POR HUGO CRUZ MARQUES
Nos dias de hoje, as palavras solidariedade, justiça, inclusão, sustentabilidade são evocadas de acordo com interesses que as colocam muitas vezes longe do seu significado. Têm sido, inclusiva e continuamente, utilizadas pelo modelo financeiro, económico, social e político vigente, que já deu mostras de estar esgotado, sem conseguir responder a questões essenciais como as da igualdade de oportunidades, da paz ou da sustentabilidade ambiental.
Tendo isto em conta, torna-se necessário e urgente uma reflexão com vista a posicionamentos críticos sobre este modelo e a pensar na necessidade que temos, enquanto sociedade global, de uma mudança estrutural.
Existem práticas que têm vindo a fazer isso em Portugal. Iniciativas que, envolvendo pessoas que colectivamente desenvolvem acções nos seus territórios e comunidades, propõem outro tipo de relações e de reflexões, abrindo caminho a novos modelos de sociedade e a uma transição para economias mais sustentáveis e equitativas. Iniciativas enraizadas no seu território de actuação; que integram um sentido colectivo de acção; participadas, democráticas e capazes de mudar relações de poder pré-existentes; que se desenvolvem em prol da justiça social, da democracia e da sustentabilidade e que criam novas solidariedades. No entanto, existe um relativo desconhecimento face a estas iniciativas locais alternativas e pouca reflexão e pensamento em torno do impacto das mesmas a nível local e do seu potencial impacto a nível global.
[quote_center]A participação no mapeamento do projecto Alternativas é direccionada às experiências locais de base comunitária que promovem a transformação social[/quote_center]
É aqui que entra a proposta do projecto Alternativas: experiências locais para uma transformação global. Com o objectivo de promover processos de mudança social com vista à construção de uma sociedade mais solidária, justa, inclusiva e sustentável, este projecto iniciou as suas actividades reforçando a reflexão em torno do que é isto da “mudança sistémica” e da “transformação global”, procurando agora ir ao encontro de propostas alternativas, partindo da experiência concreta daquilo a que chamámos de Iniciativas Locais de Mudança (ILM), com as características já descritas.
Para tal, é necessário saber onde estão essas experiências. Depois de um período de reflexão conceptual conjunta sobre os processos de transformação global desenvolvida no âmbito do projecto (cuja parceria é composta pelas ONGD Fundação Gonçalo da Silveira e Fundação Fé e Cooperação, pelas Cooperativas CooLabora e Rede Inducar, e pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria), é necessário partir para o terreno, identificar as iniciativas, mapeá-las, conhecer algumas delas mais profundamente, apresentá-las e divulgá-las, propondo um trabalho conjunto de reflexão acerca do tema, bem como uma abordagem pedagógica a partir do conhecimento e saberes adquiridos ao longo do processo.
A participação no mapeamento do projecto Alternativas é direccionada às experiências locais de base comunitária que possam estar a promover a mudança e a transformação social. Quanto mais divulgado e participado for, maiores serão as hipóteses de um trabalho mais integrado e complementar com outras iniciativas que propõem outro mundo, mais justo e sustentável. O prazo estende-se até dia 28 de Junho. Fica feito o convite para participar no questionário.
Projecto Alternativas: [email protected]
Membro da equipa de Cidadania Global e Desenvolvimento da Fundação Gonçalo da Silveira