Para além das vantagens óbvias ao nível da qualidade de vida e da melhoria dos serviços públicos, o paradigma das cidades inteligentes apresenta um potencial para o tecido empresarial: “as oportunidades geradas ao nível do desenvolvimento e produção de soluções urbanas inovadoras em áreas como a governação, energia ou mobilidade”. Como conclui o Índice de Cidades Inteligentes 2020, em Portugal existe “um mercado emergente” associado às smart cities “que poderá induzir à afirmação de um cluster de empresas que concebem soluções urbanas baseadas em tecnologias”. Prova disso é o projecto Skinenergy, vencedor do Prémio Cidades, promovido pela Siemens no âmbito deste estudo
POR GABRIELA COSTA
Qual é a utilidade de avaliar o grau de inteligência urbana de uma cidade? É porque é hoje tão premente apostar em novos modelos de desenvolvimento urbano, face aos crescentes desafios que as cidades nos colocam?
Num mundo onde 50% da população está agregada nas cidades, sendo responsável por 60 a 80% do consumo de energia mundial e por 75% das emissões de carbono, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), “as cidades são espaços de problemas, desafios”, originando fenómenos de desigualdade e exclusão social”, como reflecte o Índice de Cidades Inteligentes 2020, cujos resultados foram recentemente apresentados, em Lisboa.
Mas são também “oportunidades”, conclui o relatório. Apesar dos imperativos demográficos, económicos, sociais e ambientais que obrigam à descoberta e implementação de modelos de desenvolvimento urbanos capazes de fazer face à tendência de agravamento da densidade populacional nas ‘polis’ – tendência inevitavelmente comprometida pelas estimativas de crescimento populacional, dos actuais sete para nove mil milhões de pessoas, em 2040, principalmente nos países em desenvolvimento (de acordo com as previsões da ONU em 2012) – as cidades são hoje “palcos de inovação, conhecimento e criatividade”: só as seiscentas maiores urbes do planeta deverão gerar 60% do PIB mundial em 2025, estimou a Mckinsey em 2011.
Por uma qualidade de vida ‘smart’
É, pois, de louvar a crescente importância que o conceito de ‘cidade inteligente’ vem adquirindo, quer no meio académico quer na agenda das políticas públicas. Como referem os autores do estudo realizado pela Intelli com o apoio da Siemens e da CGD, são vários os projectos a nível mundial que estão a ser pensados ou implementados para promover a sustentabilidade das cidades e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos em todo o mundo.
Partindo de características e motivações, modelos de governação e fontes de financiamento muito diversas, têm em comum a colocação das tecnologias de comunicação e informação a serviço da vida urbana, facilitando a vivência nas cidades com mais qualidade e de forma sustentável.
É neste contexto que tem vindo também a proliferar o desenvolvimento de diversos índices de ‘smart cities’, com vista a apurar qual é o nível de inteligência de algumas das principais cidades do mundo, permitindo que estas melhorem o seu desempenho a nível ambiental, territorial, etc.
Identificando “um conjunto de recomendações estratégicas e operacionais para os governos locais e outros actores económicos e sociais das cidades, com o objectivo de melhorar o desempenho dos territórios, garantindo o bem-estar das populações e a utilização eficiente dos recursos disponíveis”, de acordo com o conceito de ‘smart city’, o Índice de Cidades Inteligentes 2020 revela que “as cidades sustentáveis do futuro já estão a ser pensadas numa lógica integrada”, como afirma, em declarações ao VER, Fernando Silva.
Na opinião do director de Smart Grids e Low and Medium Voltage da Siemens Portugal, tratando-se de um tema “multidisciplinar que engloba questões no domínio económico, social, cultural, tecnológico, das acessibilidades, diversidade, qualidade de vida e, naturalmente, energia, cabe às empresas como a Siemens o papel de disponibilizar conceitos e soluções, bem como promover parcerias, com vista ao desenvolvimento de soluções de infra-estruturas integradas, abrangentes e sustentáveis para as cidades”.
Inteligência urbana em rede
Especificamente adaptado à realidade nacional, a primeira edição do Índice de Cidades Inteligentes desenvolvido pela INTELI é um projecto piloto que se aplica a vinte das 25 cidades do Living Lab RENER, uma rede de cidades criada por este Centro de Inovação que promove um modelo de desenvolvimento económico e social sustentável baseado no conhecimento e na inovação, com o intuito de desenvolver soluções inteligentes, sustentáveis e inclusivas em resposta aos desafios da estratégia 2020 definida pela Comissão Europeia.
Esta Rede para Inovação Urbana foi agora avaliada ao nível da sua ‘inteligência’, nas várias dimensões da análise efectuada: Governação, Inovação, Sustentabilidade, Inclusão Social e Conectividade. Estas dimensões foram analisadas em 21 sub-dimensões e oitenta indicadores, cuja quantificação partiu de recolha de informação através de observação directa, análise documental, estatísticas oficiais e envio de questionários e realização de entrevistas com os municípios.
O estudo visa “posicionar estrategicamente” as cidades portuguesas em matéria de inteligência urbana, resultando “numa base de informação e conhecimento municipal de suporte à tomada de decisão das políticas públicas e dos actores económicos e sociais, com o objectivo de melhorar o desempenho dos territórios”, divulgam os seus responsáveis. Para tanto, foi tecido um conjunto de recomendações (Ver Caixa 1) que aponta caminhos para esse progresso, incluindo através do estímulo à cooperação intermunicipal, numa lógica de rede de cidade orientada para a criação de produtos, serviços e soluções criativas e inovadoras.
Os resultados apurados são integrados e revelam que, entre as cidades da RENER avaliadas, Lisboa, Almada, Cascais e Vila Nova de Gaia são, respectivamente, as que melhor pontuam em matéria de inteligência urbana, com classificações entre 6,46 e 3,66, numa escala de zero a dez.
Embora não seja determinante, a dimensão territorial das cidades é uma variável que tem alguma influência no posicionamento das cidades, já que atribui aos espaços urbanos massa crítica, densidade e diversidade, devido à concentração de recursos humanos, económicos e institucionais, conclui o relatório.
Quanto ao posicionamento face às cinco grandes dimensões de análise em que se organiza o estudo, as pontuações obtidas por estas cidades variam em função das características dos territórios e da proactividade das políticas públicas locais, existindo boas práticas municipais “em todas as cidades da rede RENER, independentemente da sua posição no ranking global”.
“Cabe às empresas disponibilizar conceitos e soluções e promover parcerias, com vista ao desenvolvimento de soluções de infra-estruturas integradas, abrangentes e sustentáveis para as cidades” – Fernando Silva, director de Smart Grids e Low and Medium Voltage da Siemens Portugal |
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Assim, em matéria de Governação – que abrange as sub-dimensões participação pública, serviços públicos, transparência e políticas urbanas – merecem destaque, em termos agregados e por esta ordem, as cidades de Lisboa, Aveiro, Bragança, Viana do Castelo, Almada e Cascais. Os valores atingidos situam-se entre 8,72 e 3,94, na mesma escala. Apesar de Lisboa se encontrar no topo do ranking, nesta área, “não se verifica de forma explícita a influência da variável número de habitantes, nem tão pouco do fosso entre litoral e interior”, concluem os autores do estudo.
Já na área da Inovação Municipal, que integra as sub-dimensões de empreendedorismo, I&D e tecnologia, economia verde, economia criativa e economia social, a análise efectuada distingue os municípios de Lisboa, Almada, Vila Nova de Gaia, Coimbra e Cascais, com uma dispersão global de valores entre os 8,15 e os 0,44. Nesta área, a influência da dimensão dos concelhos na respectiva performance inovadora “é significativa”, bem como a presença de universidades e instituições de I&D e tecnologia, que “também marca a diferença”, lê-se no documento.
Biodiversidade e ecologia, ar e emissões, água e resíduos, edifícios, mobilidade e energia são os “factores críticos” avaliados em matéria de Sustentabilidade, no Índice de Cidades Inteligentes, quantificando nas primeiras posições, em termos agregados e respectivamente, as cidades de Almada, Vila Nova de Gaia, Cascais, Lisboa e Loures. Embora se verifique alguma dispersão relativa nos resultados, com o valor superior a atingir os 6,58 e o valor inferior 2,50, estes resultados variam de acordo com as sub-dimensões em análise, “o que demonstra que algumas cidades apresentam melhor pontuação numas áreas e outras cidades noutros domínios, provavelmente em virtude das características dos territórios e das prioridades das políticas públicas locais”.
Também na dimensão inclusão Social e Cultural, é Almada que assume o lugar de topo no ranking, seguida de Lisboa, Coimbra, Cascais e Aveiro, com classificações que se situam entre os 6,62 e os 2,28 pontos, na escala de zero a dez considerada. A este nível são analisadas as sub-dimensões coesão social, diversidade social e cultural, empreendedorismo e inovação social e inclusão digital, considerando-se não só as preocupações com a exclusão social, mas também com o livre acesso aos bens e serviços culturais e criativos. Para além das dimensões económica, social e ambiental, a cultura é assumida como o quarto pilar do desenvolvimento sustentável.
Finalmente, na dimensão Conectividade, onde são analisados indicadores relativos às redes territoriais e às tecnologias de informação e comunicação ou redes digitais, destacam-se os concelhos de Leiria, Almada, Faro, Santarém e Aveiro, com uma dispersão de valores situada entre 5,52 e 1,31. Nesta área, os autores do estudo concluem que os resultados apurados se encontram influenciados pelos fundos disponíveis em cada região para apoio à cooperação territorial, e também “pela proactividade dos municípios em estabelecer laços com outras autarquias, empresas e universidades”.
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Enfrentar os desafios com soluções integradas
Por apresentar um modelo integrado de cidade inteligente, a partir destas cinco grandes dimensões que caracterizam uma smart city, o Índice da Intelli permite reflectir sobre as cidades que são mais atractivas para “talentos, visitantes e investidores pela aliança entre a inovação, a qualidade do ambiente e a inclusão social e cultural, num contexto de governação aberta e de conectividade com a economia global, visando a qualidade de vida dos cidadãos”, defendem os seus responsáveis.
Nas conclusões do relatório, os autores apontam “as oportunidades geradas para o tecido empresarial ao nível do desenvolvimento e produção de soluções urbanas inovadoras em áreas diversas, como a governação, energia ou mobilidade” como “uma das potencialidades do paradigma das cidades inteligentes”, para além das vantagens óbvias ao nível da promoção da qualidade de vida e da melhoria dos serviços públicos.
Em Portugal, dizem, pretende-se promover a exportação de aplicações tecnológicas desenvolvidas a nível nacional, com vista ao aumento da competitividade e à geração de emprego: “podemos mesmo falar de um emergente mercado associado às cidades inteligentes, que poderá induzir a afirmação de um cluster de empresas que concebem soluções urbanas baseadas em tecnologias de informação e comunicação”, lê-se no documento.
Reconhecendo que “o conhecimento das motivações, características, modelos de governação, parcerias e sistemas de financiamento dos programas de smart cities” se afigura como “essencial para que o tecido empresarial defina uma oferta integrada para responder aos desafios enfrentados pelas cidades”, os autores concluem ainda que “as políticas públicas nacionais, regionais e locais podem actuar como facilitadoras, criando novos mercados através, por exemplo, da utilização das compras públicas de forma inovadora” e estimulando “o desenvolvimento de aplicações pelos cidadãos, com o lançamento de concursos e a disponibilização de plataformas de dados abertos”.
A aplicação do Índice de Cidades Inteligentes 2020 a um conjunto de 20 cidades do Living Lab RENER – Rede para a Inovação Urbana traduziu-se numa experiência piloto, que se pretende repetir periodicamente, adiantam, esclarecendo que a INTELI “tem como objectivo aperfeiçoar continuamente a metodologia com o contributo das autarquias e outros parceiros, estendendo a sua aplicação a cem municípios nacionais”.
Referindo-se ao trabalho futuro já planeado no seguimento das principais conclusões desta primeira edição do Índice de Cidades 2020, os autores afirmam que se procurará “adaptar a metodologia a outros contextos espaciais, promovendo a sua internacionalização”. Numa primeira fase irão privilegiar-se os países de língua oficial portuguesa, “com foco no Brasil e em Moçambique”, estimulando “o desenvolvimento de projectos em cooperação e a geração de negócios para as cidades e empresas portuguesas”. Neste contexto, irá também apostar-se na articulação do RENER com outras Redes de Cidades Inteligentes, como a Rede Espanhola de Cidades Inteligentes (liderada por Santander e integrada por cerca de 25 cidades) e a emergente Rede Brasileira que se pretende alargar a toda a América Latina.
Estratégia: Liderar, integrar, inovar, avaliar |
Apesar da diversidade de modelos e de estratégias de smart city em implementação em cidades de todo o mundo, é possível identificar um conjunto de recomendações estratégicas e operacionais para os governos locais e outros actores económicos e sociais, garantem os autores do Índice de Cidades 2020, que recomendam:
LIDERANÇA E VISÃO ESTRATÉGICA
A definição e implementação de projectos de cidades inteligentes exigem uma forte liderança e a Existência de uma estratégia integrada e estruturada, articulando diversas políticas urbanas: economia, ambiente, mobilidade, coesão social, turismo, cultura, etc. Isto reflecte-se na necessidade de interacção e de circulação de informação entre os vários departamentos governamentais a nível local.
ENVOLVIMENTO DOS CIDADÃOS
O sucesso dos projectos de cidades inteligentes passa necessariamente pela participação das Comunidades e dos cidadãos que aí vivem e trabalham. Uma smart city é uma cidade para as pessoas, tendo como objectivo último a melhoria do bem-estar da população.
CIDADES PARA TODOS
As cidades inteligentes não podem ser cidades para as classes mais favorecidas da população, mas deverão promover a igualdade de oportunidades em termos económicos, sociais e espaciais.
FOMENTO DA INOVAÇÃO
O fenómeno das cidades inteligentes não tem apenas como objectivo melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e fomentar a eficiência dos serviços públicos, mas também promover a inovação e gerar emprego e riqueza. De facto, é aberto um espaço de oportunidades para as empresas que desenvolvem soluções urbanas inovadoras nas áreas da governação, energia, mobilidade, saúde, etc., tanto multinacionais como PME.
SOLUÇÕES DE BAIXO CUSTO E ELEVADO IMPACTO
Muitos dos programas de cidades inteligentes estão associados a elevados investimentos em infra-estruturas e software, sendo realizados em colaboração com grandes empresas multinacionais de tecnologias de informação e comunicação. No entanto, é possível tornar uma cidade smart começando por implementar projectos de baixo custo e com elevado impacto na vida das comunidades, o que potencia a mobilização dos cidadãos em virtude dos resultados rápidos e eficazes destas iniciativas.
MICRO-CIDADES DENTRO DA POLIS
As cidades podem eleger determinados espaços como living labs para testar novas soluções urbanas inteligentes em microambientes, como são os casos de um parque tecnológico, um complexo cultural, um hub de transportes ou um campus universitário.
INTEGRAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS E INTEROPERABILIDADE
A implementação de soluções de gestão inteligente dos recursos energéticos, dos modos de mobilidade de pessoas e bens, e da informação é uma das principais assinaturas dos diferentes modelos de smart cities. Contudo, existe um risco associado que resulta da possível fragmentação de iniciativas: nesse cenário, os stakeholders desenvolvem soluções tecnológicas diferentes que, quando implementadas, podem dificultar a adopção em larga escala por parte dos utilizadores. Um caso paradigmático é o da mobilidade eléctrica.
FINANCIAMENTO INTELIGENTE
Os projectos de cidades inteligentes apresentam modelos de financiamento diversos, de natureza pública e/ou privada, o que resulta em muito da natureza dos seus promotores. Estes poderão ser governos locais, grandes empresas privadas ou parcerias entre actores económicos e sociais. Apesar de o modelo mais seguido se basear no financiamento público, o financiamento público-privados e os fundos privados estão também a ser aplicados a projectos que visam gerar retorno de forma auto-sustentável. De referir ainda a relevância dos fundos comunitários qu têm vindo a ser diponibilizados para smart cities.
AVALIAÇÃO DE RESULTADOS
Nos projectos de cidades inteligentes importa desenvolver metodologias de acompanhamento e avaliação, ex-ante, ad interim e ex-post, com vista a corrigir desvios e comparar custos com benefícios. Falamos da utilização de indicadores quantitativos e qualitativos, abrangendo as dimensões económica, social, ambiental e cultural da vida urbana.
BENCHMARKING COM OUTRAS CIDADES
O conhecimento de boas práticas e de experiências internacionais pode ser bastante útil quando uma cidade pretende lançar projectos de smart city. Trata-se de aprender com os sucessos e fracassos dos outros, adaptando tais ensinamentos às especificidades locais. Além do mais, determinadas soluções urbanas inovadoras que funcionaram bem numa cidade poderão ser replicadas a nível nacional e internacional.
Fonte: Índice de Cidades Inteligentes 2020 |
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Siemens distingue Skinenergy com Prémio Cidades |
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No âmbito da apresentação do estudo da Intelli, foram divulgados os vencedores do Prémio Cidades, uma iniciativa da Siemens que, no contexto do “Índice de Cidades Inteligentes 2020”, visa estimular o empreendedorismo e receber projectos que contribuam para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.
Seleccionados os três projectos mais inovadores, “Cidades COM Abrigo”, “Taxi Motions” e “Skinenergy”, este último foi o grande vencedor do Prémio Cidades, promovido pela empresa com o objectivo de dar a conhecer as melhores iniciativas e boas práticas das cidades portuguesas ao nível de governação, sustentabilidade, inclusão, inovação e conectividade.
Segundo Fernando Silva, director de Smart Grids e Low and Medium Voltage da Siemens Portugal,
“estes três projectos são representativos do empreendedorismo jovem em Portugal, em áreas tão distintas como a solidariedade, a mobilidade e a energia.
Skinenergy
O Skinenergyé um revestimento gerador de energia, uma espécie de pele de revestimento do edifício que, para além de proteger o edifício, também gera energia através do vento, sol e chuva.
Este sistema de microgeração de energia alia o enorme impacto que os elementos arquitectónicos têm na sociedade às suas necessidades energéticas, cada vez mais exigentes, num planeta cada vez mais fragilizado. Este pretende ser um produto inovador e eficaz, que gera energia eléctrica e tem uma alta performance ecológica, contribuindo para a redução do impacto ambiental dos edifícios, ao diminuir o consumo de combustíveis fósseis e de emissões de CO2 durante todo o seu ciclo de vida.
Por se caracterizar como sendo uma “pele” de revestimento de edifícios que é ao mesmo tempo um elemento gerador de energia, o projecto foi apelidado pelos seus autores como Skinenergy. Para estes, um dos elementos chave do produto é a capacidade de tornar o revestimento de qualquer edifício, “que é normalmente estático e de função meramente estética e de protecção, num potencial meio de gerar energia” através das mais diversas condições climatéricas que o envolvam, como o sol, o vento e a chuva: “para além de funcionar como elemento passivo de sustentabilidade na eficaz e controlada protecção solar, é também elemento activo na produção de energia”, sintetizam.
Tratando-se de um produto híbrido, já que tem a capacidade de gerar energia através do aproveitamento solar e eólico e “de uma forma muito particular retira partido da água das chuvas”, o Skinernery gera energia que pode ser usada directamente na instalação, ser armazenada em acumuladores ou descarregada na rede pública.
O Skinenergy caracteriza-se por uma membrana flexível e leve como que uma pele, sendo totalmente ou parcialmente sobreposta por uma outra membrana flexível em silício amorfo para a captação da luz solar. Esta “pele”.
Concebido a partir de várias membranas flexíveis agregadas (que podem ter várias cores, padrões e até transparências) que são ancoradas a pequenas peças de amarração que têm a capacidade de gerar energia através de mínimos movimentos gerados pelo vento, pequenas brisas ou pelo batimento das gotas da chuva – as quais estão a ser desenvolvidas em parceria com a Universidade do Minho –, o Skinenergy tem particularidades inovadoras que permitem mesmo a geração de energia durante as 24 horas do dia, sete dias por semana, mediante as condições climatéricas e de luminosidade solar.
TAXI MOTIONS
A TAXI MOTIONS é uma plataforma webe mobilepara promoção, requisição e pagamento de serviços de táxi customizáveis e de qualidade superior. Integra uma comunidade de prestadores de serviço de táxi, de utilizadores finais (particulares e empresariais) e de geradores de procura como hotéis, restaurantes, organizadores de eventos ou terminais de transporte colectivo, que se associam ao projecto como parceiros.
Aos táxis é entregue uma solução para promoção dos seus serviços, aumento da procura e da rentabilidade, sem custos de investimento ou outras barreiras à entrada ou à saída, explicam os autores do projecto distinguido na categoria Conectividade do Prémio Cidades. Através de uma plataforma mobile, de forma simples e gráfica, os taxistas poderão saber em tempo real onde está a procura, reduzindo o custo de angariação de novos clientes, o transporte em vazio e os custos operacionais.
Já aos passageiros é entregue um interface webe mobile, que lhes permitirá estimar o preço da deslocação em táxi e fazer a requisição de um serviço personalizado, caso da disponibilização de cadeira de bebé ou pagamento via Multibanco. No final da viagem, o passageiro poderá acumular milhas e fazer um rating do serviço. Esta avaliação “entrará no algoritmo de atribuição de novos serviços, para que a oferta melhore continuamente”, adiantam.
Serão ainda disponibilizados serviços de táxi colectivo, que poderão funcionar como alternativa aos restantes transportes colectivos nos locais e períodos horários onde estes não tenham viabilidade.
Pelas características inovadoras que integra, esta plataforma contribui para cidades mais competitivas e sustentáveis. Pelo papel que tem na redução da dependência do transporte individual e na promoção de uma mobilidade em rede, suportada em TIC, cria condições para cidades mais inclusivas, equitativas e com melhor qualidade de vida.
Cidade COM Abrigo
O projecto Cidade COM Abrigo visa minimizar as dificuldades de todos aqueles que vivem indigentemente nas ruas de Lisboa, através de Abrigos portáteis, que possuirão infra-estruturas de apoio aos sem-abrigo de carácter fundamental para a sua sobrevivência: zonas de higiene, zonas de refeições, gabinete de apoio aos cuidados básicos de saúde e zonas de convívio. Todos estes apoios funcionarão em módulos portáteis, fáceis de montar e transportar, que terão vários tamanhos consoante a sua funcionalidade.
Cientes de que o número de sem-abrigo na capital “tem vindo a aumentar significativamente, pelos mais variados motivos”, sendo muitos os que dão entrada nos Hospitais, não à procura de consulta, mas à procura de aconchego, chegando mesmo a pernoitar nas salas de espera”, os autores desta iniciativa aspiram a prestar apoio a “todos aqueles que matam a sua fome com os restos dos outros, que não têm local adequado para fazerem a sua higiene, que não têm acesso à saúde e às condições mínimas e elementares de sobrevivência”.
Estas estruturas modulares serão colocadas estrategicamente em vazios urbanos desocupados e esquecidos, espaços que deverão ser cedidos temporariamente pela câmara, aproveitando-os e dando-lhes sentido enquanto estão desocupados, ao dotá-los de infra-estruturas de apoio humanitário. A longo prazo, a equipa desta projecto pretende que se constituam vários núcleos por zona ou freguesia.
Acresce que os abrigos e estruturas de apoio propostos permitem uma forma de habitar altamente sustentável pois são feitos de cortiça, material orgânico e biodegradável, com capacidades e características térmicas inigualáveis. Estas estruturas são ainda auto-suficientes em termos energéticos, pois possuem painéis solares e depósito de água portável.
Ao carácter inovador assente na vocação social e humanitária do projecto Cidade COM Abrigo soma-se, desta forma, a sustentabilidade das estruturas modulares projectadas, que possuem um design e uma tecnologia orientada para promover a mobilidade dos utilizadores (já que são portáteis), a adaptação flexível às suas necessidades (pois são módulos extensíveis) e a sua auto-suficiência em termos energéticos. |
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