“Somos cada vez mais uma plataforma inclusiva de vários níveis etários e organizações públicas e privadas, com uma dinâmica experimental . No Green Festival “contam-se histórias que permitem desafiar os visitantes a perceber como é que transformam uma mensagem “sustentável” numa mudança de comportamentos”. É com esta convicção que Pedro Norton de Matos, principal mentor do evento, defende, em entrevista de balanço ao VER, aquele que é o maior festival de sustentabilidade do País
A 4ª edição do Green Festival levou ao Centro de Congressos do Estoril e à FIARTIL mais de 25 mil visitantes, entre os dias 28 de Setembro e 2 de Outubro. Co-organizado pela Câmara Municipal de Cascais, Gingko e Ogilvy Portugal, o evento deste ano associou-se ao Ano Europeu do Voluntariado e ao Ano Internacional das Florestas. A mobilidade sustentável foi outra temática em destaque nos cinco dias do festival, numa programação diversificada, entre conferências, seminários e workshops de boas práticas. Paralelamente, mais de cem expositores animaram o local, onde tiveram lugar iniciativas como speed meetings e acções lúdicas e culturais. Quanto a novidades, este ano o Green Fest teve “um grande enfoque na área da educação”, com a integração, inédita, de um programa direccionado especificamente para Escolas e Universidades que mobilizou os diferentes públicos escolares, o que “constituiu um importante marco nesta edição”, sublinhou, em entrevista ao VER, Pedro Norton de Matos, mentor principal e porta-voz do Green Festival. Promover a empregabilidade na Economia Verde, permitindo aos jovens “procurarem entre as muitas oportunidades que surgem nos chamados green jobs”, foi um dos objectivos desta nova atenção à educação. Com “mais conteúdos do que em qualquer edição passada”, o evento contou com a participação da Dinamarca, como país convidado, no âmbito da qual foi apresentada a avançada estratégia energética deste país. Finalmente, a integração no festival, pela primeira vez, do Congresso do Empreendedorismo Social, organizado pelo IES, é outra importante novidade “que resulta de uma triangulação entre autarquia, universidade e sociedade civil” e que se revela “particularmente importante”, face ao dinamismo que o sector tem actualmente defende Norton de Matos. Que balanço faz do Green Fest 2011, em termos de afluência e objectivos traçados? Este tem sido um projecto que cresce em ‘bola de neve’. Este ano foram debatidos mais conteúdos do que em qualquer edição passada, e começamos a ter, eu diria, o desafio (ou a enorme oportunidade) de termos mais conteúdos do que espaço para o mostrar, concretamente em número de salas. Têm tido um número crescente de manifestações de interesse por parte de empresas para integrar o evento? Acabamos por ter de ser selectivos nos conteúdos a partilhar, em conjunto com os nossos parceiros, o que aumenta a fasquia da qualidade dos conteúdos que são apresentados, que são de alto nível, eu diria. Dou-lhe um exemplo: a Nestlé, presente pela primeira vez no evento, realizou uma conferência a partir da teoria de Michael Porter sobre o valor partilhado dentro da cadeia de valor, levando a Cascais um dos dirigentes de Porter. Como comenta as principais novidades do Green Fest 2011, como o programa direccionado para escolas e universidades e a realização do Congresso de Empreendedorismo Social? Dito isto, procurámos reflectir, naquilo que é o programa anual do evento, algumas efemérides a nível mundial ou europeu. Refiro-me ao Ano Europeu do Voluntariado e ao Ano Internacional das Florestas, dois temas que estiveram transversalmente presentes este ano, e que endereçámos com particular ênfase nestes cinco dias, a par da temática da mobilidade sustentável. Quanto a novidades, fizemos um enfoque muito grande na área da educação, graças à integração, pela primeira vez, de um programa direccionado especificamente para escolas e universidades, mobilizando os diferentes públicos escolares, o que constituiu um importante marco nesta edição. Lançado no âmbito da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável? No âmbito deste programa, decorreram inúmeras acções, desenhadas para os diferentes extractos etários. Um dos objectivos para os alunos mais velhos foi promover a empregabilidade na Economia Verde, permitindo aos jovens procurarem entre as muitas oportunidades que surgem nos chamados green jobs. A vertente da educação ganhou também expressão através de uma parceria estratégica com o IADE – Escola Superior de Design, Marketing e Publicidade: desafiámos os alunos a criarem equipas multidisciplinares que nos ajudassem a desenvolver o conceito de comunicação do festival, com a ajuda da Ogilvy. A iniciativa, que terá continuidade nas edições futuras do Green Fest, resultou num plano de comunicação integrado do evento. Os alunos do projecto vencedor ganharam a possibilidade de realizar estágios na organização do festival e na própria Ogilvy. É esta ligação entre o Green Fest, a indústria e a escola que pretendemos fomentar. Fizemos ainda uma parceria com a Universia.
Esta ligação às escolas, em contexto de crise, estimula a empregabilidade? E quanto às restantes novidades? É nossa intenção reforçar sempre estas pontes, colocando diversos sectores da sociedade – stakeholders com muitos e diferentes interesses – em contacto, de modo a que potenciem sinergias entre eles. Outra novidade foi a participação da Dinamarca como país convidado, no âmbito da qual foi apresentada a estratégia energética deste país, definida na sequência de Copenhaga se apresentar como a primeira capital mundial “carbon zero” até 2025. Tal como outros países nórdicos, a Dinamarca é reconhecida por estar na vanguarda dos temas da sustentabilidade. A conferência inaugural, que reuniu um painel com representantes dos sectores público, privado, académico e da sociedade civil, contou com a reitora da Universidade de Copenhaga, Katherine Richardson Christensen, como key-note speaker. Esta eminente especialista energética veio partilhar connosco os desenvolvimentos da Comissão Pensar 2050, que traça uma visão para as próximas décadas neste domínio. Ainda outra novidade nesta edição foi-nos trazida pela Nestlé, presente pela primeira vez com uma conferência a partir da teoria de Michael Porter sobre o valor partilhado dentro da cadeia de valor, com a participação de um destacado gestor americano da equipa de Porter. Importa dizer que procuramos sempre dirigir-nos a dois públicos, fundamentalmente: às empresas e às famílias. Reunimos conteúdos que cobrem estas diferentes áreas e que despoletam interesse através de uma linguagem adequada às várias idades. Se para as empresas apresentamos uma programação com conferências e workshops dedicados aos temas da actualidade, em matéria de sustentabilidade, para a população em geral disponibilizamos iniciativas como teatro, música, stand up comedy, actividades de lazer e entretenimento, numa ligação entre o Centro de Congressos do Estoril e a feira do artesanato, FIARTIL. Este espaço, que funcionou entre o final da tarde e a noite, integrou mais de cem pequenos stands com variadíssimas acções, também na área social. No espaço exterior do Centro de Congressos realizaram-se vários test drives de carros eléctricos e de outros com baixas emissões e foram apresentadas várias novidades sustentáveis. O Green Festival sempre se distinguiu por um formato muito próprio que inclui uma dinâmica voltada para as experiências de welness e de respeito pelo meio ambiente. Que importância têm estas acções, como o SwapMarket? Mas essa mensagem está presente em muitas das acções desenvolvidas no festival para os diferentes públicos, como concursos, rastreios de saúde e acções que promovem o equilíbrio, com entradas gratuitas. Trata-se de uma dinâmica experimental e, sem dúvida, muito voltada para a área do bem-estar. Queremos que o Green Fest seja cada vez mais uma enorme plataforma inclusiva de vários níveis etários, envolvendo organizações públicas, privadas e a sociedade civil, individual organizada. Queremos que este seja, enquanto festival, uma mostra de tudo isto. Eu tenho chamado a esta plataforma inclusiva um local de contar histórias. É uma metáfora poética para não se perder esta tradição de contar histórias, mas a verdade é que neste festival se contam histórias nas conferências e nos seminários, mas também nos expositores e nos locais de animação. Procuramos sempre que o visitante faça uma ‘viagem experimental’. Porque um dos nossos desafios é perceber como é que se conseguem passar estas mensagens que têm a ver com mudanças comportamentais. Portanto, insistimos a cada edição em transmitir o lema “Fazer parte é fácil. Você faz a diferença. Depois, o somatório de cada um de nós é a comunidade, e é nesse sentido que apelamos muito à participação. Queremos sensibilizar, mas queremos ir mais longe, passando à acção”. Veja-se por exemplo o estudo apresentado logo no primeiro dia, “Mainstream Green”, realizado nos EUA pela Ogilvy Earth, cuja principal conclusão é que 82% dos consumidores têm boas intenções ecológicas, mas apenas 16% realmente as cumpre. Só ao conseguirmos diminuir colectivamente, dando cada um de nós um passo em frente, o ‘gap’ entre a intenção e a prática, estaremos efectivamente a praticar aquilo que sabemos ser necessário. Este é um pouco o lema do Green Fest, onde tanto as empresas como as famílias encontram um espaço de partilha de experiências na área da responsabilidade social e ambiental. |
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Jornalista