através da partilha de boas práticas são as grandes mais-valias dos programas de formação IES/INSEAD para todos os que são ou querem ser empreendedores.

Jornalista