“É possível conciliar a excelência com o equipamento social”. A afirmação é de Luís Gonçalves, director executivo da Fundação Pão de Açúcar-Auchan, quando fala sobre o Colégio Rik&Rok. Este é o mais recente sonho realizado por esta instituição que tem como lema melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e gerar igualdade de oportunidades, nomeadamente no acesso à educação para os seus filhos. E a missão está a ser cumprida
“Uma Fundação de colaboradores para colaboradores”. É assim que Luís Gonçalves, director executivo da Fundação Pão de Açúcar-Auchan descreve a missão da instituição que dirige. Fundada em 1993 por um grupo de 115 colaboradores do então Grupo Pão de Açúcar, um dos quais ele próprio, o objectivo genérico desta IPSS era o “de melhorar a qualidade de vida dos colegas que tinham maiores dificuldades e gerar igualdade de oportunidades, nomeadamente no acesso à educação para os seus filhos”. Dezoito anos passados, a IPSS ligada ao Grupo Auchan chega à maioridade com um dos seus sonhos concretizados: a criação de uma creche e jardim-de-infância para os filhos dos seus colaboradores, mas igualmente aberta a outras crianças da comunidade envolvente do espaço em que opera. Situado junto ao Jumbo da Amadora, mais precisamente no Dolce Vita Tejo, o denominado Colégio Rik&Rok recebe 116 crianças, divididas por creche com berçário e jardim-de-infância, num espaço total de 2100 metros quadrados e onde convivem diariamente miúdos de seis nacionalidades diferentes. A diversidade é igualmente patente no conjunto de funcionários da creche, tanto ao nível dos países de onde são oriundos – Portugal, Angola, Cabo Verde e Roménia – como no que respeita ao género, visto que a equipa de educadores é composta por mulheres e homens. Diferenciador é também o projecto educativo (v. Caixa) que se pratica no Rik&Rok, onde se “elege a autonomia da criança como factor mais importante”, de acordo com Paula Gerardo, coordenadora pedagógica do mesmo. Com horários alargados criteriosamente pensados para deixar os pais descansados, sobretudo os que trabalham por turnos – o colégio funciona das 7h da manhã até à meia-noite e meia, sete dias por semana e com apenas três dias de “folga” por ano – tem, contudo, um limite de permanência de 11 horas diárias, “visto que o superior interesse das crianças e a relação com os seus pais constituem outras das ‘exigências’ do projecto educativo aqui praticado”, afiança Paula Gerardo. Com um investimento total no valor de 1 500 mil euros, “cerca de 50% foi feito pela própria Fundação, sendo que o restante resultou do co-financiamento do Grupo Auchan, da Segurança Social através do programa PARES e do Ministério da Educação através do Programa de Alargamento da Rede Pré-Escolar”, como explica Luís Gonçalves. Apesar de gerida como se de uma qualquer outra actividade profissional se tratasse, o director executivo sublinha que “isto não é um negócio”, mas sim uma “IPSS que pretende continuar a sua história por muitos e muitos anos”. As mensalidades praticadas variam de acordo com os rendimentos dos agregados e, como acrescenta Luís Gonçalves, “o que tínhamos foi para investir na estrutura e agora temos de ser sustentáveis, ou seja, equilibrar as receitas com os custos”. O urso com três cabeças e sete pernas Já os que se interessam por plantas têm a responsabilidade de cuidar da sua pequena horta e jardim e aceitam-se ideias para recuperar duas árvores que precisam de cuidados especiais e se situam no recreio, uma extensão dos espaços interiores comum a todas as salas. Lá fora, um educador paciente rodeado de quatro miúdos estimula-os nas brincadeiras mas, e logo ao lado, uma menina extrovertida – potencial estrela do entretenimento – explica que as 10 ou 12 cadeirinhas que acabou de arrumar em frente ao “palco” onde irá cantar, estão já preenchidas pelo seu público. Mesmo que este seja completamente imaginário. Numa outra sala, um conjunto de meninos sentados no chão pratica o chamado “tempo de grande grupo” e brinca ao “Rei manda”. Paula Gerardo explica como funciona a “tabela de rotinas”, existente em todas as salas e pendurada à altura do olhar dos pequenos. “Temos um tempo para planear, outro para fazer, o da refeição ligeira ou o tempo do pequeno grupo, entre outros”, acrescenta. E todos estão devidamente identificados para que a criança os vá interiorizando e se habituando a distinguir as diferentes actividades que preenchem o seu dia. Na sala ao lado, faz-se uma fila ordenada q.b.: é hora de ir buscar os lençóis para a sesta que se seguirá ao almoço e todos ajudam. Os meninos que ali ficam no horário mais tardio não deixam de praticar a higiene nocturna que se segue ao jantar e, depois de ajudarem as fazer as camas que os receberão até a hora de os pais os virem buscar, estão prontos para ouvir o conto da noite. No dia seguinte e no período de tempo em que se incentiva os pais a estarem com os filhos antes de os deixarem com os educadores, serão vários os meninos que, com orgulho, mostrarão as novidades existentes no seu portefólio, que é gerido por eles e respeitando as suas preferências, e não de acordo com definição de “este é mais bonito e devias colar aqui” que, muito possivelmente, os educadores teriam a tentação de aconselhar. No colégio Rik&Rok, basta as crianças quererem e um urso poderá ter três cabeças e sete pernas”. Tudo depende da sua imaginação. Por outro lado e como sublinha Luis Gonçalves, “ser pai de uma criança do colégio Rik&Rok dá muito trabalho”. Visivelmente presente no projecto educativo está a interacção com os pais e, por inerência, a sua relação com os filhos, visto que se estimula igualmente os “trabalhos de casa em conjunto” e o interesse pela evolução das crianças no contexto do colégio. E, caso exista alguma situação mais preocupante, uma psicóloga está permanentemente disponível tanto para filhos como para os pais. E, porque os pais também precisam de aprender, de quinze em quinze dias, aos sábados, decorre a escola de “Pais à medida”, o nome dado às sessões gratuitas e abertas a todos os educadores (pais) e nas quais é possível partilhar e aprender diferentes e novas formas de educar. “Só em 2010 prestámos 1670 apoios” Com valências em duas grandes áreas – acção social e promoção da educação e lazer – “assistimos ao aumento de situações de endividamento e de monoparentalidade”, refere Luis Gonçalves, acrescentando que nos últimos dois anos, existiu uma duplicação do número de apoios sociais. “Num universo de cerca de nove mil colaboradores, só em 2010 prestámos 1670 apoios”, diz, sublinhando contudo que, a seu ver, este aumento do número de apoios não se deve exclusivamente a uma duplicação de necessidades, mas sim da confiança [dos colaboradores]. É que a Fundação não confere subsídios sem objectivos, pois o seu objectivo não é “apoiar para adiar problemas, mas sim ajudar a resolvê-los”. Daí que Luís Gonçalves seja peremptório ao afirmar que “é melhor resolver 100 problemas do que adiar a solução de 300”. A Fundação identifica, desta forma, situações de carência e, de forma absolutamente confidencial, ajuda a encontrar soluções. A título de exemplo, o pedido de apoios para livros e material escolar disparou igualmente no ano passado e são este tipo de condições básicas que são asseguradas a todos os colaboradores que se encontram nos escalões mais baixos de rendimento. Mas são várias as frentes em que a Fundação actua: alimentação, apoio à frequência de creches e jardins-de-infância, prémios de mérito e bolsas universitárias ou apoio psicológico são apenas alguns exemplos. Uma outra área de grande orgulho para o director executivo da Fundação são os campos de férias abertos a todos os filhos dos colaboradores. “Para muitas crianças, esta semana de férias é a única que têm ao longo do ano”, diz. E, para os miúdos, são dias absolutamente inesquecíveis.
Nota: |
|||||||||||||||
https://ver.pt/Lists/docLibraryT/Attachments/1230/hp_20110615_OsPequenosPrincipes.jpg
Editora Executiva