Vivemos na melhor época da história da Humanidade? As estatísticas dizem que sim. Somos a geração com maior longevidade de sempre, com mais acesso à saúde e à educação. A comunicação e a partilha de informação acontecem a uma velocidade vertiginosa, superamos recordes desportivos e tecnológicos. Somos generosos, excedemos expectativas quando somos chamados a contribuir. Temos as competências e os recursos necessários para enfrentar os problemas societais que nos rodeiam? Parece que sim!
POR MARIA CASTRO E ALMEIDA E RITA DINIZ

Só nos falta saber “quando” e “como” pôr tudo aquilo que temos ao serviço dos outros. Isto é “Give Back” ou “Dar de volta”.  E como o podemos fazer?

Winston Churchill dizia: “we make a living by what we get, but we make a life by what we give”.

Quando tanto nos é dado, é natural que queiramos “devolver” à sociedade. Hoje é evidente que o voluntariado de competências tem impacto e alcance global: social, pessoal e empresarial. Quando as empresas se envolvem no Give Back to society alargam o seu networking, empoderam os seus colaboradores, contribuem para a sua boa reputação, e é uma ótima ferramenta de marketing para a empresa (Forbes, “The importance of Giving Back”, 2022, Dave Cantin, Chairman & CEO Dave Cantin Group). Para as pessoas, “dar de volta” significa ganhar um novo propósito, ter um sentimento de realização adicional.

Neste processo de dar de volta, de trocar e partilhar, todos beneficiam. Os voluntários partilham as suas boas práticas de gestão, as suas competências e o seu tempo com as organizações sociais, mas recebem de volta vivências únicas, de competência humana, motivação e superação pessoal, áreas nas quais as organizações sociais são verdadeiramente líderes.

Mas, podem também os executivos disponibilizar valências e operacionalizar voluntariado? Sim, através do Liderança Social para Gestores, um programa da Nova SBE, em parceria com o BPI e a Fundação “La Caixa” que ajuda a identificar executivos do setor privado que possam e queiram ter um papel ativo no mundo das organizações sociais. De uma forma organizada, sistematizada e efetiva.

De acordo com o Eurobarómetro Especial do Parlamento Europeu 75.2 (2011), 24% dos europeus exercem alguma atividade, regular ou ocasional, em regime de voluntariado, repartindo-se este número equitativamente entre homens e mulheres. Esta tabela é liderada pelos Países Baixos, onde cerca de 57% adultos contribuem regularmente como voluntários. Portugal, de acordo com o mesmo estudo conta com o contributo de cerca de 12% da sua população adulta, seguido da Polónia com 9%, que encerra a lista.

Depende de cada um de nós alterar este cenário, alimentando uma nova cultura de voluntariado ativa, transmitindo às próximas gerações a importância do seu contributo enquanto cidadãos ativos.

Dar de volta é a escolha a fazer, é uma escolha certa. Mas nem todos sabem quando e como começar. Imagine que trabalha numa empresa ou que já trabalhou, que tem anos de experiência acumulada, que procura novos desafios e um propósito a acrescentar à sua vida. “Agora” é o “quando”. Nem amanhã, nem daqui a uns meses. É “agora”.

E “como”?

Existem várias possibilidades quanto à forma para dar o seu contributo. Cada um deve escolher a que melhor se adapta ao seu perfil, à sua disponibilidade e aos seus propósitos. Para apoiar os executivos e os encaminhar na sua jornada de voluntariado, o programa de formação da Nova SBE aborda temas como o enquadramento e conhecimentos específicos no setor da economia social, o governance, quadro jurídico, fundraising, medição de impacto, entre outros.

Em 3 simples etapas os executivos iniciam a sua jornada:

Learn: formação teórica, que visa dotar os executivos do setor privado do enquadramento adequado sobre o setor da economia social.

Apply : o programa prevê a participação e o testemunho de organizações sociais que partilham as suas boas práticas, e a visita dos participantes a uma organização social.

Engage: no final do programa será feito o acompanhamento dos participantes enquanto membros de um conselho consultivo numa organização social.

Desde 2020, o programa tem crescido e criado laços com a sua comunidade: conselheiros e mentores, organizações sociais, redes sociais, academia e empresas. Atualmente, é lecionado na Nova SBE e na Católica Porto Business School, com o objetivo de ser um programa abrangente e expandir-se a todas as geografias do país.  Conta já com 8 edições e cerca de 200 participantes. Cerca de 100 destes alumni integraram conselhos consultivos de organizações sociais, contribuindo com o seu voluntariado de competências, com as suas experiências e com o seu network. Atualmente estão ativos 20 conselhos consultivos em 20 organizações sociais das zonas de Grande Lisboa e Grande Porto, mas mantem-se a intenção de expandir o programa a novas regiões.

Porque todos podemos contribuir para o futuro da Liderança Social em Portugal e porque acreditamos que criando pontes entre as organizações sociais, a academia e as empresas, contribuímos para a implementação de modelos de gestão modernizados, eficientes e sustentáveis, e acima de tudo adequados para o setor da economia social, esperamos por si!

Mais informações aqui.

Maria Castro e Almeida

Consultora e Member of the Board, Inclusive Community Forum, Nova SBE

Rita Diniz

Gestora do programa Liderança Social para Gestores, Leadership for Impact – Knowledge Center, Nova SBE