Os desafios enfrentados pelo Inclusive Community Forum (ICF) da Nova SBE, criado em 2017, já não são os mesmos de há cinco anos. O tema já não é desconhecido para a maioria das empresas, sendo agora assumido como uma prioridade para algumas, a par do surgimento de novas organizações a ele dedicadas. E temos visto resultados – que advêm, acima de tudo, de um trabalho que é feito em conjunto com diferentes intervenientes – e conhecido histórias concretas de pessoas a quem a inclusão tocou e transformou
POR MARGARIDA CASTRO CALDAS
O Inclusive Community Forum (ICF) nasceu em 2017, na Nova SBE, como um projeto destinado a trabalhar o tema da inclusão das pessoas com deficiência, de uma forma transversal e agregadora.
Desde então, temos desenvolvido um longo trabalho, sempre em conjunto com a comunidade e sempre “com a mão no pulso do tempo”, isto é, atentos aos desafios e às necessidades concretas de cada momento, nos dois temas a que o ICF se dedica: a empregabilidade e a educação das pessoas com deficiência.
Este trabalho conjunto requer que nos atualizemos, que vamos ouvindo constantemente a comunidade – as pessoas com deficiência, as famílias, as empresas, as organizações sociais, as escolas, as universidades… todos os que, de alguma forma, têm um papel na inclusão das pessoas com deficiência. E podemos ter todos!
É interessante olhar para trás e ver que, passados cinco anos, os desafios que encontramos já não são os mesmos que encontrámos no início. E por isso, as respostas que o ICF é chamado a trazer hoje, já não são as mesmas de há cinco anos. As empresas já não se encontram no mesmo ponto. O tema já não é desconhecido para a maioria das empresas, sendo já assumido como uma prioridade para algumas. Surgiram novas organizações dedicadas a este tema. E temos visto resultados – que advêm, acima de tudo, de um trabalho que é feito em conjunto com diferentes intervenientes – e conhecido histórias concretas de pessoas a quem a inclusão tocou e transformou.
No início, em 2017, encontrámos uma comunidade com poucas respostas e onde o tema da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho tinha pouca visibilidade em Portugal. Desde então somos testemunhas de uma grande transformação.
Hoje, existe uma lei que define um sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, que leva as empresas que talvez ainda não estivessem envolvidas no tema, a estar; há empresas de recrutamento e seleção que trabalham com os seus clientes o recrutamento inclusivo – como são exemplo a Argo Partners, a Michael Page, a Randstad e a Your People; existe uma plataforma a nível nacional destinada ao recrutamento de pessoas com deficiência – a Valor T; foi desenvolvida uma plataforma – o ComPIT – que ajuda as escolas a implementarem os PITs (Planos Individuais de Transição) dos seus alunos, em contexto real de trabalho e assim a capacitar esses alunos para a vida ativa; foi criado um programa de preparação para o mercado de trabalho – o Peer2Peer – que junta, em pares, alunos universitários e jovens com deficiência à procura de trabalho, a percorrer um caminho de desenvolvimento de competências para a entrada no mercado de trabalho, e que desmistifica medos e preconceitos, entre aqueles que serão os líderes de “amanhã”; há empresas que disponibilizam formações em competências sociais para capacitar pessoas com deficiência que procuram integrar o mercado de trabalho; há empresas que desenvolveram centros de formação para capacitar os seus colaboradores com deficiência para as funções específicas que estas procuram, como os Centros Incluir da Jerónimo Martins; existem muitas empresas que querem dar oportunidades às pessoas com deficiência, e querem fazê-lo com responsabilidade, e com a consciência do valor acrescentado desta inclusão, para todos – empresas, colaboradores e sociedade. E acima de tudo, há muita vontade. Muita vontade de incluir, e de o fazer bem.
Se a vontade, por si só, basta? Não. Mas é fundamental e já foi alcançada. A grande e crescente vontade que se tem verificado por parte dos diferentes atores envolvidos no tema da inclusão é, sem dúvida, um fator indispensável para levar à ação e foi já responsável por toda esta evolução que temos verificado. Mas é importante continuar este caminho, e assegurar que toda esta vontade se concretiza em inclusão, nas escolas e nas empresas, e é nesse sentido que o ICF continua a trabalhar.
Margarida Castro Caldas
Coordenadora do Inclusive Community Forum (ICF), uma iniciativa da Nova SBE, dedicada à Inclusão das pessoas com deficiência. Licenciada e Mestre em Gestão, pela Nova SBE, com um major (área de especialização) em Social Enterprise.