Criar “os alicerces” de um centro internacional de competências na área do empreendedorismo de base tecnológica, a partir de Portugal. Isto é, criar valor para uma rede de start-ups que integrarão este centro – com uma abordagem hands-on –, em conjunto com catalisadores e investidores de capital inteligente. É este o grande desafio da nova edição do Building Global Innovators, programa do MIT, em parceria com o ISCTE, que “servirá para colocar Portugal no mapa mundi da inovação, com base no conhecimento”, como diz, em entrevista ao VER, o director da iniciativa, Gonçalo Amorim
Estão abertas as candidaturas para a 3ª edição do Building Global Innovators uma das iniciativas de referência ao nível internacional do empreendedorismo de base tecnológica. O ISCTE – IUL de Lisboa, em parceria com o MIT Portugal, o Deshpande Center for Technological Innovation e a Caixa Capital promovem este Programa, a que podem candidatar-se start-ups e spin-offs universitárias com menos de cinco anos e um volume de facturação anual inferior a 2,5 milhões de euros. Podem ainda concorrer indivíduos, politécnicos, universidades e outras instituições, públicas ou privadas, dedicadas exclusivamente ao desenvolvimento de projectos empresariais de base tecnológica com enfoque em mercados globais. A iniciativa Building Global Innovators pretende dar “um forte contributo na comunidade nacional e internacional do empreendedorismo de base tecnológica”, pelo que poderão participar neste concurso cidadãos estrangeiros oriundos de qualquer país, nomeadamente dos Países da América Latina, onde estão localizados alguns parceiros da organização. Existem 4 áreas de mercado a concurso: ciências naturais e da vida; energias sustentáveis e meios de transporte; tecnologias de informação e internet; e Produtos e serviços de consumo. Esta iniciativa tem como base o concurso “MIT $100k”, de onde, nos últimos vinte anos, têm surgido alguns dos mais inovadores empreendedores em série nos Estados Unidos. O Prémio Caixa Empreender+, no valor de até um milhão de Euros por edição é o galardão máximo atribuído pelo concurso Building Global Innovators. Concebido para maximizar as possibilidades de sucesso de novos projectos tecnológicos, pretende ajudar a alcançar “importantes valorizações” das empresas, nos primeiros anos de vida, divulga a organização, com a ajuda de especialistas e catalisadores na área de business development. Além do apoio financeiro, as equipas beneficiam de um apoio adicional em espécie, estimado em 1 milhão de Euros, e que inclui mais de quinhentas horas de formação específica e coaching através de catalisadores de negócio, participação em boot-camps e investor’s pitches, apoio semanal por mentores e catalisadores, portugueses, europeus, e do ‘ecossistema MIT’. Na opinião de Gonçalo Amorim, director do Building Global Innovators, Portugal enfrenta, ao nível de inovação, “um enorme desafio”: é que “a maioria das start-ups com base em conhecimento são geradoras de pouco emprego e estão altamente dependentes de mecanismos públicos de financiamento”. Como diz em entrevista ao VER, “as principais barreiras à inovação na óptica destas start-ups são a dificuldade na obtenção de financiamento, a incerteza do potencial de mercado e as dificuldades em encontrar parceiros.
O Building Global Innovators arrancou com a sua 3ª edição. Quais são os objectivos primordiais desta iniciativa de empreendedorismo de base tecnológica? Este centro servirá para colocar Portugal no mapa mundi da inovação com base no conhecimento. Mas temos pela frente um enorme desafio: em Portugal a maioria das start-ups com base em conhecimento são geradoras de pouco emprego. 89,5% são pequenas empresas (sendo metade microempresas com menos de dez colaboradores), e 74% destas empresas estão altamente dependentes de mecanismos públicos de financiamento. E o problema reside precisamente aqui. A 3ª edição do Building Global Innovators pretende dar continuidade aos resultados alcançados pelos semifinalistas das edições anteriores – seis milhões de Euros angariados entre os quarenta semifinalistas, que permitiram até ao momento criar 72 postos de trabalho. Com a presente edição pretende-se dar ainda mais ênfase à atracção de talento internacional, nomeadamente o oriundo dos países da América Latina, como o Brasil, o Chile e a Argentina. Como funcionam e o que visa o Programa Catalisador iniciado em Março, bem como os e-teams em Boston e a apresentação das propostas finalistas no Ideastream? Para tal é feito o matching entre catalisadores, que são empreendedores em série, e as nossas start-ups. O objectivo é que as valências dos primeiros preencham as lacunas dos projectos e que conjuntamente, ao longo de pelo menos doze meses, se possam trabalhar os principais riscos. Os catalisadores são, acima de tudo, pessoas muito experientes nas mais diversas áreas de mercado, tipicamente vindas da indústria, elas próprias com start-ups e com redes de contacto bem desenvolvidas e consolidadas. São pessoas capazes de abrir portas com fortes redes nas áreas de marketing, vendas, propriedade intelectual, operações e tecnologia. Tipicamente são alocados dois catalisadores por start-up, um do ecossistema MIT e outro do ecossistema internacional europeu. Trabalham em conjunto numa base semanal, podendo no futuro vir a integrar as start-ups que apoiam, algo que já aconteceu no passado. Já depois de iniciada esta parceria, tem lugar o e-teams III (de entrepreneurship teams). Este Para além destas iniciativas, são agendadas pelos próprios catalisadores e organização reuniões com potenciais parceiros, clientes e investidores. Um dos pontos altos da viagem é a participação no Ideastream e International Showcase, que inclui a apresentação de start-ups oriundas de todo o mundo a um grupo restrito de cinquenta investidores internacionais. É uma oportunidade única de contactar directamente com potenciais parceiros e de auscultar as oportunidades de mercado numa economia extraordinariamente competitiva e dinâmica. Mas não são só os Finalistas e Menções Honrosas que participam. Os Go-to-Market Plan Quais são os critérios de selecção dos participantes e que expectativas têm face ao número de candidatos? Não se tratando de um concurso de ideias ou de planos de negócios, os números de candidaturas são sempre inferiores a outras iniciativas. Em média temos tido cerca de oitenta candidaturas por edição (13,2% das quais são internacionais). O que pretendemos é, com a ajuda nos nossos parceiros nacionais e internacionais, continuar a aumentar a qualidade das candidaturas. O Júri vai continuar a ter especial atenção a seis questões fundamentais na fase inicial da selecção (que deverão ser respondidas no sumário executivo que faz parte do processo de candidatura) e que estão directamente relacionadas com a equipa, a dimensão do problema que a equipa se propõe resolver, a tecnologia subjacente e o seu caracter único, o carácter inovador do produto ou serviço e sua escalabilidade e, por fim, o modelo de negócio para o fazer acontecer. Todas estas são referidas em detalhe no regulamento que se encontra no nosso portal online (www.mitportugal-iei.org). Com que objectivos alargam a iniciativa a cidadãos de todo o mundo, em particular da América Latina?
É por esta razão que têm vindo a ser envolvidos, em número crescente, parceiros e participantes internacionais. De tal forma que na 2ª edição cerca de metade dos painéis de jurados eram já empreendedores internacionais, parte dos quais investidores. Temos também recebido um número crescente de candidaturas de fora de Portugal (9% na 1ª edição e 13,2% na 2ª edição), que pretendemos fazer crescer este ano junto dos países da A que se deve a escolha das quatro áreas tecnológicas a concurso? Que relevância tem o apoio financeiro e ao nível de Formação atribuído pela Caixa Capital às quatro start-ups mais inovadoras, para alavancar o seu negócio? Alcançar o prémio Caixa Empreender+ Awards dará um ajuda inicial, mas não é, de todo, uma garantia de sucesso. De acordo com a experiência acumulada ao longo de cerca de 25 anos do MIT100k, as grandes empresas acabam por emergir de semi-finalistas, e não dos projectos seleccionados como “vencedores”. De maneira que a metodologia que desenvolvemos em torno das e-teams estão concebidas de acordo com esta realidade, que nos diz que prever o futuro é extraordinariamente difícil. Neste contexto, focamo-nos em vinte equipas, e não para apenas nos quatro vencedores e nas quatro menções honrosas. Mas o prémio pode, se bem aproveitado, dar uma importante ajuda no arranque da fase de empresa. Todos as vinte equipas beneficiam da metodologia e do selo de qualidade de terem passado pelo processo. Isso por vezes faz toda a diferença, entre o sucesso e o fracasso. Quinhentas horas de formação num ano, representam cerca de oito horas semanais de acompanhamento especializado. Para além de um conjunto de acções focadas (e-teams) e de desenvolvimento de Go-to-Market strategies, existem um conjunto de outras actividades, como o programa catalisador, reuniões com potenciais clientes, parceiros, investidores. Este investimento na forma de tempo é fundamental para se validar o produto, o mercado Que importância tem esta iniciativa para a promoção de emprego qualificado, nomeadamente ao nível da criação de postos de trabalho em áreas e com modelos de negócio sustentáveis? É necessário, em Portugal, acelerar uma dinâmica de empreendedorismo e de criação de start-ups (essencialmente de base tecnológica e com base no conhecimento), que ajude a rejuvenescer a estrutura empresarial, à semelhança das referências internacionais (por exemplo, os EUA). Estamos a tentar dar o nosso contributo para a mudança deste panorama. De entre os quarenta semifinalistas das duas edições anteriores, foram criados num espaço de dezoito meses, desde o terminus da 1ª edição, 72 postos de trabalho qualificados. Este número está a crescer de dia para dia e irá ter uma evolução não linear com o tempo, mas exponencial. Mais de 90% dos novos postos de trabalho criados nos EUA tiveram origem na fundação de empresas e na expansão de pequenas empresas”. Neste país, 12 mil a 15 mil novas empresas são criadas todos os anos, sendo responsáveis por 20% do PIB e 11% do emprego. É para que este desempenho se torne realidade que estamos a trabalhar. Que balanço faz dos resultados alcançados nas duas anteriores edições, nomeadamente ao nível dos objectivos e fase de implementação dos projectos? Criámos com sucesso uma marca global, o Building Global Innovators, e estabelecemo-nos como uma das iniciativas mais respeitáveis em todo o mundo nesta área, num curto espaço de tempo. Esta é uma iniciativa que acrescenta valor junto de empreendedores que querem criar uma empresa com base em conhecimento diferenciado. Mas também os investidores nos vêm como uma espécie de validação e alavanca dos seus potencias investimentos. Somos, de facto, uma espécie de ponte entre ambos. Estamos surpreendidos pelo empenho e resultados dos promotores das start-ups, que se têm esforçado e dedicado de corpo e alma ao desafio. E isso faz toda a diferença. Sem boa matéria-prima não se fazem milagres e as pessoas é que fazem a diferença. Os resultados alcançados no final deste primeiro ano de actividade com os semi-finalistas da 1ª Edição do concurso mostram que 80% dos semi-finalistas criaram as suas start-ups após o e-Teams Crash Course I, e 69% dos semi-finalistas angariou investimento para apoiar as suas empresas totalizando cerca de seis milhões de Euros (mais de 50% do financiamento provém de business angels, operadores capital de risco ou corporate venturing); É fantástico partilhar o comprometimento e motivação dos empreendedores e fundadores destas jovens empresas. Estes são resultados realmente animadores para um ano de trabalho intenso mas entusiasmante, o que me leva a congratular os participantes, sem excepção. Por terem acreditado que eram capazes, por terem dado um passo nessa direcção e finalmente por terem “feito acontecer”. Este é sem dúvida o início de uma longa caminhada que deve e tem de ser percorrida por cada um deles.
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Editora Executiva