É já uma tradição no VER. Em vésperas de férias e para esquecer as agruras dos longos meses de trabalho, nada melhor que deixar o corpo repousar e ter um bom livro para devorar. Como habitualmente, a escolha é subjectiva, mas variada. Boas leituras
POR HELENA OLIVEIRA

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The Three Rules: How Exceptional Companies Think
Michael E. Raynor e Mumtaz Ahmed
Nada tem mais sucesso no universo dos livros de gestão do que aqueles que estudam o sucesso. Com um boom que teve início na década de 1980, com o clássico “In Search of Excellence” escrito pelos gurus da altura, Tom Peters e Robert Waterman, seguir uma fórmula similar, de preferência uma que divida a essência da excelência em três, cinco, ou sete regras “simples” continua a transformar livros aparentemente comuns em best-sellers reconhecidos. Que o diga Jim Collins, cujas obras “Good to Great” e “Great by Choice” não podem faltar na biblioteca de nenhum executivo que se preze. O mais recente da “colecção”, escrito por dois consultores da Deloitte, é mais um exemplo de uma moda que continua a dar muito dinheiro e a seduzir muitos leitores. Tendo como ponto de partida a mais do que gasta questão: “por que motivo algumas empresas atingem performances excepcionais, enquanto outras se limitam a lutar pela sua sobrevivência?”, desta vez são três as regras que ajudam gestores e executivos a serem donos das suas próprias agendas e a tomar decisões críticas apesar dos tempos ambíguos e incertos em que as empresas se movem. A partir de uma base de dados com 25 mil organizações, provenientes de centenas de indústrias presentes no mercado há quase cinco décadas, os autores elegeram 344 empresas que, em termos estatísticos, foram classificadas como excepcionais. Todavia, os autores, em conjunto com uma equipa de investigação da consultora em que trabalham, e depois de cinco anos de pesquisa, não foram capazes de identificar um padrão consistente de comportamento que separasse as empresas excepcionais das demais. E foi apenas depois de terem alterado o seu enfoque, analisando a forma como as empresas pensam em detrimento de como agem, que conseguiram discernir o que realmente separa o trigo do joio. Para quem é apaixonado por estudos de caso, por estatísticas de performance e por posicionamentos elevados nos mais diversos rankings, este livro deverá constar na bagagem para férias.

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Choose Yourself – Be Happy, Make Millions, Live The Dream
 James Altucher
O mundo está em mudança profunda. Os mercados sucumbiram. Os empregos desapareceram. Muitas indústrias entraram em modo de disrupção e estão a ser reconstruídas à frente dos nossos olhos. Tudo aquilo a que aspirámos em termos de ‘segurança’, tudo o que considerámos como dados adquiridos, deixou de existir ou tornou-se muito mais complexo de obter: a universidade, o emprego, a reforma, um bom governo. Está tudo a desmoronar-se. Em cada sector da sociedade, os “intermediários” estão a desaparecer da fotografia. Ninguém virá para o contratar, ninguém demonstrará desejo voluntário de investir na sua empresa, ninguém lhe oferecerá uma oportunidade. E é por isso que está na altura de tomar a mais importante decisão da sua vida: escolha-se a si mesmo. Novas ferramentas e forças económicas emergiram para tornar possível aos indivíduos criarem arte, fazer milhões de dólares e mudar o mundo sem “ajuda”. São cada vez mais e mais as oportunidades que estão a renascer das cinzas de um sistema em ruptura e que permitem gerar sucessos interiores (felicidade pessoal e saúde) e sucessos exteriores (um trabalho recompensador e alguma riqueza material). Este livro constitui um bom guia orientador para aqueles que desejam ousar tomar conta do seu destino. Com dezenas de estudos de caso, entrevistas e narrativas inspiradoras – incluindo a do próprio, o investidor e empreendedor James Altucher, cuja história de vida é apaixonante e apaixonada. Depois de um ano tão estranho, tão difícil, tão repleto de inseguranças, Choose Yourself oferece a esperança da bonança depois da tempestade.

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How Much is Enough: Money and the Good Life
Robert Skidelsky e Edward Skidelsky
Quando um economista e um filósofo, ambos britânicos, se juntam para escrever um livro, o resultado será, no mínimo, curioso. Mas foi isso mesmo que Robert e EdwardSkidelsky decidiram empreender nesta obra que acaba por ser uma verdadeira provocação aos que gostam de pensar e reflectir sobre o passado e o presente da economia. O livro começa com a previsão de John Maynard  Keynes, o qual, em 1930, antevia que, num período de 100 anos, os ganhos na produtividade iriam permitir-nos ir ao encontro das nossas necessidades materiais, bastando para isso trabalhar apenas 15 horas por semana. Se Keynes estivesse vivo, decerto comeria as suas próprias palavras, mais a mais numa época em que trabalhar 15 horas por dia é uma realidade para muita gente e para um sem número de profissões. Todavia, e pegando na previsão do famoso economista, e cujas teorias inspiraram várias gerações, a sua ideia é que, como todo esse tempo livre que teríamos, o poderíamos utilizar em actividades de lazer, ou melhor dizendo, a ter uma “boa vida”. Na verdade, os ganhos de produtividade vislumbrados pelo economista britânico aumentaram, mas o nosso apetite por bens materiais não só acompanhou estes progressos, como os ultrapassou em larga medida. Na sequela do filme Wall Street, um dos protagonistas, questionado sobre “quanto dinheiro é suficiente?”, respondia “mais!”. E assim parece pensar grande parte da humanidade, ou pelo menos aqueles que realmente podem aspirar a ter mais e mais dinheiro, mais e mais bens materiais. Ao longo do livro, os autores vão desconstruindo esta característica materialista das sociedades modernas, com um regresso aos filósofos gregos da Antiguidade, e discutem, com detalhes deliciosos, as visões alternativas do que pode ser uma “boa vida”. Uma obra para consumir e digerir.

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Decisive – How to Make Better Choices in Life and Work
Chip e Dan Heath
São várias as pesquisas em psicologia que revelam que as nossas decisões são corrompidas por um conjunto de preconceitos e irracionalidades. Somos excessivamente confiantes. Procuramos informação que apoie os nossos argumentos e ignoramos os dados que os contrariem. Somos distraídos por emoções de curto prazo. E, quando chega a altura de tomarmos decisões, parece que os nossos cérebros se transformam em instrumentos repletos de falhas. Todavia e infelizmente, termos consciência desses erros, não resolve o problema. A verdadeira questão é: como podemos fazer melhor?

Em Decisive, os autores, com base num estudo exaustivo de literatura na área da tomada de decisão, apresentam um processo de quatro passos, exclusivamente concebido para combatermos estas ideias preconcebidas. O livro conduz o leitor a inesquecível jornada, que narra a história de uma estrela de rock genial ou a de uma aquisição desastrosa por parte de um CEO, entre outras, e acaba por radicar numa única e singular questão, a qual, muitas vezes, pode solucionar decisões pessoais e espinhosas. Ao longo do livro, o leitor aprende a responder a questões criticas como as que se seguem: como é possível travarmos o ciclo de “agonia” quando temos de tomar uma decisão? Como é possível tomar decisões de grupo sem políticas destrutivas? E como podemos assegurar que não deixamos passar oportunidades preciosas que poderiam mudar a nossa vida para melhor? O livro Decisive oferece estratégias inovadoras e ferramentas práticas que nos permitirão fazer escolhas melhores. Porque a decisão certa, no momento certo, pode fazer toda a diferença.

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The New Digital Age – Reshaping the Future of People, Nations and Business
Eric Schmidt e Jared Cohen
Eric Schmidt é um dos “grandes líderes” de Silicon Valley, o homem que transformou uma pequena start-up chamada Google numa das maiores e mais influentes empresas a nível mundial. Jared Cohen é o director da Google Ideas e antigo conselheiro das duas ex-secretárias de Estado norte-americanas, Condoleeza Rice e Hillary Clinton, tendo sido absolutamente essencial na ajuda que deu à forma como o governo dos Estados Unidos pensa sobre tecnologia. Schmidt e Cohen correram mundo – desde os focos de tensão do Médio Oriente ou de África até aos Estados e nações mais estáveis da Europa e da Ásia – reunindo-se com líderes mundiais, empreendedores e activistas para verem, com os seus próprios olhos, e sentirem verdadeiramente, os desafios que estes enfrentam. E com a experiência combinada de conhecimento e presença no terreno, estão ambos muito bem posicionados para reflectirem sobre algumas das mais complexas questões acerca do que o mundo nos reserva em tempos vindouros: Quem será mais poderoso no futuro, o Estado ou o cidadão? Que alterações profundas estão destinadas às guerras, à diplomacia ou às revoluções num mundo em que toda a gente está ligada entre si e como é possível estabelecer um equilíbrio que seja benéfico para todos? Quando as sociedades que agora se encontram em ruptura forem reconstruídas, o que serão elas capazes de fazer com a tecnologia? Na obra em causa, Schmidt e Cohen combinam as observações que têm sobre o mundo físico com as visões que possuem sobre o nosso futuro digital, sublinhando com grande detalhe e âmbito alargado as promessas e riscos que nos aguardam nas décadas seguintes. Este é um livro que nos obriga a pensar o futuro no presente, a descobrir qual a direcção que o Planeta está a tomar e o que este caminho significa para as pessoas, os Estados, as nações e para as empresas. De leitura obrigatória.

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Who Owns The Future?
Jaron Lanier
“Who Owns the Future” é um livro visionário que faz as contas dos efeitos que as tecnologias em rede tiveram na nossa economia, contrariando os benefícios que, na generalidade dos casos, lhes são atribuídos. O autor (que escreveu o best-seller You are not a gadget!) argumenta que a ascensão das redes digitais conduziu a nossa economia à recessão e que estas são responsáveis pelo dizimar da classe média. Actualmente, sublinha, e à medida que a tecnologia nivela, de forma crescente, as indústrias – desde os media, passando pela medicina ou pela produção – enfrentamos desafios cada vez mais complexos no que respeita ao emprego e à riqueza pessoal. Todavia, esta análise obscura e negativista do papel das tecnologias no universo económico, constitui, em simultâneo, uma alternativa, pois também é a tecnologia que permite que possamos vir a ser donos do nosso futuro. Numa obra ambiciosa, mas profundamente humana, Lainer indica o caminho na direcção de uma nova economia da informação capaz de estabilizar a classe média e de lhe conferir um novo crescimento. “É tempo de as pessoas comuns serem recompensadas por aquilo que fazem e partilham na Web”, assegura. Curioso? Leia o livro e não se arrependerá.

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Taking People with You: The only way to make BIG things happen
David Novak
David Novak é o presidente do conselho de administração e CEO da Yum!Brands e oferece, neste livro, uma bem escrita e muito prática receita que descreve o programa de liderança que tem vindo a ensinar a milhares de gestores em todo o mundo. Num guia passo-a-passo, Novak “ensina” a estabelecer grandes objectivos, a se ser bem-sucedido na proeza de colocar pessoas diferentes a trabalhar em conjunto, a atingir e a celebrar os objectivos propostos. De sublinhar que este é um livro de fácil leitura, com exercícios práticos mas eficazes e que realmente poderão contribuir para melhorar o impacto de qualquer liderança. São inúmeras as sugestões que podem ser colocadas em prática para melhorar as suas competências enquanto líder, em conjunto com a sua influência. Ideal para ler na praia ou no campo, pois não exige demasiado trabalho cerebral.

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Only Way to Win: How Building Character Drives Higher Achievement and Greater Fulfillment in Business and Life
Jim Loehr
Atingir objectivos complexos não o fará mais feliz se apenas estiver à procura da sua glória pessoal. Todavia, a cultura individualista que caracteriza a sociedade actual seduz muito facilmente o comum dos mortais para que se caia nessa armadilha. Num livro que só faz bem à auto-estima, o reconhecido psicólogo Jim Loehr, responsável pelo coaching de inúmeras e diferentes personalidades mundiais, demonstra como é possível construirmos e melhorarmos as nossas competências, desde o autocontrolo, à disciplina e até mesmo os nossos traços de personalidade, para atingirmos um objectivo com significado duradouro e não efémero, como acontece com a esmagadora maioria dos nossos feitos pessoais. Com base em duas décadas de trabalho com muitos executivos pertencentes ao ranking das 500 maiores empresas da Fortune, atletas de alta competição e muitas outras personalidades, Loehr argumenta que a perseguição cega de vitórias externas resulta, na maioria das vezes, em vazio, em possíveis dependências e, ironicamente, numa performance pobre. Como argumenta o autor, “não é aquilo que se alcança, mas sim em que é que a pessoa se transforma como consequência dessa procura”. Recomendado!

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Unthink: Rediscover Your Creative Genius
Erik Wahl
O autor deste livro é um artista de graffiti reconhecido a nível mundial, mas também famoso pelo seu trabalho enquanto escritor e empreendedor. Actualmente e depois de ter trabalhado com clientes tão grandiosos como a AT&T, a Disney, a London School of Business, a Microsoft, a FedEx, a Exxon Mobil, a Ernst & Young, entre outros, é hoje um dos oradores mais requisitados em todo o mundo e famoso por conseguir aliar a arte, a inovação e níveis superiores de performance. Em Unthink, o autor desconstrói o mito de que a criatividade é reservada a um clube restrito de eleitos, sejam eles poetas, pintores ou escritores. Pelo contrário, assegura, a verdade é que a criatividade existe no interior de cada um de nós e (re)descobri-la é a chave para soltarmos todo o potencial que possuímos. Mas o livro em questão desafia-nos, sobretudo, a ultrapassarmos os nossos padrões tradicionais de pensamento e a mergulharmos no génio criativo que, afinal, é comum a toda a humanidade. Inspirador, sem dúvida.

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Ctrl Alt Delete: Reboot Your Business. Reboot Your Life. Your Future Depends on It
Mitch Joel
O autor deste livro é um reconhecido especialista em “new media” e que descreve o momento actual como o “purgatório dos negócios”. Joel descreve de que formas todas as transformações que nos rodeiam (a tecnologia, os smartphones, os media sociais, as compras online…) se combinaram para alterar o ADN dos negócios, demonstrando que nada pode ou poderá vir a ser como era. CTRL ALT DELETE é um processo obrigatório que todas as empresas terão de ultrapassar para reconstruir e/ou fazer um reboot aos modelos de negócios actualmente existentes. E o autor dá um alerta aos líderes empresariais: se não tiver coragem de premir a tecla do reset, as suas empresas começaram a traçar um doloroso caminho de “regresso ao passado” e o mais certo é que num período não superior a cinco anos, estejam todos na rua do desemprego. Melhor não arriscar.

Editora Executiva