Uma parte significativa dos empresários cristãos admite proceder a despedimentos ainda este ano. A esmagadora maioria dos executivos (95,5%) considera que há falta de liquidez na actividade económica real de Portugal, que é a que cria emprego, revela o barómetro mensal promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores

A principal conclusão da 7ª edição do barómetro mensal da ACEGE, realizado em parceria com o jornal OJE e a Rádio Renascença, é preocupante: mais de um terço dos empresários cristãos admite proceder a despedimentos até ao final do ano.

Com a taxa de desemprego nos 14,8% (acima da previsão do Governo para este ano e com tendência para subir), 37% dos empresários e gestores inquiridos admitem dispensar trabalhadores até ao final do ano. Cerca de 40% afastam essa possibilidade e, em aberto ficam uns expressivos 22%, que não sabem ou não respondem.

Neste Barómetro, os empresários cristãos pronunciaram-se ainda sobre se há falta de liquidez na actividade económica nacional, e se Portugal está a ter em conta o investimento na educação, investigação e inovação na consolidação orçamental.

Para a larga maioria dos executivos da ACEGE (95,5%) há falta de liquidez na actividade económica real de Portugal, que é aquela que gera emprego. Concordando com a afirmação recente do presidente da Sonae, Belmiro de Azevedo, a quase totalidade dos empresários e gestores inquiridos admite sentir dificuldade de acesso a crédito e avisa que o dinheiro não está a chegar à economia real.

Foco na austeridade e não no crescimento
Quando questionados sobre se o País está a ter em conta o investimento no crescimento na consolidação orçamental, com destaque para as áreas da educação, investigação e inovação, metade dos respondentes (51%) considera que não, já que Portugal está demasiado focado na austeridade e a deixar para trás o crescimento. Contudo, 42,6% é da opinião que Portugal está a trabalhar nesse sentido e que estas áreas não estão a ser esquecidas.

Por outro lado, quase dois terços dos inquiridos (64%) espera vir a pagar menos pela energia, na sequência da pressão da Troika para que o Executivo acelere as reformas no sector.

Quanto a excepções, mais de 80% dos empresários cristãos inquiridos defendem que, com o país em crise, não há margem para cedências, criticando o presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, que pediu solidariedade nacional com a região.

Por último, os empresários e gestores cristãos manifestaram o seu sentimento face à pressão exercida pelos mercados na Europa.

Metade dos gestores (52,9%) é da opinião de que, com a ajuda à Grécia e a aprovação do Mecanismo Europeu de Estabilidade, a pressão dos mercados sobre os países mais expostos à crise da Zona Euro vai aliviar. Já 32,3% concorda com Durão Barroso, considerando que os mercados vão continuar a exercer pressão.

Este barómetro inclui ainda a questão fixa “Como define o seu estado de espírito em relação ao País?”, que permite determinar uma tendência. Em relação à edição de Fevereiro, os empresários cristãos mostram-se menos negativos, com os “francamente pessimistas” a passarem de 22,2%, no mês passado, para os actuais 13,5%, e os “moderadamente pessimistas” a descerem de 32,2%, no segundo mês do ano, para os 28,4% de Março. Já os “moderadamente optimistas” aumentaram de 23,4 para 36,1%. No entanto, os “francamente optimistas” decresceram, de 1,2 para 0,6%.

O Barómetro mensal ACEGE/OJE/Renascença, realizado em colaboração com a Netsondajunto de altos responsáveis de empresas portuguesas, é constituído por perguntas de sentimento económico formuladas pelos três parceiros da iniciativa e enviadas aos gestores associados da ACEGE.

A 7ª edição deste estudo de opinião foi realizada entre os dias 6 e 8 de Março, período em que foram contactados 1065 empresários e validadas 154 respostas.

Aceda aos resultados do Barómetro

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