No próximo dia 10 de março terão lugar eleições legislativas da maior importância para o futuro de Portugal, onde todos somos chamados a participar. A decisão de voto dos portugueses é demasiado relevante para que a abstenção ou o mero protesto devam ser opções. É crítico decidir para construir, mesmo que não nos sintamos motivados e com esperança
POR JOÃO PEDRO TAVARES
Há momentos na vida em que podemos estar desanimados e cansados. Em que nos sentimos sem forças para mudar o que julgamos estar mal ou para renovar as lideranças em que não nos revemos. Em que não entendemos o rumo dos acontecimentos e pensamos em desistir, em nos demitirmos da acção e em nos afastarmos. Acontece nas empresas, na sociedade, na política e até na família.
No entanto, vivemos numa democracia que se pode considerar madura mesmo que “com falhas”, (segundo o Europe Democracy Index), a atingir os 50 anos, na qual as instituições e os mecanismos instituídos em geral funcionam e, apesar do baixo nível de intervenção política, dispomos da possibilidade de exprimir-nos. Poderemos ter razões válidas na forma como avaliamos as situações mas, mais importante sempre, é o que fazemos com as nossas razões, a forma como reagimos.
No próximo dia 10 de março terão lugar eleições legislativas da maior importância para o futuro de Portugal, onde todos somos chamados a participar. A decisão de voto dos portugueses é demasiado relevante para que a abstenção ou o mero protesto devam ser opções. É crítico decidir para construir, mesmo que não nos sintamos motivados e com esperança.
Portugal é um país com séculos de história, repleta de erros, omissões, injustiças mas, no final, com muitas glórias e conquistas. Somos uma nação valente, herdeiros de um povo bravo e nobre, de “heróis do mar”. A nossa história só nos pode despertar orgulho de sermos portugueses e temos de, precisamente, honrar quem nos antecedeu, os nossos “egrégios avós” que “nos hão-de levar à vitória”.
Somos um povo que critica, mas que muitas vezes não atua, alimentando um quadro de falta de esperança coletiva no futuro, bem visível nos estudos de opinião e, mais objetivamente, na crise das instituições e no crescimento da emigração, especialmente dos jovens (30% dos jovens entre os 15 e 39 anos emigram, 25% dos filhos de portugueses nascem no estrangeiro). Temos desafios que não são abordados de raiz, como sejam a demografia, a emigração dos jovens, a dificuldade de formar famílias, as empresas que não crescem, os casos de falta de ética e de interesses instalados que quebram a confiança.
Porque somos este povo que se pode orgulhar da sua história, temos de projetar um futuro de esperança, ambicionar a sermos mais, no desenvolvimento económico e, sobretudo, social, na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, que promova a dignidade das pessoas e das famílias. Uma sociedade onde as empresas cumpram o seu papel de criar riqueza, com ética e justiça, onde o Estado seja parceiro, promotor de desenvolvimento, e garante dos serviços que lhe cabem (defesa, educação, justiça, saúde, administração). Uma sociedade onde todos atuem de forma convergente e saudável, lutando por um futuro mais sustentável para todos.
Estas são breves notas inspiradas na tomada de posição da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, recentemente publicada, e que nos comprometem a ser parte activa na construção de um futuro mais próspero, de um Portugal de Esperança.
Nota: Artigo publicado originalmente na RR. Republicado com permissão.
Presidente da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores