Parcerias entre a Comissão Europeia, organizações públicas e privadas, escolas, empresas e fundações. Foi com esta estratégia que o Ano Europeu do Voluntariado atingiu nota máxima em Portugal, produzindo “um efeito dinamizador e multiplicador, a nível nacional, regional e local”. Em hora de balanço, a coordenadora nacional do AEV 2011, Elza Chambel, destaca a importância “da complementaridade no desenvolvimento das políticas sociais” e a preocupação que presidiu ao Plano de Acção, para que “as acções contempladas não tivessem os seus efeitos restringidos ao presente mas pudessem também, influenciar o futuro”
2011 foi um ano difícil mas que contou, em Portugal como nos demais países da Europa, com o trabalho voluntário de milhares de pessoas, que deram apoio a inúmeras causas sociais, minorando assim as desigualdades que tendem a agudizar-se com a crise socioeconómica. Na realidade, e como sublinha em entrevista ao VER a presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado (CNPV) e coordenadora nacional do AEV 2011 em Portugal. O Voluntariado é, antes de mais, um instrumento de coesão social e luta contra a pobreza e exclusão social. Nesse sentido, a recentemente anunciada criação de um Plano Nacional de Voluntariado, “que catalise o esforço nacional em prol de causas e contribua para um país mais coeso, menos desigual, tendo em conta o papel dos voluntários”, nas palavras de Elza Chambel, vem ao encontro da estratégia desenvolvida ao longo de todo o ano, no âmbito do AEV: acções baseadas “na complementaridade e nas parcerias assumidas”, com o objectivo de gerar um “efeito dinamizador e multiplicador, quer a nível nacional, quer a nível regional e local”. Tendo sempre em conta que os voluntários são “pessoas comuns mas que realizam coisas extraordinárias, gratuitamente, com total disponibilidade e competência”, fazendo assim a diferença, como faz questão de sublinhar. E que, portanto, merecem uma legislação a nível comunitário e nacional “mais harmoniosa e adequada”, capaz de “favorecer e incentivar as práticas de voluntariado, fundamentalmente de proximidade, de forma a fortalecer a coesão social a todos os níveis”, apela Elza Chambel.
De que importância se revestiu, na sua opinião, a proclamação de 2011 como o Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, no difícil contexto socioeconómico que a Europa atravessa? Estabelecemos igualmente um relacionamento muito positivo com a comunicação social, também pelo facto de a Presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do AEV ser a jornalista Fernanda Freitas. Do Plano de Acções nacional realizado ao longo do ano, que iniciativas destaca e poquê? Assim, planeámos a replicação da ” Volta do Voluntariado” (iniciativa emblemática do AEV 2011) em diversos distritos e nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, bem como a realização de um Seminário sob o título ” O Voluntariado nos Países do Mediterrâneo – Uma Identidade Cultural “, e a produção de um documentário televisivo de cerca de cinquenta minutos sobre voluntariado, passível de ser exibido na íntegra ou em excertos, em diferentes iniciativas. Levámos ainda a cabo a realização de dois estudos académicos de investigação sobre dois assuntos relevantes: a actualização do Estudo sobre o Voluntariado em Portugal, realizado há dez anos atrás, por iniciativa do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, com a colaboração do Instituto de Ciências Sociais da Faculdade de Lisboa, e um outro que permitirá avaliar o funcionamento dos Bancos Locais de Voluntariado. Já são conhecidos os resultados destes dois estudos de investigação?
Em que medida contribuiu este Plano para “influenciar o futuro”, como refere? As várias comunidades e empresas envolvidas no AEV estão hoje mais despertas para a importância do Voluntariado, enquanto gerador de capital humano e social? Como avalia a criação de um Plano Nacional de Voluntariado, recentemente anunciado pelo Ministro Pedro Mota Soares? Defende que “é necessário que os Estados Membros modernizem e agilizem as políticas e infra-estruturas, em ordem a que um número crescente de pessoas possam ser voluntárias, de diferentes formas e em diferentes momentos da sua vida”. Julga que o Voluntariado, que envolve Estado, empresas e sociedade civil, carece ainda de proximidade às pessoas? De que modo irá o legado do AEV persistir ao longo do Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, um objectivo já anunciado? |
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Jornalista